O Papa Francisco num dos momentos da mensagem, captado a partir do vídeo da Vatican News. |
O Papa Francisco questiona “se há uma verdadeira vontade política para destinar maiores recursos humanos, financeiros e tecnológicos para mitigar os efeitos negativos da mudança climática e ajudar as populações mais pobres e vulneráveis, que são as que mais sofrem”.
Numa mensagem em vídeo dirigida aos participantes da Cimeira de Acção Climática, que decorre até quinta-feira, 26, o Papa afirma que quatro anos depois do Acordo de Paris, que traduziu a vontade de uma “resposta colectiva” ao problema, os compromissos “ainda estão muito frouxos e longe de alcançar os objectivos previstos”.
“Mesmo que a situação não seja boa e o planeta sofra, a janela para uma oportunidade ainda está aberta – ainda estamos a tempo”, diz, para apelar: “Não deixemos que ela se feche.”
Francisco começa por agradecer ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, por ter convocado a reunião e diz-lhe que ela pode ajudar a “chamar a atenção de chefes de Estado e de Governo, de toda a comunidade internacional e da opinião pública mundial” sobre o que considera ser “um dos fenómenos mais graves e preocupantes” da atualidade, as alterações climáticas.
O Papa toma depois as palavras “honestidade, responsabilidade e valentia, para dizer que essas atitudes devem levar a humanidade a colocar a “inteligência ao serviço de outro tipo de progresso, mais são, mais humano, mais social, mais integral, que seja capaz de colocar a economia ao serviço da pessoa humana, construir a paz e proteger o ambiente”. O futuro é das novas gerações, sublinha, dizendo que a humanidade do começo do século XXI talvez “possa ser recordada por ter assumido com generosidade as suas graves responsabilidades”, depois da geração pós-industrial poder ficar lembrada como “uma das mais irresponsáveis da história”.
Visivelmente fatigado, Francisco acrescenta, na sua vídeo-mensagem aos participantes da cimeira: “O problema da mudança climática está relacionado com questões que têm que ver com a ética, a equidade, a justiça social. A actual situação de degradação ambiental está relacionada com a degradação humana, ética e social, tal como experimentamos cada dia. E isto obriga-nos a pensar sobre o sentido dos nossos modelos de consumo e de produção e nos processos de educação e conscientização, para os tornar coerentes com a dignidade humana.” Estamos colocados, diz, “diante de um desafio de civilização em favor do bem comum”.
No final, volta a sublinhar: “Temos uma multiplicidade de soluções que estão ao alcance de todos, se adoptarmos a nível pessoal e social um estilo de vida que encarne a honestidade, a valentia e responsabilidade. Que estas três palavras ocupem um lugar central nos vossos trabalhos.”
(Este texto teve o contributo de Guilherme Lopes)
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