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quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Carta aberta aos pais de Famalicão

Caros amigos!

Há muito que não nos vemos, desde os primeiros anos da APFN ( Associação Portuguesa das Famílias Numerosas), quando vos encontrámos pela primeira e talvez última vez, aí pelo norte. Nessa altura, vocês tinham apenas três filhos, julgamos. Nós, o Henrique e eu, éramos pais de sete, eu professora e o Henrique oficial da Marinha de Guerra. Não nos moviam ambições políticas, aos fundadores da APFN e aos primeiros lutadores desta causa, apenas a defesa das famílias e dos seus legítimos direitos, sobretudo as numerosas (a partir de 3 filhos) e mais esquecidas da agenda política de então, já se prevendo o inevitável inverno demográfico em que hoje nos encontramos.

Os anos passaram e não nos surpreende que os vossos problemas neste momento sejam a defesa do modelo educativo em que acreditam e a defesa dos direitos dos vossos filhos numa escola pública. A situação em que agora se encontram não nos pode ser indiferente!

Hoje somos avós de 16 netos, entre os 21 anos e os 8 meses e já estamos na reforma e retirados da primeira fila destas lutas de sempre. Contudo, queremos dar-vos o nosso apoio moral! Não entendemos o despacho insensato e muito injusto das autoridades para convosco e vossos filhos!

Em primeiro lugar, louvamos a vossa coragem em ir contra o politicamente correto e o silêncio acomodatício.

O programa da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, segundo dizem, tem grande autonomia, afirma-se apenas como um documento de referência e permite de facto, aos professores e escolas, fazerem muito bem, ou muito mal, à cabeça de crianças e jovens. De mistura com matérias diversas que recolhem consenso geral - defesa do ambiente, sustentabilidade, segurança rodoviária, comportamentos de risco, etc - impõe os temas fraturantes da ideologia de género e sexualidade/ saúde reprodutiva.

Ora é direito e dever dos pais abordarem estes temas quando e como entenderem, e pedirem ajuda da escola se não se sentirem aptos a fazê-lo, mas a Escola não pode, nem deve imiscuir- se, ou substituir os pais em matérias tão delicadas e marcantes para o resto das suas vidas! Aliás, já assim acontece com as aulas de Religião e Moral que só são frequentadas pelos alunos que quiserem, ou cujos pais os inscrevam. Porquê? Precisamente porque tem a ver com foro íntimo e liberdade de opção dos pais. Uns querem, outros não!  E assim está correto. Se os pais querem e as crianças/ jovens também, inscrevem se livremente e além disso, têm as igrejas e Catequese, ou ensino privado católico. Se têm outras convicções, elas são respeitadas.

Então, por que razão não são retirados estes dois temas da disciplina, e não se dá hipótese de só frequentarem estes temas aos alunos cujas famílias neles os inscrevam? Porquê impor conteúdos que vão contra as convicções mais profundas dos pais? E no caso concreto destes dois alunos de Famalicão com muito bom aproveitamento escolar, porque não lhes dão oportunidade de fazerem Trabalhos sobre os outros temas da disciplina e um teste final com opções A e B, em que possam mostrar o seu saber sem haver esta mostra de insensato autoritarismo da parte do poder político, impondo a disciplina à força? Não haverá mais pais que por medo de prejudicarem os seus filhos nas notas, estejam muito calados? E é justo reprovar estes alunos e fazê-los recuar dois anos? Há decisão mais absurda e injusta? Não vivemos (ainda) numa democracia?

Porquê este desrespeito dos direitos dos pais como primeiros educadores?

Haja bom senso e justiça, por favor! Quisemos deixar aqui propostas de solução que respeitem estes Pais e seus filhos e que sirvam de paradigma para o futuro!

Cumprimentos cordiais e um abraço amigo aos pais corajosos!

Fátima e Henrique Fonseca

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