Estamos prestes a entrar nos últimos dias antes do Natal. Se perguntarem qual o principal símbolo do Natal, se
calhar a maioria das respostas será o Pai Natal. Pois bem o principal
acontecimento do Natal não é a figura de um velhinho simpático barrigudo com
barbas a entregar brinquedos às crianças e aos adultos, mas sim a de Jesus. “Ele
É imenso e Fez-Se pequenino, É rico e Fez-Se pobre, É onipotente e Fez-Se
frágil.”.
Apesar da crise económica actual, apesar de algumas pessoas
quererem fazer passar a impressão que esse mal já lá vai, assistimos todos os
anos a uma corrida exacerbada à compra de presentes. Será que estamos a
comemorar o Natal em família e de forma sustentável? Será que temos passado
valores humanos para as crianças ao comemorar um Natal onde os presentes são o
mais importante da festa?
Durante este tempo há eventos totalmente comuns e esperados,
como a troca de presentes, a reunião com as pessoas mais próximas, as viagens
para o reencontro de entes queridos que não se veem com tanta frequência como
desejada, os típicos e deliciosos pratos dessa época – que fazem muitas dietas
caírem por terra. Entretanto, saliento que o consumo exacerbado neste período poderá
estar a retirar o encanto desta época. A publicidade leva-nos a pensar que
precisamos de acumular, de ter, de comprar sempre mais, para sermos felizes,
mais valorizados. Este encanto seria a comemoração sadia, sem muitos exageros,
seria o estar junto de quem se ama, de quem nos faz bem. Atualmente, os famosos pedidos de prendas de Natal entre as
crianças, trazem listas sem fim dos últimos lançamentos de brinquedos,
anunciados incessantemente pela publicidade na televisão. Além dos brinquedos,
o que impressiona ainda mais são os crescentes pedidos por tablets, smartphones
modernos, mais completos e mais atualizados que a versão anterior. O consumo
tecnológico é impressionante, infelizmente parece não haver limites entre as
vontades de crianças e adultos. A conquista do TER na sociedade está a ser mais
alcançada do que o SER: ser uma pessoa amável, ser perdoado pelos erros
cometidos durante todo ano, ser querido pelo próximo, ser verdadeiramente
feliz. Assim, ter o carro topo de gama, o computador mais moderno, o telemóvel
mais completo, parece dar a ilusão de que somos mais importantes que os outros.
Muitos vão atrás desse sonho consumista. Tornam-se vítimas fáceis daqueles que
oferecem, de forma enganosa, oportunidades “boas”. Não é raro as pessoas caírem
nesta armadilha.
O
Papa Francisco tem denunciado com energia que o consumismo no Natal não
é a verdadeira alegria: “não à alegria do consumismo que nos leva ao dia 24 de
dezembro com ansiedade, porque pensamos: 'Ah, falta-me isto...'. Não, esta não
é a glória de Deus”.
Para
o Papa “a alegria do Natal é uma alegria especial: mas, é uma alegria que não é
apenas para o dia de Natal, é para toda a vida do
cristão. É uma alegria serena, tranquila; uma alegria que sempre acompanha o
cristão. Mesmo em tempos difíceis, em momentos de dificuldade, essa alegria
torna-se paz. O cristão não perde nunca a paz, quando é um verdadeiro cristão, inclusive
nos sofrimentos. Essa paz é um dom do Senhor”.
Assim, desejo que o Natal 2018 não seja apenas um dia em
família e com troca de prendas, mas sim uma festa em volta do Deus que Se Fez
Homem, começando por ser um bebé para que nos seja mais fácil não nos
esquecermos Dele. Como todos os bebés, devemos amá-Lo e devemos cuidar Dele ao
longo do novo ano que começará. E a melhor maneira de cuidarmos Dele é
cuidarmos dos que Ele Colocou ao nosso lado. Não esquecendo nunca que “Amar é
dar-se ao outro, sem esperar nada. Dar-lhe tempo e atenção, dar o melhor de
nós, porque sim. Porque o sentido da vida é esse, de dentro para fora, do
interior para o exterior, criando e construindo. Consumir é conquistar para si,
ceder aos apetites mais ferozes. Querer tapar os vazios de existência com
coisas materiais. Coisas que em pouco tempo se degradam e destroem, criando
desejos de mais e mais. Quase como um carro que, a cada abastecimento, exige
sempre mais combustível do que antes. A lógica do amor é cuidar do outro,
sem nenhum objetivo subjacente que não o de sermos o melhor que podemos ser,
para os outros e para nós mesmos. Dar, porque é melhor do que receber. A
generosidade é sempre melhor do que um egoísmo carente. A maior parte da nossa
sociedade prefere receber. Cria em si vazios que se tornam maiores de cada vez
que os tentam preencher, porque julgam que a felicidade é a satisfação dos seus
desejos. Mas estes apetites, cada vez que são satisfeitos, apenas se atenuam
por um tempo antes de se manifestarem mais potentes do que antes.
Escravizando-nos.”
Acabemos então 2018 e comecemos 2019 a tentar transformar o
RECEBER em DAR, o TER em SER. Assim não viveremos mais um Natal mas sim O NATAL
2018, prolongando-o por todo o Ano de 2019.
Maria Caetano Conceição |
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