José Ambrosoli nasceu a
25 de Julho de 1923 no Norte da Itália. Formou-se em Medicina e Cirurgia
durante os anos conturbados da Segunda Guerra Mundial. Em Londres,
especializou-se em doenças tropicais, porém o seu sonho levou-o para outros
horizontes, sentido o chamamento à vocação missionária, entrou no Instituto
dos Missionários Combonianos.
Em 1984, foi-lhe detectado uma insuficiência renal e
aconselharam-no a não voltar a África ou, no máximo, a dedicar-se apenas a
tarefas administrativas e a abster-se de fazer um trabalho que ocasionasse um
grande desgaste físico, nomeadamente realizar operações. No entanto, como
missionário, tinha claro que fora para África para dar a vida pelos mais
necessitados.
Quando a guerra começou, em Janeiro de 1986, no hospital da
missão tiveram uma grande afluência diária de doentes, tendo chegado a passar
vinte horas na sala de operações e a realizar ininterruptamente cirurgias. O ambiente social
era muito tenso. Os soldados do Norte, enfurecidos pela derrota, procuravam
pessoas do Sul para se vingarem. O hospital estava cheio de ugandeses do Sul
que ali tinham procurado refúgio. Mais de uma vez, Ambrosoli teve de confrontar
soldados armados no portão do hospital que queriam entrar à procura de
“inimigos escondidos”, mas graças ao seu modo diplomático de agir e o prestígio
que tinha junto da população conseguiu impedir uma chacina.
Acusados de colaborarem com as forças rebeldes, os missionários
passaram vários meses em prisão domiciliária em Kalongo. Em Janeiro de 1987, o
exército, incapaz de resistir à situação de assédio constante por parte dos
guerrilheiros, obrigou todo o pessoal de Kalongo a abandonar a missão.
Depois de percorrer 120 quilómetros numa comitiva vigiada pelos
militares, os missionários chegaram à cidade de Lira. Desde então, a única
preocupação de Ambrosoli foi encontrar um novo lugar para a escola de
parteiras, também para que as alunas não perdessem o ano letivo. Depois de um
mês de esforços e dificuldades intermináveis, a escola estabeleceu-se na missão
de Angal, na região ugandesa do Nilo Ocidental. Quando regressou a Lira, no
início de Março de 1987, para organizar a transferência das alunas e das
religiosas responsáveis pela escola, a sua insuficiência renal agudizou-se.
Naqueles dias, as irmãs da missão realizaram as terapias que ele
mesmo indicava, mas a situação não melhorava. Não havia ali outro médico e o
plano era levá-lo até Gulu e depois o transferirem para Itália, porém o seu
desejo era ficar entre a “sua gente”.
O Papa Francisco aprovou o milagre que abriu caminho à sua
beatificação no dia 20 de Novembro de 2022, na cidade de Kalongo e o seu
processo de canonização está em curso.
De África chega-nos um exemplo de vida, contrastando a “cultura
de morte” que vem assolando uma Europa descristianizada, mergulhada num vazio
existencial, numa vida sem sentido, cuja ambição é desconstruir e danificar.
Este exemplo de vida aliado a tantos outros que germinam em todo o mundo, mas “não são notícia”, transformam-se em motivos de Esperança.
Sem comentários:
Enviar um comentário