Uma amiga comentou que se
encontrava a atravessar uma fase de muitas solicitações, de algumas angústias
com situações que vivenciava menos positivas a par das mais positivas. Sentia
que se encontrava com necessidade de se afastar um pouco em busca do seu espaço
interior, da paz, que parecia querer partir, a fim de permitir apreciar
devidamente as pequenas coisas boas que a vida também nos oferece. Este arejo
serviria para voltar a encontrar a alegria um pouco perdida no meio dos
inúmeros afazeres diários. Posto isto, decidiu sair um dia da sua zona de
conforto e procurar encontrar a paz que carecia de momento, junto de uns
familiares, numa zona rural, em que podia observar a natureza e também as
coisas boas que esta época que atravessamos, tem para nos oferecer. Como tinha
sido bom observar a pequena vila toda decorada para receber o Menino Jesus. O
presépio era lindo. Depois havia uma feirinha com produtos regionais e
artesanais por onde passeou tranquilamente. Em frente a uma das lojas com venda
de queijos, recordou-se de uma amiga que tinha referido as saudades de queijo
regional. Resolveu adquirir um para lhe oferecer. Fez uma longa caminhada por
entre caminhos verdejantes. Brincou com os animais da casa que insistiam em
fazer-lhe companhia. Almoçou com um familiar com pouco tempo disponível,
unicamente uma pausa rápida para almoço, já que era dia de trabalho. Um almoço
bem simples mas muito bom pela companhia, e que a fez recordar outros tempos vivenciados
quando era mais jovem e outros paladares agora vulgares. À noite o jantar seria
em família alargada e igualmente bom, desta vez, pintado com as cores de
alegria dos sorrisos das crianças, que entretanto, lhe tinham mostrado o
presépio bem como a árvore de Natal que tinham feito em conjunto com os pais. O
serão foi curto, em frente à lareira acesa. O dia seguinte seria de trabalho e
de escola.
Ao regressar a casa, a minha
amiga referiu que o nascimento de Jesus e toda a sua vida, constituem um
convite para que nós examinemos nestes dias a atitude do nosso coração face aos
bens terrenos. Jesus fez-se pobre, por nosso amor, para que fossemos ricos
através da Sua pobreza. O melhor modelo de pobreza que podemos de algum modo observar
hoje em dia, são os pais e as mães, que se esforçam por levar a vida em frente,
com mais ou menos dificuldades, procurando proporcionar um lar alegre em que
todos aprendem a amar, a servir, a trabalhar, a estudar… Referia ainda a minha
amiga que se torna importante sermos perseverantes no que acreditamos, ou seja,
que não aconteça como a água que desliza através das pedras e que não se fixa.
Referiu ainda que não somos de todo, ilhas isoladas, já que muitas coisas podem
mudar com os nossos atos constantes e perseverantes, lutando para combater os
pontos fracos do nosso caráter, crescendo em humildade verdadeira, em
experiência e maturidade. Sem voluntarismo, sem nos desleixarmos, mas com a
ajuda de Deus, procurando, com avanços e recuos, chegar um dia a alcançar
alguma perfeição, sendo um enorme contributo para a família e mesmo para a
comunidade. Referia ainda esta minha amiga, a título de exemplo, que, quando um
membro de uma orquestra desafina, toda a orquestra falha, tendo como resultado
uma sinfonia mal ajustada.
Estava muito alegre esta minha
amiga. O “arejo”, ainda que pequeno, tinha-lhe feito muito bem. Regressava
agora com mais força e ânimo para ajudar a todos em melhores condições. É
preciso sentirmo-nos bem, para fazermos o bem à nossa volta.
Dentro de pouco tempo,
“visitar-nos-á o Sol que nasce do alto, para iluminar os que vivem nas trevas e
na sombra da morte, para guiar os nossos passos no caminho da paz”. Jesus é o
Sol que ilumina a nossa existência, onde não pode existir a tristeza onde acaba
de nascer a vida, que nos preenche de alegria ao pensarmos na eternidade
prometida, pois ao cumprir-se a plenitude dos tempos, assumiu a natureza do
género humano para reconciliá-la com o seu Criador. Daqui nasce para todos como
um rio que não se pode conter, ou seja, a alegria das festas de Natal, em que
cantamos alegres salmos, hinos e cânticos. O canto é sinal de alegria do
coração. Santo Agostinho referiu: “cantar é próprio de quem ama”. E beijamos o
Menino Jesus neste seu aniversário, e cantamos para Ele, porque o Amor está
entre nós até ao final dos tempos.
Termino este artigo denominado “À
procura da Paz e da Interioridade”, acrescentando “em Jesus”. Formulo ainda os
votos de um Santo Natal, para todos os que ajudam a levar os artigos até aos
leitores bem como aos seus leitores, e almejo um Ano 2019 repleto de Paz e Bem,
na companhia de Santa Maria, Rainha da Paz e da Família.
Maria Helena Paes |
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