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terça-feira, 17 de junho de 2025

O combate à antiga e nova pobreza “jamais se alcançará com armas”

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Leão XIV lembra que “a pobreza tem causas estruturais que devem ser enfrentadas e eliminadas”. Foto © Vatican Media


Mensagem do Papa Leão

 | 16/06/2025

É o Papa Leão XIV que o afirma: “os pobres não são um passatempo para a Igreja, mas sim os irmãos e irmãs mais amados, porque cada um deles, com a sua existência e também com as palavras e a sabedoria que trazem consigo, levam-nos a tocar com as mãos a verdade do Evangelho”.

As palavras papais constam da mensagem que acaba de publicar para o Dia Mundial dos Pobres, que se celebra em 16 de novembro próximo e que pretende recordar às comunidades cristãs que os pobres “estão no centro de toda a ação pastoral”, não apenas “na sua dimensão caritativa, mas igualmente naquilo que a Igreja celebra e anuncia”. “Todas as formas de pobreza, sem excluir nenhuma, são um apelo a viver concretamente o Evangelho e a oferecer sinais eficazes de esperança”, faz notar a mensagem.

Passando para uma visão mais social e contextualizada, Leão XIV lembra que “a pobreza tem causas estruturais que devem ser enfrentadas e eliminadas”. Recorda também que “muitos santos e santas” testemunharam isso mesmo, em todas as épocas, criando, por exemplo, hospitais e escolas para “expressar o acolhimento aos mais fracos e marginalizados”.

Essas iniciativas “deveriam fazer parte das políticas públicas de todos os países”, assinala o Papa. Porém, “as guerras e as desigualdades frequentemente ainda o impedem”. Hoje, “cada vez mais”, instituições como as casas-família, as comunidades para menores, os centros de acolhimento e escuta, as refeições para os pobres, os dormitórios e as escolas populares “tornam-se sinais de esperança … muitas vezes ocultos, aos quais talvez não prestemos atenção”, mas que são muito importantes para vencer a indiferença, através “diversas formas de voluntariado”.

Este Papa, que foi missionário agostiniano, recorda uma observação do Santo de Hipona que refere: “Damos pão a quem tem fome, mas seria muito melhor que ninguém passasse fome e não precisássemos de ser generosos para com ninguém. Damos roupas a quem está nu, mas Deus queira que todos estejam vestidos e que ninguém passe necessidades sobre isto”. E, complementarmente, assinala que “a nossa responsabilidade social tem o seu fundamento no gesto criador de Deus, que dá a todos os bens da terra”, pelo que também os frutos do trabalho dos humanos “devem ser igualmente acessíveis”. Por isso, resume o Pontífice, “ajudar os pobres é uma questão de justiça, muito antes de ser uma questão de caridade”.

Leão XIV faz notar que o Dia Mundial dos Pobres coincide com o encerramento da Porta Santa e do Jubileu da Esperança, augurando que os “dons divinos que foram derramados” ao longo de um ano inteiro de “oração, conversão e testemunho”, sejam conservados e transmitidos. E adverte, a este propósito:

”Os pobres não são objetos da nossa pastoral, mas sujeitos criativos que nos estimulam a encontrar sempre novas formas de viver o Evangelho hoje. Diante da sucessão de novas ondas de empobrecimento, corre-se o risco de se habituar e resignar-se. Todos os dias, encontramos pessoas pobres ou empobrecidas e, às vezes, pode acontecer que sejamos nós mesmos a possuir menos, a perder o que antes nos parecia seguro: uma casa, comida suficiente para o dia, acesso a cuidados de saúde, um bom nível de educação e informação, liberdade religiosa e de expressão”.

O Papa deseja, assim, que este Ano Jubilar “possa incentivar o desenvolvimento de políticas de combate às antigas e novas formas de pobreza, além de novas iniciativas de apoio e ajuda aos mais pobres entre os pobres”.  E, ainda: “trabalho, educação, habitação e saúde são condições para uma segurança que jamais se alcançará com armas”.



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