Bom dia! É certo que esta
mensagem que enviamos no início de cada jornada remete para tantas notícias
publicadas no dia anterior e divulga acontecimentos que vão marcar o que
começa. Mas, hoje, o tema da Paz na Palestina merece destaque único. Por duas
razões: mais vozes se juntam a quem pede a paz, nomeadamente a Comissão
Nacional Justiça e Paz, a Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores
Cristãos e a Plataforma Portuguesa das ONGD, e porque há documentos e
propostas de ação que, depois de conhecidos através das notícias,
não dispensam leituras integrais. Hoje, partilho a nota da Comissão Nacional
Justiça e Paz, que convida todas as comunidades crentes a manter este grito
pela paz nos encontros celebrativos, com uma proposta de oração. É TEMPO DE GRITAR PELA PAZ Diante do horror da
situação que se vive na faixa de Gaza, que testemunhamos dia após dia e que
continua a agravar-se numa desproporcionalidade desmedida, a Comissão
Nacional Justiça e Paz quer juntar a sua voz a todos os que clamam pela Paz. Esta guerra foi
desencadeada como reação aos deploráveis ataques terroristas da
responsabilidade do Hamas que vitimaram cidadãos israelitas inocentes. Alguns
destes continuam até hoje como reféns — uma realidade que condenamos
firmemente e que exige uma resolução imediata. É tão inegável a barbárie dos
atos de 7 de outubro de 2023, quanto o direito de defesa de uma nação. Porém,
essa reação desde há muito excedeu critérios de legítima defesa e
proporcionalidade. Provocou, e continua a provocar, a morte de várias dezenas
de milhar de palestinianos inocentes. É particularmente abjeta e revoltante a
morte e o sofrimento de crianças, a quem é negado o futuro. A reação de Israel
tem assentado em práticas, que se qualificam como crimes de guerra e contra a
humanidade, com o alvo sistemático de civis indefesos, e a recusa de
fornecimento de água e alimentos necessários à sobrevivência das pessoas que
ali vivem. Consideramos por isso, como tantas vozes internacionais que se
fazem ouvir cada vez mais alto, que devem ser levados a sério os propósitos
do governo israelita, com o apoio do governo norte-americano, de eliminação e
deportação coletiva da população residente na faixa de Gaza. Estes propósitos
não favorecem a libertação dos reféns israelitas, não reduzem a adesão de
muitos palestinianos ao Hamas, nem contribuem para que, no futuro, os povos
desta região possam viver em paz e segurança. Consideramos
igualmente inaceitáveis tanto as manifestações de ódio contra o povo judeu
como a associação automática entre críticas às políticas do governo de Israel
e o antissemitismo, uma vez que a denúncia da situação atual é partilhada por
muitas pessoas de fé e cultura judaicas. Com esta nota, a
Comissão Nacional Justiça e Paz repudia as práticas desumanas e
desrespeitadoras do Direito da guerra, e espera da parte dos governos da
União Europeia, pedindo em especial ao governo português, ações concretas de
suspensão da cooperação com o governo de Israel, sob pena de incoerência com
os princípios de defesa dos direitos humanos que regem essa União. Associamo-nos,
plenamente, ao secretário geral da O.N.U. no sublinhar de que o caminho para
uma paz justa para a Terra Santa só pode ser alcançado através do
reconhecimento de dois Estados que correspondam aos direitos dos povos
israelita e palestiniano. A Comissão apela a
todas as comunidades religiosas, em particular a comunidade católica, para
que continuem unidas na oração pela Paz naquela região do mundo e em todos os
contextos feridos pela guerra, dando testemunho de que a fé não pactua com a
indiferença nem com a violência, mas é caminho de reconciliação, justiça e
compromisso com a dignidade de todos os seres humanos. Exprimimos também a
nossa solidariedade para com todas as pessoas da Terra Santa, em especial as
que (sobre)vivem na Faixa de Gaza, e renovamos o propósito de rezar para que,
apesar de tudo, elas não percam a esperança de um futuro de justiça e paz. Lisboa, 11 de junho
de 2025 A
Comissão Nacional Justiça e Paz Na sequência desta nota, propomos que ao longo do mês de
Junho, e em jeito de oração, juntemos a voz das nossas comunidades cristãs a
todas as pessoas de boa vontade, dizendo: Escuta, Israel, o clamor que se ergue do pedaço de terra que
transformaste em campo de concentração. O clamor daqueles que se encontram reféns de terroristas e às
mãos da tua cólera desmedida. Escuta, Israel, a voz do Senhor Nosso Deus que te manda ter
piedade do órfão e da viúva. Lembra-te, Israel, de como o nosso Pai Abraão se abeirou do
Altíssimo para lhe pedir clemência da cidade inteira ainda que nela apenas
houvesse dez homens justos. “Destruirás o justo com o injusto?” (Gn 18, 23).
E lembra-te de como por causa dos dez justos o Senhor poupou Sodoma (Gn 18,
31). «A misericórdia e a verdade vão encontrar-se, vão beijar-se a
paz e a justiça; da terra há de brotar a verdade, e a justiça espreitará do
céu» (Sl 85, 11-12). Não mais sangue, Israel. Não mais sangue. «A força de um rei
está em amar a justiça» (Sl 99, 4). Não em aniquilar, nem mesmo os inimigos. Lembra-te, Israel, dos duros cativeiros que sofreste e não
queiras pagar o mal com o mal, nem curar as tuas feridas com crueldade. |
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