Hoje acordei com uma enorme vontade de escrever um artigo alegre muito especial relativo à época natalícia em que nos encontramos. Pensei que gostaria de me tornar num pinheiro de Natal colocado num qualquer presépio. Poderia assim adorar a Sagrada Família e proporcional igualmente muita alegria às crianças: um pinheiro resistente ao vento e às dificuldades da vida e que, quando terminasse o Natal, já sem qualquer utilidade, fosse colocado no sótão até ao ano seguinte ou, em alternativa, se fosse verdadeiro, talvez conseguisse ser cortado para aquecer o lar de alguma família.
Recordei uma canção que as crianças costumam cantar nesta época. É tão agradável ouvi-las nas suas vozes muito doces e cristalinas, num esforço enorme por pronunciar a letra da música. “Pinheirinho, pinheirinho de ramos verdinhos. Para enfeitar, para enfeitar os ramos verdinhos: uma bola aqui, um laço acolá, luzinhas que tremem que lindo que está!”…
Como o Papa Francisco refere: “A Luz de Natal és tu, quando, com uma vida repleta de bondade, paciência, alegria e generosidade, consegues ser a luz a iluminar o caminho dos outros, quando as tuas virtudes são cores que enfeitam a sua vida”. Esta frase trouxe-me ao pensamento, as inúmeras pessoas que, durante a nossa existência, se cruzaram connosco, enquanto pessoas normalíssimas, com uma vida repleta de amor discreto, com espírito de missão, de entrega aos outros, dedicando igualmente tempo à oração. São pessoas que estão sempre presentas quando necessitamos delas. Que nos fazem sentir bem, que nos apoiam, que não nos cobram a sua entrega, que se sacrificam pelos outros e que, quem sabe, também experimentarão alguma solidão. Devemos respeitá-las, acarinhá-las, não nos recordarmos delas só nos maus momentos, quando precisamos de algum apoio, mas sempre!
Não sei porque sou confrontada com estes pensamentos. De qualquer modo constitui uma justa homenagem. O telefone, entretanto toca. Do outro lado da linha, uma amiga minha, dava-me uma notícia triste. O Prelado do Opus Dei D. Javier Echevarría tinha falecido. Parece que tudo o que estava a construir, se tinha num ápice, desmoronado. Fiquei muito triste com esta notícia. Não que fosse inesperada, pois já tinha conhecimento de que se encontrava internado devido a uma pneumonia; ainda assim, constitui sempre um momento doloroso. Por diversas vezes, em diferentes momentos, tinha-se cruzado no meu caminho. Admirava-o muito. “Trata-se de um momento de oração, de serenidade, de unidade”, segundo as palavras do vigário auxiliar e geral da prelatura. Do fundo do coração, desejo que descanse em paz, intercedendo por todos nós. O Papa Francisco enviou um telegrama referindo: “A exemplo de S. Josemaria Escrivá e do Beato Alvaro del Portillo, a quem sucedeu à frente de toda essa família, entregou a sua vida num constante serviço de amor à Igreja e às almas…”
As pessoas boas que conhecemos vão desaparecendo do nosso contacto habitual. Contudo, passamos a ter mais intercessores no Céu. Algumas mais tarde são proclamadas santas, como os casos mais recentes que conheço, o Papa João Paulo II, São Josemaria, a Madre Teresa de Calcutá, entre outros. Felizmente que ainda há gente muito boa entre nós.
Já que o artigo que estou a escrever tomou um rumo diferente, não quero deixar de referir, as pessoas idosas que se encontram sós em casa, que às vezes são encontradas mortas alguns dias depois do seu óbito. Questiono que Natal irão ter as pessoas mais idosas e solitárias? Para elas fica a nossa oração, para que alguém, nesta altura e sempre, se recorde que existem e as ajude.
Na realidade, tenho que assumir, que não é humanamente possível, chegar a tudo e a todos. Mas a união faz a força. Todos juntos, dando as mãos, em rede, e em parceria, talvez consigamos congregar esforços que permitam, se não terminar com todos os problemas existentes a diferentes níveis, pelo menos suavizá-los. E assim já teremos cumprido em boa parte a nossa missão. Já não nos encontraremos com as mãos vazias, e o Natal poderá ser melhor para todos.
Senhor, que nascestes numa manjedoura, dai-nos as forças suficientes para levarmos a vida em frente, continuando toda a nossa luta em prol de quem mais precisa. Ainda que o caminho se revele extremamente longo e difícil, por favor, não nos deixes desfalecer.
“O sol envolve em luz tudo o que toca… Senhor, enche-me de claridade… Que eu me conheça a mim e que Te conheça a Ti! Assim nunca perderei de vista o meu nada” (S. Josemaria, Sulco, n. 273).
Maria Helena Paes |
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