1. Início de novo ano pastoral
O mês de setembro é, no hemisfério norte, o período do ano em que tudo recomeça, após um tempo de férias ou de ritmo mais vagaroso. Mas será um recomeço ou um começar de novo? Escola, emprego, vida familiar, desporto, etc. Para muitos é um novo começo, sobretudo para quem inicia um novo curso ou mudou de residência ou de emprego. Mas para outros é voltar ao habitual. Há anos em que tudo parece arrastar-se, uma rotina continuada. Quando assim acontece, trata-se de um recomeço, cuja continuação não terá um bom final, pois neste caso não crescemos como pessoas, não nos enriquecemos e empobrecemos o nosso meio. Nem sequer a produtividade no trabalho aumentará.
O mês de setembro é, no hemisfério norte, o período do ano em que tudo recomeça, após um tempo de férias ou de ritmo mais vagaroso. Mas será um recomeço ou um começar de novo? Escola, emprego, vida familiar, desporto, etc. Para muitos é um novo começo, sobretudo para quem inicia um novo curso ou mudou de residência ou de emprego. Mas para outros é voltar ao habitual. Há anos em que tudo parece arrastar-se, uma rotina continuada. Quando assim acontece, trata-se de um recomeço, cuja continuação não terá um bom final, pois neste caso não crescemos como pessoas, não nos enriquecemos e empobrecemos o nosso meio. Nem sequer a produtividade no trabalho aumentará.
Se isto acontece na missão eclesial, no início do que chamamos novo ano pastoral, então retrocedemos e arrastamos nessa morte lenta as nossas comunidades. É um envelhecimento precoce e morte certa. Na vida e missão da Igreja é necessário ardor, entusiasmo, alegria, nova linguagem nas relações com Deus, com as comunidades e o meio ambiente. Os responsáveis das comunidades, a começar pelos bispos, os presbíteros, os diáconos, os consagrados e consagradas, os coordenadores de movimentos e serviços precisam de olear bem os músculos e os carris, para puxarem aqueles que perderam o ritmo no tempo de férias.
Este ano, muito clero de Portugal juntou-se em Fátima nos finais de Agosto, a participar num Simpósio, que desenvolveu o tema do Padre, como irmão e pastor, que me fez lembrar a famosa frase do sermão 46 de Santo Agostinho sobre os pastores, que aparece no Ofício de Leituras destas semanas: convosco sou cristão e para vós sou bispo.
Depois, nos primeiros dias de Setembro, os bispos portugueses foram todos a Roma em visita ad limina, para avaliarem colegialmente entre si, com o Papa e seus colaboradores a missão que lhes está confiada. Foi um encontro muito variado, com momentos fortes de oração e celebração em locais significativos de Roma, sobretudo nas quatro basílicas maiores e na igreja de Santo António dos Portugueses. Houve um diálogo com pessoas de grande experiência e visão mundial e com responsabilidade na vida da Igreja. Por isso regressámos bem oleados para ajudar a nossa Igreja em Portugal a renovar-se e ganhar novo ritmo.
Na diocese de Beja estamos a apresentar os novos párocos nas paróquias onde houve transferências, a realizar vários encontros de lançamento do novo ano pastoral e, no próximo sábado, dia 26 de Setembro, celebraremos o Dia Diocesano, que marca o arranque definitivo da missão na igreja de Beja no ano de 2015-2016, que será o último ano do Sínodo e que vai encerrar na grande peregrinação a Fátima a 25 e 26 de Junho de 2016. Espero que este seja um ano dum novo começo e de passagem e transmissão do testemunho da fé e da missão na Igreja de Beja.
2. Áreas em que é preciso um novo começo
Embora deva continuar aquilo que está bem, no entanto há muitas áreas na pastoral diocesana em que é preciso iniciar ou mudar de rumo, a começar pelos próprios pastores. Limito-me a mencionar a pedagogia da misericórdia, que deve transparecer em toda a nossa missão. Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso, diz Jesus no Evangelho (Lc 6, 36) e que o Papa Francisco quis realçar com a proclamação do ano santo da misericórdia. Este vai também ser o lema do nosso ano pastoral e do último ano do Sínodo diocesano. Se em todas as nossas atitudes e atividades transparecer a misericórdia do Bom Pastor, a nossa diocese dará um forte contributo para a renovação da sociedade.
Uma outra área em que é preciso começar de novo é a pastoral familiar, a partir da preparação remota do matrimónio e do acompanhamento espiritual e humano das famílias. No respeito pela liberdade das pessoas, temos que ir ao seu encontro, escutá-las, interrogá-las e caminhar com elas, num diálogo interessado no seu bem, sem qualquer interesse de ordem material. A indiferença e o individualismo reinantes precisa de ser superado pela pastoral do encontro, do interesse pelo bem das pessoas, do diálogo com todas as gerações, como escreve o Papa Francisco no discurso que entregou aos bispos portugueses no final do encontro que tiveram com ele. Os casais e as famílias necessitam deste acompanhamento interessado e dialogante. O encontro mundial das famílias em Filadélfia, que acontece esta semana e o próximo Sínodo dos Bispos em outubro nos sirvam de inspiração e estímulo para a nossa missão em prol da família.
Sem poder mencionar todas as áreas em que precisamos de um novo início, penso que a pastoral juvenil necessita de um impulso criativo. Em vez de tentarmos impor o vestido da primeira comunhão, para usar uma imagem do Papa Francisco no discurso mencionado, alimentemos a esperança e o sonho dos nossos jovens, sobretudo dos que estão desempregados. A pedagogia de Jesus, seguida por S. João Bosco, pode ajudar-nos neste campo: estar com os jovens, em vez de lhes pregar sermões, deixar que sejam protagonistas na prática do bem, apontar-lhes horizontes vastos e desafiantes de missão. Demos-lhes espaço nas nossas comunidades. Ao vermos as imagens dos jovens refugiados, que enfrentam a morte para realizar os seus sonhos, que os seus países de origem não lhes possibilitam, acordemos do sono e da preguiça do bem estar, que nos impede de ser criativos de um mundo melhor, mais fraterno e solidário.
† António Vitalino, bispo de Beja
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