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sábado, 26 de março de 2016

O Papa começou a cerimónia da Paixão de Jesus orando prostrado

O pregador recordou que ‘Perdoando Deus não renuncia a Justiça, renuncia a vingança, porque quer que o pecador se converta e viva’

  Papa Francisco

El Papa Francisco Reza Postrado En La Basílica De San Pedro (CTV- Osservatore Romano)
O Papa Francisco começou nesta sexta-feira a Celebração da Paixão do Senhor na basílica de São Pedro, prostrando-se no chão para rezar durante alguns minutos.

Pondo-se de pé dirigiu-se para a sede da qual celebraria. A Paixão de Jesus segundo São João foi cantada pelos leitores e o Coro Pontifício da Capela Sistina, que acompanhava a liturgia, em um basílica sem flores e com discreta iluminação, para recordar o momento trágico da paixão de Jesus.

O pregador da Casa Pontifícia, Raniero Cantalamessa, fez a homilia, na qual destacou que a ideia que os fiéis no ‘Faça-se a tua vontade’ quando rezam o Pai Nosso, pode ser vista como se Deus fosse o inimigo de toda festa, alegria e prazer. Um Deus severo e inquisidor.

Daí o medo e, por vezes, um ressentimento sem brilho contra Deus, como remanescente da ideia pagã de Deus, não completamente erradicada, que se baseia na tragédia grega; Deus é o que intervém, através do castigo divino… disse.

Devido a isso, tem-se entendido a misericórdia como a excepção, não a regra, motivo pelo qual o pregador convidou neste Ano da Misericórdia a trazer à luz “a verdadeira imagem do Deus bíblico, que não só tem misericórdia, mas é a misericórdia”.

Portanto, dizer: “Manifestou-se a justiça de Deus”, é como dizer: se manifestou a bondade de Deus, seu amor, sua misericórdia. A justiça de Deus não somente não contradiz a sua misericórdia, mas consiste precisamente nela!

Aqui o padre Cantalamessa propõe uma ideia muito profunda: “É tempo para perceber que o oposto da misericórdia não é a justiça, mas a vingança. Jesus não opôs a misericórdia à justiça, mas à lei do talião: “olho por olho, dente por dente”. Perdoando os pecados, Deus não renunciar à justiça, renuncia à vingança; não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva (cf. Ez 18, 23). Jesus na cruz não pediu ao Pai vingar a sua causa; pediu-lhe para perdoar seus algozes”.

Recordou assim que a “brutalidade dos ataques terroristas desta semana em Bruxelas” nos ajudam a entender a força divina contida nas últimas palavras de Cristo: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. E esclarece “por grande que seja o ódio dos homens, o amor de Deus foi, e será, sempre mais forte”.

Tem sido dito que “o mundo será salvo pela beleza”, lembrou o padre capuchinho, embora também possa enganar a muitos. Em vez disso, “há somente uma coisa que pode realmente salvar o mundo, a misericórdia! A misericórdia de Deus pelos homens e dos homens entre si. Essa pode salvar, em particular, a coisa mais preciosa e mais frágil que existe neste momento, no mundo, o matrimónio e a família. “Porque o que pode salvar um matrimónio da queda é a misericórdia entre os cônjuges.

A homilia concluiu pedindo a Deus: “Quebre dos corações das pessoas, das famílias e dos povos, o desejo de vingança e faz que nos apaixonemos pela misericórdia”.

E que este Ano Santo da Misericórdia, “encontre uma resposta concreta nos nossos corações e faça sentir a todos a alegria de reconciliar-se contigo no profundo do coração”.

A cerimónia continuou com a adoração da Santa Cruz que foi levada em procissão pelo interior da Basílica de São Pedro.


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