Chegou finalmente o grande dia! É Natal! Jesus está no meio
de nós! O Verbo que é a Luz verdadeira e por Quem tudo foi criado, como refere
S. João no prólogo do seu evangelho, assumiu a natureza humana, bem como todas
as suas limitações à excepção do pecado.
Mais tarde Jesus dirá “O Filho do Homem não tem onde reclinar
a cabeça”, adormece no barco no meio de uma tempestade. Mas tudo começa quando
nasce, a Sua cabeça é reclinada numa manjedoura porque os Homens não o quiseram
receber, não havia lugar. O mundo estava nas trevas, a Luz veio para os Seus,
mas estes não O receberam, como se lê no evangelho da Missa do dia de Natal O
Céu vem Louvar o Menino aclamando “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos
homens por Ele amado” como ouvimos no evangelho da Missa da Meia-Noite. Ninguém
naquela noite visita o Menino, a não ser uns simples pastores. Só os corações
humildes e entregues têm disponibilidade para o Deus Menino.
Olhemos para o presépio, a pobreza é latente, desprendidos de
tudo mesmo do essencial, um lugar indigno para o Senhor do Universo, o Menino
de braços abertos a pedir colo, a pedir a nossa companhia, Nossa Senhora e S. José
contentes mas, podemos imaginar a sua dor ao ver o Menino deitado num sitio tão desconfortável, serenos, mas o
Menino chora, é duro, e, como recém-nascido, não entende, não sabe, habituado
ao quentinho do útero de Sua Mãe, não quer aquele desconforto. Maria pega-Lhe
nos seus braços e olha -o, meditando em tudo o que estava a acontecer, mas não
pode ficar eternamente a olhar para o seu Menino, tem de cozinhar, buscar água,
lavar roupa e volta a coloca-Lo, com uma dor imensa na manjedoura. Deus era
assim que queria, caso contrário, teria providenciado de outra maneira, cada
vez que coloca o Menino na manjedoura é um novo Fiat, a renovação de um
servirei porque é a “Escrava do Senhor” e um escravo limita-se a cumprir ordens
sem nada questionar. São José tem de ir à procura de um sítio mais confortável,
menos indigno para o seu Senhor, Jesus fica só! Os anjos rodeiam o Seu Senhor,
estupefactos com a indiferença dos Homens.
Passam por ali uns burritos, instintivamente sentem um odor,
uma presença querida. É a criação não humana a colmatar, mesmo não sabendo, a
falha dos homens e acompanham o seu Senhor.
Este Natal servirá mais uma vez para pensarmos se somos
aqueles que correm de um lado para o outro, absorvidos apenas pelas coisas do
mundo sem tempo para o Deus-Menino ou, se pelo contrário, realizamos todas
nossas tarefas com ligeireza, sem precipitação, em paz porque antes demos
primazia ao Nosso Deus.
Nosso Senhor não se deixa vencer em generosidade, como
afirmou o papa S. João Paulo II, em 2004 aos jovens na Suíça, mas para isso Ele
precisa de encontrar espaço no nosso coração. Não deixemos que o mundo tome
conta do nosso coração, mas que este, impregnado do Amor de Deus, transforme o
mundo como a levadura transforma a massa.
Maria Guimarães
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