Caros amigos!
Há muito que não nos vemos, desde os primeiros
anos da APFN ( Associação Portuguesa das Famílias Numerosas), quando vos
encontrámos pela primeira e talvez última vez, aí pelo norte. Nessa altura,
vocês tinham apenas três filhos, julgamos. Nós, o Henrique e eu, éramos pais de
sete, eu professora e o Henrique oficial da Marinha de Guerra. Não nos moviam
ambições políticas, aos fundadores da APFN e aos primeiros lutadores desta
causa, apenas a defesa das famílias e dos seus legítimos direitos, sobretudo as
numerosas (a partir de 3 filhos) e mais esquecidas da agenda política de então,
já se prevendo o inevitável inverno demográfico em que hoje nos encontramos.
Os anos passaram e não nos surpreende que os
vossos problemas neste momento sejam a defesa do modelo educativo em que
acreditam e a defesa dos direitos dos vossos filhos numa escola pública. A
situação em que agora se encontram não nos pode ser indiferente!
Hoje somos avós de 16 netos, entre os 21 anos e
os 8 meses e já estamos na reforma e retirados da primeira fila destas lutas de
sempre. Contudo, queremos dar-vos o nosso apoio moral! Não
entendemos o despacho insensato e muito injusto das autoridades para convosco e
vossos filhos!
Em primeiro lugar, louvamos a vossa coragem em ir
contra o politicamente correto e o silêncio acomodatício.
O programa da disciplina de Cidadania e
Desenvolvimento, segundo dizem, tem grande autonomia, afirma-se apenas como um
documento de referência e permite de facto, aos professores e escolas, fazerem
muito bem, ou muito mal, à cabeça de crianças e jovens. De mistura com matérias
diversas que recolhem consenso geral - defesa do ambiente, sustentabilidade,
segurança rodoviária, comportamentos de risco, etc - impõe os temas fraturantes
da ideologia de género e sexualidade/ saúde reprodutiva.
Ora é direito e dever dos pais abordarem estes temas
quando e como entenderem, e pedirem ajuda da escola se não se sentirem aptos a
fazê-lo, mas a Escola não pode, nem deve imiscuir- se, ou substituir os pais em
matérias tão delicadas e marcantes para o resto das suas vidas! Aliás, já assim
acontece com as aulas de Religião e Moral que só são frequentadas pelos alunos
que quiserem, ou cujos pais os inscrevam. Porquê? Precisamente porque tem a ver
com foro íntimo e liberdade de opção dos pais. Uns querem, outros não! E
assim está correto. Se os pais querem e as crianças/ jovens também, inscrevem
se livremente e além disso, têm as igrejas e Catequese, ou ensino privado
católico. Se têm outras convicções, elas são respeitadas.
Então, por que razão não são retirados estes dois
temas da disciplina, e não se dá hipótese de só frequentarem estes temas aos
alunos cujas famílias neles os inscrevam? Porquê impor conteúdos que vão contra
as convicções mais profundas dos pais? E no caso concreto destes dois
alunos de Famalicão com muito bom aproveitamento escolar, porque não lhes dão
oportunidade de fazerem Trabalhos sobre os outros temas da disciplina e um
teste final com opções A e B, em que possam mostrar o seu saber sem haver esta
mostra de insensato autoritarismo da parte do poder político, impondo a disciplina
à força? Não haverá mais pais que por medo de prejudicarem os seus filhos nas
notas, estejam muito calados? E é justo reprovar estes alunos e fazê-los recuar
dois anos? Há decisão mais absurda e injusta? Não vivemos (ainda) numa democracia?
Porquê este desrespeito dos direitos dos pais
como primeiros educadores?
Haja bom senso e justiça, por favor! Quisemos
deixar aqui propostas de solução que respeitem estes Pais e seus filhos e que
sirvam de paradigma para o futuro!
Cumprimentos
cordiais e um abraço amigo aos pais corajosos!
Fátima e Henrique Fonseca
Sem comentários:
Enviar um comentário