Coleção foi recolhida pelo general Fernando Canha da Silva e é composta por «mais de 2700» representações
Évora, 24 dez 2016 (Ecclesia) – A igreja de São Francisco em Évora está
a promover uma exposição de presépios de todo o mundo, milhares de
peças recolhidas ao longo dos anos pelo general Fernando Canha da Silva e
a sua esposa.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o general Canha da Silva conta que
começou com este projeto há cerca de 40 anos, “em 1974 ou 75” e que a
primeira peça da sua coleção era “um presépio de altar de Estremoz, de
um artesão de referência na altura”.
A sua “educação católica” e o “gosto pela arte” levaram-no a começar e
desde aí nunca mais parou, com a ajuda da sua esposa Fernanda, tendo já
reunido “mais de 2700 presépios” vindos de todos os continentes.
“Desde miúdo que me lembro de colaborar na paróquia na preparação do
presépio por altura do Natal. Tenho presépios pequeninos grandes, mais
valiosos, menos valiosos, procurando fazer uma cobertura mais alargada
possível, de modo a que as pessoas possam ver como o nascimento de Jesus
é representado nos mais variados países e costumes”, realça o
colecionador.
No último piso do convento de São Francisco, os visitantes encontram
duas galerias dedicadas ao tema natalício, uma com uma exposição
permanente de presépios e outra com uma mostra temporária, este ano
dedicada ao continente africano.
Depois de anos a fio a expor os seus presépios em Portugal e no
estrangeiro, Fernando Canha da Silva encontrou um espaço próprio para
dar a conhecer a sua coleção às pessoas, desde 2015, a seguir às obras
de renovação da igreja e do convento de São Francisco em Évora.
“Estão cedidos à paróquia e irão ser doados à paróquia. É um bom
contributo para completar ou complementar a grande procura a nível do
turismo, da igreja de São Francisco, da Capela dos Ossos”, aponta o
general.
Iraque, China, Rússia, Palestina, Afeganistão, Perú, Ruanda, Moçambique
e Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Marrocos, são alguns dos países
representados nesta exposição.
Em termos de materiais utilizados, encontramos desde o barro português
trabalhado até ao mais ínfimo pormenor, até a outros materiais menos
convencionais como casca de semente, madeira de pau-preto, caixas de
fósforos, bagos de arroz, chifre de boi e miolo de figueira.
“A iniciativa, o génio dos artesãos não tem limites, aparecem as coisas mais incríveis”, frisa Canha da Silva.
Para o pároco da igreja e do convento de São Francisco, os presépios
ali expostos dão corpo a um autêntico “Evangelho vivo” que é posto à
disposição dos visitantes.
O objetivo é “dar a conhecer a todas as idades, a beleza e o encanto do
Deus Menino, da sua Mãe, de São José, visto pelo olhar de muitos
artesãos de todo o mundo”, sustenta o padre Manuel da Silva.
Nos últimos dois anos, a exposição de presépios tem sido visitada por
“escolas de todo o país” e por crianças, jovens e adultos de inúmeras
paróquias da região.
“Nós temos estado a trabalhar neste tema, o Natal, e com todos estes
envolvimentos da partilha, da solidariedade e surgiu a hipótese de
virmos ver os presépios e a nova coleção que abriu hoje”, explica a
educadora Maria Teixeira, que veio à mostra com um grupo de crianças do
Jardim de Infância de Nossa Senhora da Piedade, em Évora.
Depois da apresentação dos presépios africanos, o general Fernando
Canha da Silva já tem outro trabalho em mente para apresentar na ala de
exposições temporárias da igreja de São Francisco.
Centenas de figuras em barro, vindas de Itália, que compõem um presépio
enorme com vários episódios da vida da Sagrada Família, desde a
Anunciação do Anjo a Maria ao diálogo de Jesus com os doutores da lei,
no templo, já com 12 anos.
“Esta sequência, com estas imagens, julgo que pode ter um bom
aproveitamento do ponto de vista catequético”, destaca o colecionador.
JCP
in
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