Anuncio-vos uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador,
que é Cristo Senhor!
Queridos irmãos e filhos desta
diocese de Beja: desejo fazer chegar aos vossos ouvidos e sobretudo aos vossos
corações este anúncio que o Anjo do Senhor fez aos pastores, em Belém, na noite
do nascimento de Jesus. Dirijo-me a todos vós, de modo especial a quantos,
nestas datas festivas, vos encontrais sozinhos ou doentes. É a vós, sobretudo a
vós, que hoje dirijo esta mensagem de boas-festas: nasceu-vos hoje em Belém, na casa do pão que é a Igreja, um Salvador, que é Cristo Senhor! Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em faixas
e deitado numa manjedoura (Lc 2,12). Recém-nascido,
quer dizer, pequenino e indefeso, envolto em faixas significa sujeito à Lei, (Gal 4,4) e está deitado numa manjedoura, porque é o pão vivo descido do Céu. Quem comer deste
pão viverá para sempre (Jo 6,51).
De facto, meus irmãos, Jesus não
ficou prisioneiro no passado. A celebração do Seu Nascimento e dos outros
mistérios da Sua Vida oferece-nos o dinamismo da Sua presença salvadora: Cristo,
que foi morto na Cruz por nosso amor, que ressuscitou e há-de vir no fim dos
tempos, pela fé é gerado e nasce em cada tempo, às vezes nas pessoas e nos
lugares mais estranhos e surpreendentes! O Natal que aconteceu fisicamente em
Belém há dois mil anos, acontece hoje espiritualmente em qualquer lugar da
terra, em qualquer coração onde o Evangelho for escutado com fé e guardado com
amor. Cristo forma-Se e nasce, manifesta-Se, naqueles que n’Ele creem. E os
mesmos sinais que o Anjo deu aos pastores para O reconhecerem, sempre aparecem
nas suas vidas: pequenos e indefesos como recém-nascidos; sujeitos à Lei,
obedecem à vontade de Deus, vivem a partir de Deus; postos na manjedoura como
pão vivo para alimentarem o mundo, não vivem para si mesmos mas para os outros.
Ouvido o anúncio, aqueles pastores
disseram entre si: vamos a Belém, vamos
ver o que aconteceu, e que o Senhor nos deu a conhecer! Foram correndo, e
encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Foram, porque
acreditaram no anúncio do Anjo. E encontraram o Menino com Maria e José e voltaram, glorificando e louvando a Deus
por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora dito.
Irmãos e irmãs: para que serve esta
mensagem que ledes ou escutais aqui e agora? Serve para que vós possais fazer a
mesma experiência dos pastores de Belém. Ide à vossa Igreja paroquial e vede o
Menino Jesus nascido e a ser fonte de alegria no coração dos pobres! Recebei o
Seu Espírito que faz de vós filhos adotivos de Deus, proclamai bem alto a vossa
fé na Encarnação do Seu Verbo e voltai glorificando e louvando a Deus. Na
verdade, é Natal quando Jesus nasce no coração e na vida de alguém, na tua vida!
Com que verdade e com que júbilo poderás então dizer as palavras do Credo: e encarnou pelo Espírito Santo no seio da
Virgem Maria, e se fez homem!
Neste Ano Missionário, é necessário
que Cristo se forme, cresça e nasça na vida de muitos de vós para que o perdão
das ofensas, o amor aos inimigos, a humildade e a alegria verdadeira inundem os
vossos corações e os vossos lares e possais anunciar Jesus Cristo. Convidai os
vossos familiares e amigos a participar nas celebrações festivas deste tempo do
Natal. E continuai, à volta da mesa, a cultivar o amor e a comunhão fraterna
entre todos os membros das vossas famílias, para que se abram para acolher os
que, vindos de fora, vivem agora connosco. Convido-vos a manter e a praticar a
antiga tradição alentejana de cantar com fé ao Menino Jesus, no presépio, os
lindíssimos cantes de cada terra. A
sua beleza expressa o encantamento e a ternura, o amor, a gratidão e a súplica
que o Seu Nascimento suscita no mais fundo de cada um de nós.
Desejo a todos vós, queridos irmãos
e filhos espirituais, a abundância das bênçãos de Jesus, o Deus Menino. Que
Ele, nascido em vossos corações, vos acompanhe sempre e vos guarde todos os
dias do Novo Ano de 2019.
+ J. Marcos, bispo de Beja
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