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sexta-feira, 18 de março de 2016

Servo bom e fiel



A Sagrada Família tem um encanto especial pela ternura que inspira a jovem Mãe com o Menino e S. José, numa atitude que demonstra um Amor vigilante.


Vamos afastar-nos desse enlevo e fixemo-nos em S. José.


Sabemos que era desposado com Maria, logo, devia ser jovem; mais velho que a sua noiva mas talvez na casa dos 20 anos, pois sabemos que no Oriente as pessoas casam cedo.


O casamento entre os israelitas comportava dois momentos: os esponsais em que os noivos ficavam unidos e que só um caso muito especial podia separar e o segundo momento em que a noiva era levada para casa do marido. Estes dois momentos mediavam cerca de um ano.


Maria tinha-se consagrado a Deus e, decerto, comunicara a José essa sua consagração e dado que se efectuaram os esponsais José teria concordado.


A felicidade de ter junto de si uma pessoa tão especial como Maria, sobrepôs-se ao desejo natural de descendência que todo o judeu tem.


Algo aconteceu; Maria encontra-se grávida e José, que não a quer comprometer perante familiares e vizinhos, pensa em afastar-se, arcando generosamente, com o ónus da sua acção.


Deus tem os seus desígnios e por isso, em sonhos um Anjo informa José que o que nela se opera fora obra do Espírito Santo; diz-lhe também, qual o seu papel na situação: trazer Maria para sua casa – como aconteceria em casos semelhantes – e dar ao Menino que ia nascer o nome de Jesus.


Quando acordou, José fez tudo como o Anjo lhe dissera. Não houve perguntas, não houve um comentário; aderiu de forma livre e sincera à vontade que Deus tinha manifestado. José é o guardião da Maria e de Jesus.


É certo que Deus não lhe poupou trabalhos nem canseiras mas tudo cumpriu com dedicação e Amor profundo por essas duas pessoas tão especiais que tinha a seu cargo; sustentou-as com o fruto do seu trabalho, protegeu-as por forma que, quando o Anjo lhe disse “ vai para o Egipto com o Menino e sua Mãe “não perguntou: para onde vou? Por quanto tempo? Quando volto? Se o Menino há-de salvar o mundo, por que tem de fugir para se salvar?


A sua acção é imediata, no burrinho vai montada Maria com o Menino nos braços e alguns poucos haveres. José sabe que foge porque querem matar o Menino e a sua pressa é para pôr a maior distância possível entre os assassinos e o Menino.


Chega ao Egipto, possivelmente a algum lugar em que havia outros judeus. Teve que começar a vida do zero. Trabalhou e manteve-se até que o Anjo lhe disse que voltasse. Sempre a mesma obediência fiel e inteligente. Não há em José subserviência, há Amor.


Essa inteligência manifesta-se no facto de se informar sobre quem reinava em Israel; ao saber que era Augusto, filho de Herodes e não melhor do que o pai, dirigiu-se a Nazaré na Galileia, logo menos exposto aos possíveis perseguidores.

A sua missão de Pai levou-o a ensinar ao Menino o seu ofício e, como bom judeu, ter-lhe-á ensinado os Salmos e os Hinos que se rezavam e cantavam em várias ocasiões.


José é uma figura fascinante na sua discrição; apaga-se completamente, é o alicerce da Família, é indispensável mas não se vê.


Não sabemos quando deixou a terra e a sua Família, decerto antes da vida pública de Jesus, pois aí fala-se várias vezes da presença de Maria mas nunca de José e no fim da Sua vida terrena, Jesus, antes de expirar na Cruz, encarrega o discípulo amado de cuidar de Maria. Ora esta situação só é possível porque José já não está com eles.


Num mundo em que muitos procuram ser reconhecidos e ovacionados, S. José dá-nos um exemplo verdadeiramente fascinante. Deus dá-nos muitos e bons modelos, pena é que não os sigamos de forma decidida e empenhada.

Margarida Raimond
Professora

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