
Repressão sem tréguas
A feroz repressão que o regime de Daniel Ortega desencadeou há mais de seis anos contra a Igreja Católica na Nicarágua conheceu na madrugada de 29 de janeiro mais um episódio violento com a expulsão de 30 irmãs clarissas dos seus mosteiros em Manágua, Matagalpa e Chinandega. As religiosas, a maioria das quais é nicaraguense, foram levadas para paradeiro desconhecido, e não se sabe “se deixaram o país”, noticia a agência católica Gaudium Press de 30 de janeiro.
“Noite de terror para as religiosas: a ditadura sandinista notifica as religiosas clarissas para abandonarem de imediato as suas propriedades. Só permitiram que levassem alguns poucos pertences, apenas o que conseguiam transportar em mão” – escreveu na sua rede social Martha Patricia Molina, uma advogada nicaraguense exilada no Texas que acompanha de perto a perseguição à Igreja no seu país.
No mesmo dia 29 de janeiro, o Governo da Nicarágua cancelou, segundo noticia a Vatican News, o estatuto legal de mais 10 associações que operavam como organizações sem fins lucrativos, elevando o número total de ONG’s proibidas desde dezembro de 2018 para mais de 5.600, número que mostra à evidência a ferocidade do regime de Ortega contra toda e qualquer organização suspeita de não tecer loas aos seu Governo.
Recorde-se que a escalada repressiva do Governo de Daniel Ortega e de sua mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, tem sido acompanhada pela aprovação de leis que, entre outras, obrigam todas as freiras a deixarem o país até ao final do ano passado. Com o objetivo de conferir uma fachada legal à repressão dos últimos anos, no final de 2024 foi aprovada uma reforma constitucional que entrará em vigor no próximo mês de fevereiro e que dá poder absoluto ao Presidente, para garantir que o Estado “monitorará” a Imprensa e a Igreja para as impedir de defenderem “interesses estrangeiros”.
Daniel Ortega foi reeleito, em novembro de 2021, para um quinto mandato presidencial, o quarto consecutivo, em eleições largamente contestadas.
(Foto de destaque © Martha Patricia M/ X/ Gaudium Press.)
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