Após três semanas de greves e violentos confrontos entre mineiros e policiais, governo e líderes de Potosí retomam diálogo
Roma,
28 de Julho de 2015
(ZENIT.org)
Sergio Mora
O governo do presidente Evo Morales e grupos sindicais de Potosí
retomaram o diálogo depois de três semanas de violentos confrontos entre
mineiros e policiais, que deixou vários feridos e 51 detidos.
A liberação de um jornalista e três mineiros, que foram presos na
quarta-feira sob a acusação de tumulto na cidade de La Paz, permitirá
que a rodada de diálogo entre os líderes de Potosí e o governo continue,
para colocar fim a greve que dura 22 dias.
O programa de rádio Notícias de La Iglesia, citou Dom
Eugenio Escapellini, bispo de El Alto, que na homilia de domingo, disse:
"O Papa Francisco nos exorta sempre ao diálogo, a construir pontes, não
muros. Como Igreja pedimos às partes que deponham as atitudes
intransigentes, as ações e discursos violentos. Com estas atitudes os
problemas crescem até se tornar uma avalanche que arrasta tudo, e leva à
ruína. É importante buscar as metas comuns, os valores compartilhados,
ideais que ajudem a olhar para além dos horizontes individuais". E
concluiu: “São frases que o Papa Francisco pronunciou nesta catedral de
La Paz.”
Por sua vez, o arcebispo de Potosí, Ricardo Ernesto Centellas Guzman,
pouco antes do início do diálogo, disse: "É inaceitável que um problema
de género perdure por 18 dias sem uma solução". E acrescentou: "Vocês
sabem que a Igreja é o povo e o povo é a Igreja, por isso estamos
pensando em abrir as paróquias para acolher grupos de manifestantes,
portanto, pedimos ao Governo para retomar o mais rápido possível um
diálogo sério". Ele disse que nove paróquias abriram suas portas para
acolher famílias de pessoas que procuram a intervenção do governo para
resolver o problema das minas e a libertação dos detidos.
Na sexta-feira, Dom Centellas, vice-presidente da Conferência
Episcopal Boliviana, deu uma mensagem intitulada: "A Igreja exorta a
abertura ao diálogo e a deixar os discursos que incitam a violência.
Quando vierem me pedir eu os escutarei". Ele apela a um diálogo sincero e
imediato, com respeito e liberdade.
Grupos de trabalhadores mineiros de Potosí acusam o presidente Evo
Morales, que se recusou a encontrá-los, de não ter cumprido alguns
acordos e promessas. Na quarta-feira passada os mineiros entraram em
confronto com a polícia e invadiram um ministério para tentar o diálogo.
As organizações civis da mineração de Potosí, onde Morales ganhou 69
por cento dos votos nas eleições de 2014, pediram ao presidente para
cumprir a promessa de construir um aeroporto internacional, uma
hidroelétrica, três hospitais, estradas e a preservação do Cerro Rico que
é a atração turística da cidade.
A imprensa local se mobilizou para pedir a libertação do jornalista
da Radio Líder, Juan Carlos Paco Veramendi, que foi preso quatro dias,
depois de cobrir uma manifestação na cidade de La Paz. No ranking da
liberdade de imprensa, de acordo com o relatório divulgado em fevereiro
de 2015 por Reporteros sin Fronteras, a Bolívia está em 94º, entre 180 países.
(28 de Julho de 2015) © Innovative Media Inc.
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