Tornou-se viral a imagem de um elefante africano com a extremidade da tromba enrolada na horizontal, formando uma espécie de prato no qual transportava uma cria de leão sentado sobre as patas traseiras. A seu lado, também com aspeto tranquilo, caminhava uma leoa. A foto vinha acompanhada de uma explicação: a pele das patas do leãozinho ainda era demasiado fina para poder suportar a temperatura escaldante da savana, impedindo-o de alcançar a água que o salvaria de uma morte certa. O elefante deu-lhe “boleia” até ao que restava do rio.
O segundo facto admirável foi vivido
por um marinheiro que caiu ao mar levado por enorme vaga num final de dia.
Percebeu que iria morrer devido à baixa temperatura da água, à tempestade e ao
avançado da hora. Dias antes, um amigo dissera-lhe que Deus atende sempre aos
pedidos de quem reza com Fé. E ele rezou. Sentiu então algo num pé que imaginou
ser um tubarão, pois existiam muitos naquela zona. Seguiu-se um empurrão que o
ergueu um pouco. Percebeu que havia agitação à sua volta e ficou apavorado, mas
os empurrões continuavam sem o magoar, e pareciam mantê-lo na mesma direção. Em
certo momento, entre uma brecha das nuvens, a luz da lua permitiu-lhe ver que
se tratava de leões marinhos. Bastante tempo depois, sentiu que tinha pé. Tinha
chegado a uma praia. Já no hospital, veio a saber que tinha sido salvo por um
pescador que o encontrara e chamara por auxílio.
O último facto não é tão raro como os anteriores. Conheço vários casos na primeira pessoa e em várias gerações, mas opto por um que me foi narrado e aconteceu noutro país da Europa. Certo pai abandonou a mulher com dois filhos. O choque foi terrível, pois a senhora estava habituada a cuidar do marido, dos filhos e da casa, sem nunca ter tido necessidade de emprego. A partir desse momento, aceitou trabalhar no colégio dos filhos como empregada da limpeza. Tinha a vantagem de ficar perto dos filhos que, entretanto, recebiam uma boa educação. Assim foram passando os anos, oferecendo trabalhos e sofrimentos e rezando pela conversão do marido. Uns anos antes de cumprir os cinquenta anos, foi-lhe diagnosticado um cancro que a vitimou uns meses depois. O marido foi notificado do que se passava, a tempo de a ir visitar e pedir perdão. A sua mulher disse-lhe que já o perdoara há vários anos e pedira a Deus que o perdoasse também.
Alguns comentários:
1º) O agrado e adesão maciça à imagem do elefante com o leãozito enche-nos de esperança: são ainda muitas as pessoas que dão valor à vida. Talvez não se apercebam disso devido à má informação fundamentada em ideologias e engenharia social, mas não na realidade. Sempre que um governo promove o divórcio, o aborto ou a eutanásia está a faltar ao respeito ao que há de mais precioso no homem: o amor à vida, à natureza, à criação.
2º) O facto da salvação do marinheiro por leões marinhos ajuda a nossa Fé. Houve Alguém que orientou as circunstâncias - os instintos dos animais, a meteorologia, o estado de espírito do marinheiro - de modo admirável; tão fora do comum que causa admiração.
3º) O último facto é talvez o que dá menos nas vistas, embora também seja pouco comum. Digo mal: é pouco conhecido, mas bastante comum. Em algum momento da vida, único talvez, todos fomos capazes de perdoar a alguém. A atitude do perdão é própria de qualquer pessoa, sobretudo se vive de forma coerente com o plano do Criador: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.” Vale a pena pensarmos nas três palavras sublinhadas.
Nossa. O Criador não diz: “Façamos o homem à minha imagem” porque é um só Deus em três pessoas. Também o homem tem vocação para ser um em várias pessoas. Ou seja, o homem tem vocação de ser família: é um unido com a sua mulher com a qual faz uma nova família, num amor fecundo.
Imagem. Qual imagem, se Deus é
puro espírito? A segunda pessoa da Santíssima Trindade responde a esta
pergunta. É a imagem do Filho que sai da casa do Pai para vir à terra com uma
missão; e é imagem do homem perfeito: “Aprendei de mim que sou manso e
humilde de coração”.
Semelhança. O Criador dotou o homem de corpo, mas também de alma. É pela alma que nos podemos assemelhar a Deus que é puro amor. O perdão é a expressão máxima do amor e passa sempre pelo sofrimento, do corpo e do espírito. O crucifixo, a imagem de Jesus unido à Cruz por grandes cravos, representa esse momento supremo do Amor e do Perdão. “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem.” E estava a morrer para salvar todos os homens, até mesmo aqueles que o cruxificavam; e a ti, e a mim. Deus não nos pede tanto porque já fez tudo o que era necessário e suficiente para nos salvar, mas criou-nos semelhantes a Ele. Somos capazes de ser parecidos com Ele.
Isabel Vasco Costa
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