Uma mensagem de «festa e alegria» que está em causa numa sociedade que parecer querer viver «sem Deus», diz D. João Marcos
Beja, 23 dez 2016 (Eclesia) – A igreja de Nossa Senhora dos Prazeres,
em Beja, está a mostrar ao público, até dia 6 de janeiro, um presépio
tradicional português, numa iniciativa da diocese com a autarquia local
para destacar o verdadeiro sentido do Natal.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o bispo de Beja realça que o presépio
mostra “de forma plástica a beleza de Deus que ama”, que “vem ao
encontro” da humanidade, que “se faz homem”, criança, para renovar em
todos a “esperança” de uma vida melhor.
Uma mensagem de “festa e alegria” que está em causa numa sociedade
atual que parece querer viver “sem Deus” e por isso “desumaniza-se”.
“A História recente mostra-o. Tiramos Deus e o relacionamento entre as
pessoas degrada-se rapidamente, nós precisamos de Deus para sermos
homens e mulheres, seres humanos, para sermos pessoas”, frisa D. João
Marcos, cuja reflexão remete não apenas para realidades como a guerra ou
a violência mas para o drama interior em que vivem hoje muitos homens e
mulheres.
“A mim impressiona-me muito a tristeza que as pessoas trazem espelhada
no seu rosto. Em todos os lados, aqui no Alentejo também, pessoas que
vivem uma vida sem horizontes, em que se fecham em si próprias e
aguentam até onde podem, numa solidão assombrosa. E tem de vir algo de
fora, Jesus Cristo, que vem libertar as pessoas deste fatalismo”,
complementa.
O presépio da igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, em Beja, tem como
objetivo recolocar “no centro” do Natal o “nascimento de Cristo”, uma
simbologia que corre o risco de se perder para o lado mais “comercial”
desta quadra.
“A sociedade atual é demasiado apressada, o próprio consumo está-se a
querer apoderar de certa maneira desta manifestação”, aponta José
António Falcão, diretor do Departamento do Património Histórico e
Artístico (DPHA) da Diocese de Beja.
Segundo aquele responsável, a história do presépio tradicional
português remonta ao “século XVI” e “constitui uma das manifestações da
cultura artística portuguesa, faz parte da identidade nacional”.
“No entanto”, este “legado” está hoje “em risco”, pois “já não são muitas as pessoas” dispostas a dedicarem-se a esta arte.
Além da aposta na divulgação do presépio tradicional português, a
Diocese de Beja está apostada em preservar “estes conhecimentos”, de
modo a que as novas gerações possam prosseguir com este trabalho.
“Esta experiência que aqui realizámos foi muito interessante, porque
associámos a vários adultos que, como voluntários, conceberam,
projetaram e construíram o presépio, uma criança de seis anos, que será
um elo desta continuidade em que apostamos”, frisa José António Falcão.
Para já, esta iniciativa do presépio tem contribuído para abrir o
debate à volta do sentido do Natal e recordar as próprias tradições que o
envolvem.
“Muitos do que visitam o presépio já têm uma certa idade e vêm de certa
forma rever a sua infância e as suas memórias, quase sempre acabam por
contar histórias da sua vida, de quando eram pequenos e construíam este
tipo de presépios, de envolvência familiar”, realça António Gonçalves,
um dos técnicos responsáveis pela apresentação da exposição.
“Tudo o que pudermos acrescentar como outras mais-valias para aquilo
que já existe, para aquilo que é importante mostrar serão sempre ideias
bem-vindas”, acrescenta o vice-presidente da Câmara Municipal de Beja,
Vítor Picado.
O presépio tradicional português vai estar exposto na igreja de Nossa
Senhora dos Prazeres, no centro da cidade de Beja, até dia 6 de janeiro,
altura em que a iniciativa será encerrada com um espetáculo musical, um
‘Cante ao Menino’.
JCP
in
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