D. António Vitalino reflete sobre «Férias e Festas»
Beja, 28 jul 2015 (Ecclesia) – O bispo de Beja afirmou que as férias
são um tempo de “descanso, liberdade de horários” e alerta para os
custos associados às festas populares que são caracterizadas nos
programas pelo “profano e religioso”.
“O culto dos exibicionismos, das disputas entre comissões e das
vaidades, que muitas vezes acaba em zangas e arruaças, não é muito
próprio de uma festa popular nem muito menos religiosa”, escreve D.
António Vitalino na "Nota da Semana", onde alerta para os exageros no
programa das festas, “nos gastos avultados, sobretudo em arruados,
artistas convidados e fogo-de-artifício”.
Neste contexto, o prelado destaca que as festas devem promover o
convívio, “a alegria entre a população” - residentes e visitantes - e se
forem religiosas também a “devoção e o fortalecimento da fé das
pessoas”.
No comentário enviado à Agência ECCLESIA, o bispo diocesano de Beja
“adverte” ainda as comissões de festas ligadas à Igreja para terem
“cuidado” com a legalidade fiscal “não favorecendo a fuga aos impostos
sobretudo no pagamento aos artistas.
“E se os lucros económicos da festa não se destinarem ao culto ou a
outras finalidades da ação da igreja, também devem submeter-se às normas
contributivas em vigor”, acrescenta.
O bispo de Beja comenta também que as comissões de festas procuram
associar o convívio e as devoções tradicionais da terra, “misturando o
profano e o religioso”.
“Pelo menos nos seus cartazes publicitários, numa simbiose em que, por
vezes, os atos de culto apenas aparecem no título da festa e na imagem
da santinha”, contextualiza.
“Não podemos chamar a isso de festas religiosas, mas simplesmente de
festas populares, em que as paróquias realizam alguns atos de culto, que
fazem parte dos acontecimentos festivos, mas não são a festa”, escreve.
D. António Vitalino na sua última nota semanal antes do período estival
também reflete sobre as férias como tempo de descanso – “direitos do
trabalhador, direitos sagrados conquistados à custa de muitas lutas e
sofrimentos” – comenta que se ouve dizer a muitas pessoas que “chegam
cansadas das férias e precisam de descansar delas”.
“Neste caso, não foram aquilo que significam, liberdade de horários de
trabalho, descanso, dedicação àquilo que não nos cansa, aos amigos e
familiares com quem gostamos de estar, à leitura e cultivo dos valores
do espírito”, observa.
Neste contexto, o prelado interroga-se se as férias são vividas e
desfrutadas de forma adequada, se cada pessoa descansa do “stress” do
dia-a-dia ou apenas troca as filas semanais em direção aos trabalhos e
centro comerciais pelas das praias.
“Em alguns países do centro da Europa os sábados de tarde e os domingos
são mesmo para descansar e dedicar-se à família, pois os comércios
fecham”, contextualiza o bispo de Beja que assinala que sindicatos e
igrejas estão de acordo neste aspeto.
CB/PR
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