Que bela época, a do Natal. Jesus
Cristo, enquanto Rei do Universo, recorda-nos o passado, situa-nos no presente
e projeta-nos no futuro.
Para iniciar o ano 2019 temos
logo no dia 1 de janeiro, a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus: “Nós vos
saudamos, ó Mãe Santa: Vos destes à luz o Rei que governa o Céu e a Terra pelos
séculos sem fim”.
Acresce ainda que neste dia, 1 de
janeiro é também celebrado o Dia Mundial da Paz, que terá como lema: “A boa
política está ao serviço da paz”. Quando o homem é respeitado nos seus
direitos, surge nele o sentido de dever respeitar o direito dos outros. “Somos
portanto, convidados a levar a paz como a boa notícia de um futuro onde cada um
de nós será considerado na sua dignidade e nos seus direitos”.
Será bom que nos enchamos de
força interior no sentido de melhor enfrentarmos as novas lutas que irão surgir
neste novo ano. Talvez venhamos a constituir o motor de algumas mudanças
positivas ultrapassando assim os obstáculos com os quais nos confrontamos com
algum grau de frequência fazendo-nos acreditar “que não existe nada de novo
debaixo do sol”. Por vezes somos invadidos por sentimentos que refletem alguma
amargura, insatisfação, ou mesmo, algum vazio existencial. Com alguma admiração
ouvi alguém comentar a necessidade de possuirmos um gosto autêntico pelas
coisas simples da vida, para além do Amor transcendente. Referia o gosto por
adquirirmos um maior conhecimento pela arte, pela música, pela natureza, pela
narrativa e poesia, enquanto fontes inspiradoras que nos ajudam a preencher
algum vazio sentido, através da cultura, a arte genuína que fortalece o
espírito das pessoas, e a contemplação da natureza. Às vezes temos alguma
dificuldade em parar por nos encontramos tão absorvidos nas coisas materiais,
perdendo o nosso ideal, enrugando a nossa alma que se pretende que tenha uma
juventude permanente. Envelhecemos ao perder a esperança. Pese embora todas as
dificuldades com as quais nos podemos confrontar, devemos conservar sempre viva
a esperança, a presença de Deus, uma vez que Ele nos criou para sermos felizes,
mantendo a juventude de espírito. Há algum tempo ouvi um sacerdote comentar: “É
jovem quem mantém a esperança. É velho quem vive só do passado, das
recordações, da aceitação resignada da vida”.
Há uns dias atrás fui visitar uma
amiga que vive fora da cidade. Convidou-me para dar um passeio nos terrenos
circundantes à sua casa. Foi tão gratificante, enquanto comentávamos as coisas
da vida, poder usufruir da beleza da natureza, dos diferentes cheiros das
árvores; eucaliptos, azinheiras, pinheiros, oliveiras, sobreiros entre muitas
outras árvores de fruto. No chão via bolotas, azeitonas, cogumelos, alguma
fruta caída, bem como sinais de pegadas. A minha amiga confidenciou-me que eram
dos javalis que agora se aproximavam da casa para comer as bolotas, as
azeitonas e ainda deitavam com a sua enorme força os eucaliptos abaixo para
comerem as raízes. Desconhecia de todo este facto inusitado. Confesso que
estava maravilhada com a beleza da natureza, o silêncio existente, só quebrado
pelo ladrar dos cães ou dos pássaros a esvoaçar. Tudo era novidade para mim
habituada à vida citadina. Acompanhei-a quando foi apanhar flores para decorar
a mesa e alguma fruta para trazer. Confidenciou-me que tinha fruta da época
todo o ano. Agora eram as laranjas, as romãs, os diospiros, as amoras. Fazia
com as gingas licor. Com os marmelos e a outra fruta compotas e bolos. Havia
enormes baldes repletos de azeitonas para enviar para o lagar. Enfim uma enorme
atividade agrícola. E o almoço? Uma verdadeira delícia. A salada de alface
tinha um sabor diferente, intenso, muito bom mesmo. Enfim tudo era bom de
verdade, muito simples, produzido e criado nos terrenos. Em frente à lareira,
neste dia frio de outono, agradeci a Deus a oportunidade de usufruir da
simplicidade deste dia, tão rico em amizade e tão bom em calor humano, onde o
tempo parecia não contar de todo. A conversa fluiu. Surgiram ideias para novas
iniciativas. Tornava-se difícil partir. Mas tudo tem o seu tempo! E agora tinha
chegado a altura de regressar. Tínhamos combinado diversos projetos para o novo
ano 2019, em prol da defesa dos mais idosos. Alguns poderiam ser concretizados,
outros talvez não. Mas é bom manter a esperança viva bem como a vontade de
lutar. Tão longe, a minha amiga já reformada, continua a envidar todos os
esforços por desenvolver inúmeras atividades em prol do bem-estar e da promoção
da dignidade da pessoa humana. Constitui um verdadeiro exemplo de vida a
seguir.
Maria Helena Paes |
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