Liturgia e história da celebração remontam aos primeiros séculos do Cristianismo
Lisboa, 24 dez 2016 (Ecclesia) - A celebração do Natal, que no
Cristianismo assinala o nascimento de Jesus, inicia-se um pouco por todo
o mundo na noite anterior ao dia 25, seguindo uma tradição que remonta
aos primórdios da Igreja de Roma.
Esta não é a primeira festa cristã, dado que as primeiras comunidades
celebravam a fé na ressurreição, em volta da Páscoa, mas já no século
III Hipólito de Roma, no seu comentário ao livro do profeta Daniel,
afirmava que Jesus nasceu a 25 de dezembro, dia em que se celebrava a
dedicação do Templo de Jerusalém.
A festa do Natal assumiu uma forma definida no séc. IV, quando tomou o
lugar da festa romana do ‘Sol invencível’, no mesmo dia 25 (VIII
Kalendas Januarias: no oitavo dia antes do dia 1 de janeiro), uma data
com um simbolismo próprio.
Ainda hoje, na liturgia católica, se recita a chamada “calenda”, como
anúncio do nascimento de Jesus, que a oração coloca na época da 194ª
Olimpíada e no ano 752 da fundação de Roma, entre outras referências
históricas.
Para afastar os fiéis da prática das festas pagãs, a Igreja quis
ressaltar que a verdadeira luz que ilumina todo homem é Cristo e a
celebração de seu nascimento é a solenidade própria para afirmar a fé no
mistério da Encarnação, contra as grandes heresias cristológicas dos
séculos IV e V, solenemente afirmada nos quatro concílios ecuménicos de
Niceia, Éfeso, Calcedónia e Constantinopla.
A Missa do Galo, celebrada à meia-noite, assinala a hora em que, segundo a tradição, teria nascido Jesus.
Liturgicamente, a solenidade é caracterizada por três missas: a da
Meia-Noite (‘in galli cantu’), que remontará ao Papa Sisto III, por
ocasião da reconstrução da basílica liberiana no Esquilino (Santa Maria
Maior), depois do concílio de Éfeso, em 431; a da Aurora (‘in aurora’),
originariamente em honra de Santa Anastácia, que tinha um culto
celebrado com solenidade em Roma no século VI e, na liturgia atual,
conserva ainda uma oração de comemoração; a do dia (‘in die’), a que
primeiro foi instituída, no séc. IV.
Para lá desta ligação histórica original a Roma, o Natal é uma festa
culturalmente muito marcada pela tradição medieval do presépio e do
Menino Jesus.
No ano de 1223, São Francisco de Assis decidiu celebrar a Missa da
véspera de Natal com os cidadãos de Assis de forma diferente: assim, em
vez de ser celebrada no interior de uma igreja, foi celebrada numa
gruta, que se situava na floresta de Grécio, perto da cidade. Francisco
transportou para essa gruta um boi e um burro reais e feno, para além
disto também colocou na gruta as imagens do Menino Jesus, da Virgem
Maria e de S. José.
OC
in
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