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quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Quando se fecha um sínodo em Roma, os jovens abrem outro em Coimbra

Iniciativa do bispo diocesano

 | 16 Out 2024

Francisco Malva durante a apresentação do Sínodo dos Jovens da Diocese de Coimbra. Foto SDJ Coimbra

O Sínodo dos Jovens da Diocese de Coimbra foi apresentado no passado domingo, 13 de outubro, e deverá terminar em 2026. Foto © SDJ Coimbra

Enquanto no Vaticano se caminha a passos largos para o final do Sínodo 2021-2024, em Coimbra já se dão os primeiros passos de outro Sínodo: o dos Jovens. A iniciativa partiu do bispo daquela diocese, Virgílio Antunes, mas os protagonistas, desta vez, serão os mais novos.

“A ideia surgiu do nosso bispo, D. Virgílio, que inspirado pelo processo sinodal proposto pelo Papa Francisco e também pela experiência da JMJ em Lisboa, percebeu a importância que os jovens têm para a Igreja e achou que seria interessante criar um processo semelhante em que fôssemos nós os protagonistas”, explica ao 7MARGENS Francisco Malva, jovem estudante de Medicina que é um dos coordenadores da iniciativa.

Apresentado no passado domingo, 13 de outubro, no The Murphy’s Irish Pub, em Coimbra, este projeto inédito visa, em primeiro lugar, descobrir “quais os sonhos, ideias e pensamentos dos jovens acerca da Igreja, incluindo daqueles que nunca fizeram parte dela, ou que fizeram mas acabaram por se afastar”, explica Francisco, de 23 anos.

Apresentação do Sínodo dos Jovens da Diocese de Coimbra. Foto SDJ Coimbra

A apresentação deste projeto inédito decorreu no The Murphy’s Irish Pub, em Coimbra. Foto © SDJ Coimbra

O processo irá durar cerca de três anos, estando previstas cinco fases distintas. “Primeiro, vamos proceder à criação de questionários e outras formas de recolha de informação para perceber o que os jovens pensam da Igreja. Depois, iremos criar um documento agregador e sintetizador das informações e opiniões recolhidas. Esse documento será então discutido em pequenas assembleias locais – provavelmente nove, que é o número de arciprestados da diocese – e em seguida será redigido um segundo documento com o resultado da reflexão nessas assembleias. Por fim, será constituída uma grande assembleia final, com a presença do bispo, padres e jovens representantes de cada arciprestado, cujo objetivo será transformar esse segundo documento agregador em dez medidas para serem colocadas em prática na diocese relativamente aos jovens”, adianta o coordenador.

Essas dez medidas “terão de ser muito concretas” sublinha Francisco Malva. “Não serão algo genérico como ‘incluir mais os jovens na vida da Igreja’, mas verdadeiras linhas de ação”, acrescenta, exemplificando: “Uma linha de ação concreta poderia ser que todos os conselhos fiscais da diocese de Coimbra passassem a integrar um jovem”.

A apresentação das dez medidas “deverá acontecer em setembro de 2026”. Mas o processo não ficará por aí. Na verdade, existirá uma sexta fase, que é a da implementação e monitorização das medidas. “Não lançamos as propostas e depois vamos embora… É importante depois também perceber se e como é que as paróquias estão a colocá-las em prática, quais os desafios e dificuldades que estão a ter…”, explica ainda o jovem estudante de Medicina.

Além de Francisco Malva, a equipa do Sínodo dos Jovens da Diocese de Coimbra é composta por Maria Luísa Mansilha, 20 anos, estudante de Educação Básica, que com ele coordenará o projeto, e cerca de outros dez jovens, podendo ainda vir a integrar mais alguns elementos. “É uma equipa feita por jovens para trabalhar com os jovens e para os jovens”, assinala com visível satisfação Francisco. O padre Nuno Santos, reitor do Seminário Maior de Coimbra, e Rita Marques, membro do Serviço Diocesano da Juventude – Coimbra (SDJ), acompanharão de perto esse trabalho como “facilitadores”.

Francisco Malva e Maria Luísa Mansilha, coordenadores do Sínodo dos Jovens da Diocese de Coimbra. Foto SDJ Coimbra

Francisco Malva, 23 anos, e Maria Luísa Mansilha, 20, são os coordenadores do Sínodo dos Jovens da Diocese de Coimbra. Foto © SDJ Coimbra

“A ideia é dar mais voz e mais poder aos jovens, porque eles também são a Igreja. Não basta mostrar-lhes o caminho, de forma paternalista, mas construir o caminho com eles. Isso implica escutá-los, integrá-los na tomada de decisões… permitir que liderem projetos como este”, defende Francisco Malva. Até porque, conclui, a razão do afastamento de muitos jovens “é o facto de sentirem que não os querem ouvir ou que não vão levar em consideração aquilo que têm a dizer”.



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