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sexta-feira, 23 de outubro de 2020

O Novo Ano Letivo Vai Começar

O novo ano letivo vai começar. Nunca como agora foi tão cheio de incertezas em relação ao futuro por diferentes motivos. Mas urge procurar dar algum caráter de normalidade à vida, colmatando, se possível, as lacunas que se vão sentindo a diferentes níveis, com muita esperança nos dias vindouros.

Mas reconheço que o momento que vivenciamos é extremamente preocupante. Segundo a OMS, demorará dois anos a ser ultrapassada a doença SARS.COV-2. Os efeitos nefastos que provocou perdurarão nas nossas vidas e na história. Pela minha mente surgiu a imagem do Santo Padre, só, na Praça de S. Pedro, no Vaticano. Ficará certamente registado como um momento único que vivenciámos e nos ajudou a recriar a esperança nos dias vindouros, graças ao seu exemplo enquanto Pai da Igreja, à sua enorme fé, fortaleza e amor. Também me veio ao pensamento uma música de Charles Aznavour denominada “Que c´est Triste Venise”, que refere: “Tão triste é Veneza, à noite na laguna, quando procuramos uma mão, aquela que não se estende e quando ironizamos em frente ao luar, para tentar esquecer o que não se diz. Os museus, as Igrejas abrem as suas portas em vão… Adeus a todos os pombos que nos escoltaram… Adeus sonhos perdidos… Como é triste Veneza…”. Esta música fez-me recordar a cidade fantasma, sem vida, com tudo fechado, sem trânsito, devido ao confinamento. Como doeu profundamente encontrar tudo o que é museu, jardins, igrejas e toda a parte cultural sem atividade. É como se nos tirassem um pouco de vida. Bem, chega de tristeza. O mundo precisa da nossa energia, da nossa fortaleza e da nossa força construtiva e do reencontro das famílias, dos amigos, das pessoas em geral, da socialização e da alegria. O passado está pisado, importa pois reorganizar e reconstruir para que as novas gerações encontrem um mundo melhor e o modo como uma geração soube ultrapassar um momento sanitário difícil a nível mundial com graves implicações nas suas vidas. Cada um teve a sua experiência diferente. Lutámos diariamente para ultrapassar o confinamento e a doença se foi caso disso, encontrando diferentes soluções e escapes. Uma justa homenagem aos que partiram em sofrimento e às suas famílias enlutadas. É triste, mesmo dramático, mas sempre ouvi dizer que do mal se pode retirar o bem. Importa agora avaliar, corrigir os erros e reconstruir face à experiência vivenciada, prevenindo futuras situações semelhantes que possam vir a ocorrer.

Hoje tenho a família para o almoço. A minha neta telefona-me. Quer saber do meu interesse em visitar o Museu do Dinheiro, situado na antiga Igreja de S. Julião. Anuí imediatamente ao convite. A antiga Igreja de S. Julião no século XVII situava-se na Rua de S. Julião. Face ao terramoto de 1755 e da sua destruição seria reconstruída no Largo de S. Julião. Concluída no ano 1802, catorze anos depois sofreria um incêndio que destruiu o seu recheio, concluindo-se as obras de restauro no ano 1854. Nos anos 30 do século XX foi adquirida pelo Banco de Portugal, altura em que foi desativada. Em 2016 foi aí inaugurado o Museu do Dinheiro instalado, recebendo em 2017 o Prémio Valmor e Municipal de Arquitetura 2014, atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa, reconhecendo a qualidade e a importância da obra promovida pelo Banco de Portugal, no âmbito da revitalização da zona histórica Baixa/Chiado e a devolução do edifício da antiga Igreja à sociedade. Em 2010, escavações arqueológicas realizadas durante a remodelação da sede do Banco de Portugal, revelaram um pano da Muralha de D. Dinis monumento indispensável para compreender a história de Lisboa,  classificado como Monumento Nacional. A Muralha de D. Dinis é a única muralha medieval de Lisboa que pode ser apreciada e mais bem compreendida através de um Núcleo de Interpretação, situado na cripta da antiga Igreja de S. Julião, convidando a descobrir objetos, sons e imagens que caracterizavam os areais do Tejo nos períodos romano, medieval e moderno. O Museu do Dinheiro apresenta este tema do dinheiro, a sua história e a sua relação com as sociedades e com o indivíduo, no Ocidente e no Oriente. Expõe em salas temáticas o acervo numismático, notafílico e artístico do Banco de Portugal. Muito mais haveria dizer sobre este museu que se notabiliza também pela sua Interatividade. Saímos enriquecidas com vontade de regressar com mais tempo. Soubemos também que o montante da venda do espaço da Igreja foi utilizado na construção da Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa.

É tão bom poder voltar a usufruir da beleza dos museus e das suas histórias que constituem parte do nosso legado patrimonial.

Celebrou-se a 22 de Agosto o dia em que escrevi este artigo, a festa de Santa Maria Rainha instituída por Pio XII em 1954. A realeza de Santa Maria uma Rainha verdadeiramente acessível, já que todas as graças nos chegam através da sua mediação maternal, é uma verdade consoladora para todos os homens especialmente os que mais sofrem. Uma Rainha a quem podemos pedir socorro na adversidade, luz nas trevas, alívio nas dores e penas. Através da sua intercessão poderosa conforta-nos e impulsiona-nos a levantarmo-nos e a seguir em frente sob o seu manto protetor, enchendo-nos de segurança e de esperança enquanto porto seguro.

Que este novo ano letivo que se aproxima se revele, dentro do possível, rico em partilha de conhecimentos, com saúde, solidariedade, emprego, habitação, paz e bem-estar. Todos, dentro das nossas possibilidades, vamos lutar para alcançarmos os objetivos propostos. Santa Maria, escrava do Senhor, rogai por todos nós.

Maria Helena Paes





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