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sábado, 4 de julho de 2015

Tomasi: Frente comum contra a ‘impunidade’ de terroristas

Representante do Vaticano junto à ONU em Genebra interveio na 29ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos sobre os efeitos do terrorismo na vida dos indivíduos e dos Estados

Roma, 02 de Julho de 2015 (ZENIT.org)

Mais uma vez a voz da Santa Sé se levanta para estigmatizar o flagelo do terrorismo. O arcebispo Silvano Maria Tomasi, observador da Santa Sé junto à ONU em Genebra, participou da 29ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos sobre os efeitos do terrorismo na vida dos indivíduos e dos Estados, destacando que a luta contra o terrorismo deve sempre dar prioridade às "vítimas" e não fazer prevalecer interesses financeiros, políticos ou ideológicos.

Em seu discurso, Dom Tomasi citou dezenas de siglas, que há alguns simbolizam armas, morte e sangue inocente: EI, Boko Haram, Al Qaeda, Al Nusra, etc. “Desde 2000 até hoje, o mundo tem visto um rápido aumento de 500% no número de vítimas de ataques terroristas” por causa dessas organizações. “Somente em 2013, 82 % dessas vítimas foram mortas em apenas cinco países: Iraque, Afeganistão, Paquistão, Nigéria e Síria”.

O terrorismo é uma realidade terrível que atinge todo o globo, destrói inúmeras vidas, aterroriza as sociedades e “ameaça aniquilar a história das culturas e populações", afirmou o arcebispo Tomasi. Infelizmente - acrescentou -  “devemos admitir que a comunidade internacional não tem sido capaz de prevenir e deter o terrorismo, especialmente no Oriente Médio e outras partes da África”. A situação pode piorar ainda mais caso a comunidade internacional não encontre um modo de fazer frente comum a esta “impunidade” que os terroristas parecem desfrutar.

"O terrorismo é a antítese dos valores partilhados e dos compromissos que estão na base da convivência pacífica nacional e internacional", reitera o prelado, observando que, atualmente, salta os olhos “ a globalização do terrorismo" que se vale de "poderes políticos antagonistas” tentados a “desempenhar um papel" através do fornecimento às organizações integralistas de "recursos da tecnologia moderna, armas avançadas e financiamentos".

Tomasi também falou sobre o "efeito dominó" da violência perpetrada pelo terrorismo, que "não reconhece a dignidade de suas vítimas", uma vez "negado a uma pessoa o seu direito à vida, abusa dos outros direitos fundamentais, incluindo o direito à liberdade de credo e de culto, o direito de expressão e a liberdade de consciência, o direito à educação e o direito de ser tratados com a mesma dignidade como qualquer outro cidadão de uma nação, apesar da diferença de religião, de status social e económico, de língua ou etnia".

Onde o terrorismo efetivamente fincou pé, “foi provocado um dano social e cultural irreparável que terá repercussões sobre as gerações futuras”, disse o arcebispo. “Destruindo a infra-estrutura das cidades e das regiões, sobretudo atacando os edifícios governamentais, as escolas, as instituições religiosas, o terrorismo coloca, literalmente, uma sociedade de joelhos". Além disso, segundo Tomasi, "a demolição de locais culturais e antigas por parte terroristas ameaça aniquilar a história das culturas e populações. Tal destruição cria terreno fértil para um extremismo ainda mais violento, perpetuando assim o círculo vicioso da violência com a multiplicação de ulteriores violências".

Portanto, em nome da Santa Sé, o arcebispo reafirmou a condenação ao terrorismo, "em particular aquelas formas derivantes do extremismo religioso", que devem ser "enfrentadas por esforços políticos concordes", com todas as partes locais e regionais interessadas. "Os esforços para atingir uma abordagem comum na luta ao terrorismo devem dar prioridade às vítimas do terrorismo. Motivos financeiros, políticos ou ideológicos não deveriam nunca prevalecer sobre a capacidade de atingir a uma visão unitária de como a chaga do terrorismo deva ser combatida", concluiu Dom Tomasi.



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