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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Natal 2018 e depois?

Estamos prestes a entrar nos últimos dias antes do Natal. Se perguntarem qual o principal símbolo do Natal, se calhar a maioria das respostas será o Pai Natal. Pois bem o principal acontecimento do Natal não é a figura de um velhinho simpático barrigudo com barbas a entregar brinquedos às crianças e aos adultos, mas sim a de Jesus. “Ele É imenso e Fez-Se pequenino, É rico e Fez-Se pobre, É onipotente e Fez-Se frágil.”.

Apesar da crise económica actual, apesar de algumas pessoas quererem fazer passar a impressão que esse mal já lá vai, assistimos todos os anos a uma corrida exacerbada à compra de presentes. Será que estamos a comemorar o Natal em família e de forma sustentável? Será que temos passado valores humanos para as crianças ao comemorar um Natal onde os presentes são o mais importante da festa?

Durante este tempo há eventos totalmente comuns e esperados, como a troca de presentes, a reunião com as pessoas mais próximas, as viagens para o reencontro de entes queridos que não se veem com tanta frequência como desejada, os típicos e deliciosos pratos dessa época – que fazem muitas dietas caírem por terra. Entretanto, saliento que o consumo exacerbado neste período poderá estar a retirar o encanto desta época. A publicidade leva-nos a pensar que precisamos de acumular, de ter, de comprar sempre mais, para sermos felizes, mais valorizados. Este encanto seria a comemoração sadia, sem muitos exageros, seria o estar junto de quem se ama, de quem nos faz bem. Atualmente, os famosos pedidos de prendas de Natal entre as crianças, trazem listas sem fim dos últimos lançamentos de brinquedos, anunciados incessantemente pela publicidade na televisão. Além dos brinquedos, o que impressiona ainda mais são os crescentes pedidos por tablets, smartphones modernos, mais completos e mais atualizados que a versão anterior. O consumo tecnológico é impressionante, infelizmente parece não haver limites entre as vontades de crianças e adultos. A conquista do TER na sociedade está a ser mais alcançada do que o SER: ser uma pessoa amável, ser perdoado pelos erros cometidos durante todo ano, ser querido pelo próximo, ser verdadeiramente feliz. Assim, ter o carro topo de gama, o computador mais moderno, o telemóvel mais completo, parece dar a ilusão de que somos mais importantes que os outros. Muitos vão atrás desse sonho consumista. Tornam-se vítimas fáceis daqueles que oferecem, de forma enganosa, oportunidades “boas”. Não é raro as pessoas caírem nesta armadilha.

O Papa Francisco tem denunciado com energia que o consumismo no Natal não é a verdadeira alegria: “não à alegria do consumismo que nos leva ao dia 24 de dezembro com ansiedade, porque pensamos: 'Ah, falta-me isto...'. Não, esta não é a glória de Deus”.

Para o Papa “a alegria do Natal é uma alegria especial: mas, é uma alegria que não é apenas para o dia de Natal, é para toda a vida do cristão. É uma alegria serena, tranquila; uma alegria que sempre acompanha o cristão. Mesmo em tempos difíceis, em momentos de dificuldade, essa alegria torna-se paz. O cristão não perde nunca a paz, quando é um verdadeiro cristão, inclusive nos sofrimentos. Essa paz é um dom do Senhor”.

Assim, desejo que o Natal 2018 não seja apenas um dia em família e com troca de prendas, mas sim uma festa em volta do Deus que Se Fez Homem, começando por ser um bebé para que nos seja mais fácil não nos esquecermos Dele. Como todos os bebés, devemos amá-Lo e devemos cuidar Dele ao longo do novo ano que começará. E a melhor maneira de cuidarmos Dele é cuidarmos dos que Ele Colocou ao nosso lado. Não esquecendo nunca que “Amar é dar-se ao outro, sem esperar nada. Dar-lhe tempo e atenção, dar o melhor de nós, porque sim. Porque o sentido da vida é esse, de dentro para fora, do interior para o exterior, criando e construindo. Consumir é conquistar para si, ceder aos apetites mais ferozes. Querer tapar os vazios de existência com coisas materiais. Coisas que em pouco tempo se degradam e destroem, criando desejos de mais e mais. Quase como um carro que, a cada abastecimento, exige sempre mais combustível do que antes. A lógica do amor é cuidar do outro, sem nenhum objetivo subjacente que não o de sermos o melhor que podemos ser, para os outros e para nós mesmos. Dar, porque é melhor do que receber. A generosidade é sempre melhor do que um egoísmo carente. A maior parte da nossa sociedade prefere receber. Cria em si vazios que se tornam maiores de cada vez que os tentam preencher, porque julgam que a felicidade é a satisfação dos seus desejos. Mas estes apetites, cada vez que são satisfeitos, apenas se atenuam por um tempo antes de se manifestarem mais potentes do que antes. Escravizando-nos.”

Acabemos então 2018 e comecemos 2019 a tentar transformar o RECEBER em DAR, o TER em SER. Assim não viveremos mais um Natal mas sim O NATAL 2018, prolongando-o por todo o Ano de 2019.

Maria Caetano Conceição



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