A Sagrada Família tem um encanto especial
pela ternura que inspira a jovem Mãe com o Menino e S. José, numa atitude que
demonstra um Amor vigilante.
Vamos afastar-nos desse enlevo e fixemo-nos
em S. José.
Sabemos que era desposado com Maria, logo,
devia ser jovem; mais velho que a sua noiva mas talvez na casa dos 20 anos,
pois sabemos que no Oriente as pessoas casam cedo.
O casamento entre os israelitas comportava
dois momentos: os esponsais em que os noivos ficavam unidos e que só um caso
muito especial podia separar e o segundo momento em que a noiva era levada para
casa do marido. Estes dois momentos mediavam cerca de um ano.
Maria tinha-se consagrado a Deus e, decerto,
comunicara a José essa sua consagração e dado que se efectuaram os esponsais
José teria concordado.
A felicidade de ter junto de si uma pessoa
tão especial como Maria, sobrepôs-se ao desejo natural de descendência que todo
o judeu tem.
Algo aconteceu; Maria encontra-se grávida e
José, que não a quer comprometer perante familiares e vizinhos, pensa em
afastar-se, arcando generosamente, com o ónus da sua acção.
Deus tem os seus desígnios e por isso, em
sonhos um Anjo informa José que o que nela se opera fora obra do Espírito
Santo; diz-lhe também, qual o seu papel na situação: trazer Maria para sua casa
– como aconteceria em casos semelhantes – e dar ao Menino que ia nascer o nome
de Jesus.
Quando acordou, José fez tudo como o Anjo
lhe dissera. Não houve perguntas, não houve um comentário; aderiu de forma
livre e sincera à vontade que Deus tinha manifestado. José é o guardião da
Maria e de Jesus.
É certo que Deus não lhe poupou trabalhos
nem canseiras mas tudo cumpriu com dedicação e Amor profundo por essas duas
pessoas tão especiais que tinha a seu cargo; sustentou-as com o fruto do seu
trabalho, protegeu-as por forma que, quando o Anjo lhe disse “ vai para o
Egipto com o Menino e sua Mãe “não perguntou: para onde vou? Por quanto tempo?
Quando volto? Se o Menino há-de salvar o mundo, por que tem de fugir para se
salvar?
A sua acção é imediata, no burrinho vai
montada Maria com o Menino nos braços e alguns poucos haveres. José sabe que
foge porque querem matar o Menino e a sua pressa é para pôr a maior distância
possível entre os assassinos e o Menino.
Chega ao Egipto, possivelmente a algum lugar
em que havia outros judeus. Teve que começar a vida do zero. Trabalhou e
manteve-se até que o Anjo lhe disse que voltasse. Sempre a mesma obediência
fiel e inteligente. Não há em José subserviência, há Amor.
Essa inteligência manifesta-se no facto de
se informar sobre quem reinava em Israel; ao saber que era Augusto, filho de
Herodes e não melhor do que o pai, dirigiu-se a Nazaré na Galileia, logo menos
exposto aos possíveis perseguidores.
A sua missão de Pai levou-o a ensinar ao
Menino o seu ofício e, como bom judeu, ter-lhe-á ensinado os Salmos e os Hinos
que se rezavam e cantavam em várias ocasiões.
José é uma figura fascinante na sua
discrição; apaga-se completamente, é o alicerce da Família, é indispensável mas
não se vê.
Não sabemos quando deixou a terra e a sua
Família, decerto antes da vida pública de Jesus, pois aí fala-se várias vezes
da presença de Maria mas nunca de José e no fim da Sua vida terrena, Jesus,
antes de expirar na Cruz, encarrega o discípulo amado de cuidar de Maria. Ora
esta situação só é possível porque José já não está com eles.
Num mundo em que muitos procuram ser
reconhecidos e ovacionados, S. José dá-nos um exemplo verdadeiramente
fascinante. Deus dá-nos muitos e bons modelos, pena é que não os sigamos de
forma decidida e empenhada.
Margarida
Raimond
Professora
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