Páginas

sábado, 22 de fevereiro de 2025

O Último livro que li: “A Cultura do Cuidado”

A Cultura do Cuidado, da autoria de Isabel Sánchez, com a chancela da Lucerna, é um livro que nos convida a refletir sobre a premência de sermos mais humanos, mais generosos, mais acolhedores e cuidadores de nós e dos todos os que nos rodeiam.

«É uma experiência universal que, quando estamos doentes, pensamos mais na vida e na morte, no que no itinerário vital, no que realizámos e no que ainda gostaríamos de viver. Este é um tema habitual nas conversas com as minhas companheiras de salas de espera em diversos exames clínicos e em passeios solidários. Não há dúvida de que uma pessoa que adoece aprende a celebrar a vida gota a gota, e também percebe que ela se vai gastando gota a gota. Talvez tenha sido por isso que se gerou em mim um certo não sei quê quando, no decurso de uma consulta, uma médica me deu uma boa notícia pessoal: estava grávida. Era uma notícia para celebrar, e assim fizemos, mas eu não conseguia habituar-me à situação: uma mulher que trazia uma esperança de vida dentro de si dispunha-se a atender diariamente dezenas de pacientes com uma doença mortal».

A autora numa fase difícil da sua vida, apercebeu-se da importância e do valor dos cuidados que recebeu, de como é humana a atitude de ajudar, de encorajar, de animar e aliviar o sofrimento físico e psíquico e desafia-nos: «Se estás disposto a apostar numa sociedade que cuide de todos, procura a fonte da tua força interior, apoia-te nos outros e toma a decisão de te pôs a caminho».

“Precisamos de cuidar de nós próprios, dos outros e do mundo. Os seres humanos possuem um elevado grau de autonomia e muitas vezes podemos pensar que é nisso que está o nosso principal valor, na facilidade com que agimos sem a ajuda de ninguém. Mas a verdade é que, quando chegamos a este planeta, somos desde o início da vida rodeados de cuidados diversos que se prolongam no tempo, chega depois a altura em que devemos cuidar de outras pessoas e passaremos por momentos em que teremos de permitir que outros cuidem de nós, inclusive quando ainda esteja longe o fim da nossa vida. Estaremos preparados para assumir a interdependência que exige a nossa própria vulnerabilidade? Teremos consciência de que devemos cuidar de nós próprios, dos nossos entes queridos, do conjunto da sociedade e do mundo em que vivemos? Uma sociedade em que o bem-estar individual e o bem-estar coletivo andam de mãos dadas é mais humana, mais forte e muito mais comprometida”.

Maria Susana Mexia


Sem comentários:

Enviar um comentário