A Família Mesquita Guimarães é um exemplo a seguir. Os filhos, bons alunos, são os frutos de uma educação esmerada. O pai quer protegê-los do mal que um governo autoritário e desumano quer impor. Por isso, não permitiu que os seus dois filhos mais novos (são seis ao todo) frequentassem as aulas de cidadania e desenvolvimento. De facto, esta disciplina, agora obrigatória, tem alguns conteúdos relacionados com a religião, a sexualidade, a política... que os pais sentem a responsabilidade de reservar para si.
Os
pais conscientes podem, e devem ensinar muitos desses temas aos filhos, e com
a vantagem de usarem a pedagogia própria da sua condição de pais: verdade, carinho,
exigência, conhecendo as capacidades de cada filho, distinguindo o certo do
errado, o bem do mal, a verdade da mentira, a fé da credulidade.
É
vantajoso acreditar no que nos ensinam, mas é necessário que seja verdade.
Felizmente, as pessoas responsáveis como pais, professores, avós... costumam
prestar esse valioso serviço às crianças. Quando há desinteresse, ignorância da
verdade ou, pior ainda, se há maldade e mau exemplo na sua formação, os
resultados a médio e longo prazo são desastrosos: insegurança e violência nas
ruas; abuso de poder de patrões e governantes; falta de humanidade em
cientistas, investigadores, médicos...
Olhemos
para a natureza por ser o espelho da verdade. Tomemos o exemplo de um minúsculo
“ponto” negro – um ovo de bicho de seda. Daí sairá uma pequenina lagarta que
crescerá alimentando-se de folhas de amoreira. A certa altura, começa a
envolver-se a si própria num fio de seda que se tornará num casulo, uma espécie
de cápsula, onde o bicho de seda fica retido sem se alimentar, como que
adormecido. Mas o seu corpo vai sofrer uma enorme transformação. Quando sair do
casulo, será uma borboleta e não a lagarta que o teceu. Esta evolução é comum às
lagartas-borboletas que, nesta última fase, a de borboleta, se reproduzem e põem
os minúsculos ovos escuros do início da vida. Estes processos têm-se repetido
por milhares de anos porque não mudam: são verdade. Conhecer a natureza, respeitá-la
e usá-la ao serviço do Homem, leva a seguir a verdade da criação.
Faz
parte dessa verdade da criação que cada casal se responsabilize pela subsistência,
saúde, educação e formação dos filhos. Os governantes deveriam respeitar e
apoiar os cidadãos nesta nobre tarefa. Como? Premiando os bons educadores e
formadores, sejam eles pais ou professores. É injusto castigar os excelentes,
como aconteceu à família Mesquita Guimarães. A escola dos seus filhos também
merece respeito, pois preparou alunos de quadro de honra e vencedores de olimpíadas
de matemática.
Haverá
um partido político capaz de prometer respeito pela família, pela dignidade da
vida humana? Não é em família que se recebem os recém-nascidos, se acarinham e
protegem as pessoas, e se amparam os enfermos e idosos na hora da despedida? Um
tal partido poderia substituir alguns conteúdos da disciplina de cidadania e
desenvolvimento por conhecimentos mais verdadeiros de antropologia e sociologia:
dignidade da pessoa humana comum a homens e mulheres; diferenças entre homem e
mulher, e o respeito mútuo que se deve por essas diferenças; ter consideração e
apoiar as mães com filhos pequenos; ter em conta que o aborto provocado é um
atentado contra a natureza, muito mais grave do que abrir o casulo de bicho de
seda, ou matar qualquer outro animal ou ser vivo; fomentar o sentido de
responsabilidade, de justiça, do dever, de patriotismo, do bem comum, da
laboriosidade, do respeito pelo bem-estar do outro, de justiça e pontualidade
nos salários, etc.
Quanto nos ensinaram e fizeram pensar os pais e filhos Mesquita Guimarães! São um exemplo a seguir.
Isabel Vasco Costa
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