Rosh Hashaná
Clara Raimundo | 4 Out 2024
“Shaná tová umetuká” é a frase que mais se escuta entre os judeus por estes dias. Significa “um ano bom e doce”, e combina na perfeição com o que têm sobre as mesas das suas casas: as maçãs com mel e o pão redondo recheado com passas anunciam o Rosh Hashaná, ou ano novo judaico, cuja celebração começou na quarta-feira, 2 de outubro, ao entardecer, e termina na noite desta sexta-feira. Em Portugal – e arriscamos dizer em todo o mundo – a entrada em 5785 está a ser festejada com uma esperança em particular: que os reféns na posse do Hamas sejam finalmente libertados.
“Já se passaram 361 dias desde o 7 de Outubro, um dia infame, e continuamos à espera que os nossos 101 irmãos regressem dos calabouços do Hamas. Rezamos que regressem a casa em breve e com saúde”, escreveu o presidente da Comunidade Israelita de Lisboa (CIL), David Botelho, numa mensagem divulgada nas redes sociais por ocasião do início do ano judaico.
Fazendo uma retrospetiva do ano que passou, o responsável salienta que os membros da CIL trabalharam “em muitas frentes, de forma visível e de forma discreta, num esforço enorme mas necessário, com múltiplas instituições nacionais e internacionais judaicas e com organismos oficiais nacionais e internacionais”. Foi “um ano cheio de desafios, alegrias e tristezas, sucessos e dificuldades, mais unidos que no passado”, resume.
Agora, a comunidade entra em 5785 com “esperança e otimismo”. “As dificuldades tornaram-nos mais fortes e coesos e com mais vontade de trabalhar para o bem da nossa Comunidade”, garante.
Também o presidente da Comunidade Judaica do Porto, Gabriel Senderowicz, viveu este Rosh Hashaná com esperança. “O novo ano deve presentear o povo judeu e o mundo com paz e segurança”, disse esta sexta-feira, 4 de outubro, em declarações ao 7MARGENS.
Considerando que “o 7 de outubro foi a repetição do que sempre sucedeu com o povo judeu em todas as latitudes e épocas, inclusive em Lisboa [no genocídio de 1506]”, Senderowicz defende que “cabe ao estado de Israel e aos seus aliados formais ou informais evitar que tal se repita, não apenas no Próximo Oriente, mas no mundo inteiro”.
De resto, na sua mensagem para este novo ano, o presidente da Comunidade Judaica do Porto fez questão de lembrar que o Rosh Hashaná, “paralelamente à doçura que o acompanha, é também o dia do julgamento”. Nesse sentido, “exige uma profunda autoavaliação de todo o ser humano”.
“Qual o nosso papel na Criação que não cessa? Seremos bons filhos, bons netos, bons pais, bons amigos e pessoas úteis e bondosas para com os nossos semelhantes?”, são algumas das perguntas com que termina o texto que dirigiu à comunidade judaica.
David Botelho termina com um desejo: “Que a nossa Comunidade ultrapasse qualquer desafio e que o futuro seja focado no incremento da vida Judaica. Sejamos todos inscritos no Livro da Vida.”
Sem comentários:
Enviar um comentário