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terça-feira, 28 de julho de 2015

Bolívia: Igreja pede diálogo entre mineiros e governo

Após três semanas de greves e violentos confrontos entre mineiros e policiais, governo e líderes de Potosí retomam diálogo

Roma, 28 de Julho de 2015 (ZENIT.org) Sergio Mora

O governo do presidente Evo Morales e grupos sindicais de Potosí retomaram o diálogo depois de três semanas de violentos confrontos entre mineiros e policiais, que deixou vários feridos e 51 detidos.

A liberação de um jornalista e três mineiros, que foram presos na quarta-feira sob a acusação de tumulto na cidade de La Paz, permitirá que a rodada de diálogo entre os líderes de Potosí e o governo continue, para colocar fim a greve que dura 22 dias.

O programa de rádio Notícias de La Iglesia, citou Dom Eugenio Escapellini, bispo de El Alto, que na homilia de domingo, disse: "O Papa Francisco nos exorta sempre ao diálogo, a construir pontes, não muros. Como Igreja pedimos às partes que deponham as atitudes intransigentes, as ações e discursos violentos. Com estas atitudes os problemas crescem até se tornar uma avalanche que arrasta tudo, e leva à ruína. É importante buscar as metas comuns, os valores compartilhados, ideais que ajudem a olhar para além dos horizontes individuais". E concluiu: “São frases que o Papa Francisco pronunciou nesta catedral de La Paz.”

Por sua vez, o arcebispo de Potosí, Ricardo Ernesto Centellas Guzman, pouco antes do início do diálogo, disse: "É inaceitável que um problema de género perdure por 18 dias sem uma solução". E acrescentou: "Vocês sabem que a Igreja é o povo e o povo é a Igreja, por isso estamos pensando em abrir as paróquias para acolher grupos de manifestantes, portanto, pedimos ao Governo para retomar o mais rápido possível um diálogo sério". Ele disse que nove paróquias abriram suas portas para acolher famílias de pessoas que procuram a intervenção do governo para resolver o problema das minas e a libertação dos detidos.

Na sexta-feira, Dom Centellas, vice-presidente da Conferência Episcopal Boliviana, deu uma mensagem intitulada: "A Igreja exorta a abertura ao diálogo e a deixar os discursos que incitam a violência. Quando vierem me pedir eu os escutarei". Ele apela a um diálogo sincero e imediato, com respeito e liberdade.

Grupos de trabalhadores mineiros de Potosí acusam o presidente Evo Morales, que se recusou a encontrá-los, de não ter cumprido alguns acordos e promessas. Na quarta-feira passada os mineiros entraram em confronto com a polícia e invadiram um ministério para tentar o diálogo.

As organizações civis da mineração de Potosí, onde Morales ganhou 69 por cento dos votos nas eleições de 2014, pediram ao presidente para cumprir a promessa de construir um aeroporto internacional, uma hidroelétrica, três hospitais, estradas e a preservação do Cerro Rico que é a atração turística da cidade.

A imprensa local se mobilizou para pedir a libertação do jornalista da Radio Líder, Juan Carlos Paco Veramendi, que foi preso quatro dias, depois de cobrir uma manifestação na cidade de La Paz. No ranking da liberdade de imprensa, de acordo com o relatório divulgado em fevereiro de 2015 por Reporteros sin Fronteras, a Bolívia está em 94º, entre 180 países.



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