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terça-feira, 8 de outubro de 2024

21 novos cardeais que vêm, como o Papa, “do fim do mundo”

Consistório será a 8 dezembro

 | 7 Out 2024

Papa Francisco fala à cúria. Foto de arquivo Vatican Media

Na lista de novos cardeais, Francisco não incluiu nenhum português. Foto © Vatican Media

Irão, Indonésia, Filipinas, Japão, Costa do Marfim, Ucrânia, Equador, Peru ou Chile – eis alguns dos países de onde são originários os 21 novos cardeais cujos nomes foram anunciados este domingo pelo Papa Francisco, após a oração do Angelus.

De entre os nomes escolhidos, talvez aquele que é mais conhecido seja o de Timothy Radcliffe, o frade e teólogo dominicano, de vasta obra publicada, que tem sido um dos dois convidados pelo Papa para orientar os retiros das duas sessões do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade [ver 7MARGENS].

Francisco continuou a reforçar uma orientação que adotou desde o início (e que, de certo modo, já vinha de pontificados anteriores) de dar expressão de realidades eclesiais diversas e de zonas do mundo onde a Igreja Católica está em crescimento, sendo notória a perda de peso no colégio cardinalício de purpurados da Europa.

Entre os novos purpurados, alguns vêm de zonas do mundo em tensão ou mesmo em guerra. No caso da Ucrânia, a escolha recaiu não sobre o responsável máximo da Igreja Ucraniana Greco-Católica em Kiev, mas num bispo que exerce o seu múnus em Melbourne, junto das comunidades australianas pertencentes a essa Igreja. Este é, de resto, o bispo mais jovem da lista, com 44 anos. O mais velho é um antigo núncio apostólico (embaixador), que tem atualmente 99 anos, que chegou a estar várias semanas tomado como refém das guerrilhas colombianas que combatiam o governo.

A elevação a cardeal do arcebispo de Teerão, capital iraniana, não deixa também de ser significativa, dada a influência do país numa região em convulsão. Alguns observadores veem nesta escolha a busca de condições para o diálogo, decisivo em tempos de conflito.

Na lista não se incluiu nenhum português. O nome que eventualmente poderia surgir seria o do novo patriarca de Lisboa, Rui Valério. Mas enquanto o cardeal-patriarca emérito Manuel Clemente for eleitor, isso não deverá acontecer. Segundo informação da Wikipedia, “o Patriarca de Lisboa é sempre nomeado cardeal pelo Papa no primeiro consistório realizado após a sua elevação à prelazia lisbonense ou, caso exista um cardeal-patriarca emérito, após este perder a sua condição de cardeal eleitor”.

Segundo as normas em vigor, situa-se em 120 o número de referência dos cardeais-eleitores (do novo Papa), ou seja daqueles cardeais que não atingiram ainda a idade de 80 anos. Com os novos nomes, esse número vai ser folgadamente ultrapassado, passando de 122 a 142. No entanto, só em 2025 cerca de dezena e meia de cardeais deixarão de poder juntar-se em conclave para eleger o novo Papa.

Os novos cardeais receberão o respetivo barrete vermelho num consistório que terá lugar no dia 8 de dezembro próximo, no Vaticano, naquele que será o 10º consistório convocado pelo atual Pontífice.



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