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segunda-feira, 9 de junho de 2025

Dias de ouvir e celebrar: revelações, credo e festas

Esta reflexão segue o título: ouvir e ler temas de religião ao acaso, do credo cristão e de festas católicas diversas. Em 325, em Niceia, um concílio tratou de verdades essenciais da fé cristã, algumas que Lucas no cap.1 do seu Evangelho relata como reveladas em primeira mão a Nossa Senhora, talvez uma dezena. Na festa da Visitação (31 de maio) ocorreu-me a reflexão sobre essa primeira revelação das três pessoas da Santíssima Trindade, a Incarnação do Filho de Deus Pai e a ação do Espírito Santo em Maria. Antes estivera a ouvir um tema de religião católica e veio a surpresa de não ouvir falar de qualquer verdade do Credo da fé cristã; e em dias de celebrar a festa da Visitação, Ascensão, Pentecostes (Espírito Santo) e festas de Nossa Senhora, e, ainda, de batismos e primeiras comunhões. O anjo Gabriel anunciou o início do Evangelho. De facto, revelou à Virgem de Nazaré que: “o Senhor (o Pai) está contigo”; que o Filho do Altíssimo ia nascer e ela seria pelo poder do Espírito Santo a Mãe do Filho de Deus Incarnado. Verdades fundamentais da fé cristã do Credo de Niceia (325) reveladas a Nossa Senhora e por ela terão sido transmitidas a S. Lucas.

Mas a revelação não terminou na Anunciação. Maria correu apressadamente a visitar Isabel e celebrar com ela as maravilhas de Deus realizadas em ambas apesar de se sentirem insignificantes diante do Senhor. Ia apressada para realizar, digamos, um mini-sínodo de serviço com a sua prima Isabel. E neste sínodo ou encontro de quatro e não duas como Isabel pensaria. João sentiu misteriosamente que o autor da Boa Nova (Evangelho) do Reino de Deus estava presente e deu a entender, com um sinal, à sua mãe quando estremeceu de alegria no seio dela. E revelou assim a todos os pais que as crianças no seio materno já recebem mensagens com sentido e o transmitem. Outra Pessoa da Santíssima Trindade ia dar sinal da sua presença iluminadora neste como que Sínodo Primordial, a Pessoa do Espírito Santo. Se foi revelada a Isabel a presença de Jesus no seio de Maria, ela estava «cheia do Espírito Santo», e assim pôde profetizar em relação a Nossa Senhora e ao seu filho: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor», pois aconteceu que logo que te ouvi falar, o menino saltou de alegria no meu seio. Feliz de ti por acreditar no que te  foi dito da parte do Senhor.

Fiquei a refletir que o Anjo S. Gabriel foi o mensageiro catequista de Nossa Senhora, como em Fátima o Anjo da Guarda de Portugal o foi dos Pastorinhos. E o Credo? Estamos a comemorar os 1700 anos do concílio de Niceia convocado pelo imperador Constantino, ainda não batizado, para ter paz no império. Acorreram uns 318 e os delegados do Papa a quem ele protegeu com o exército na deslocação e deu alojamento em Niceia (Iznik) Turquia. Moveu-se por razões mais políticas que religiosas. Os Bispos aprovaram as verdades fundamentais do Credo da fé cristã: a divindade de Cristo que Ario e os seus grupos negavam e a data comum da Páscoa. Entre os bispos presentes defensores da fé, alguns tinham sido perseguidos e torturados pelo testemunho da fé na divindade de Cristo e apresentaram-se com as mutilações sofridas.  

E as celebrações? Sim, a Ascensão de Jesus ressuscitado ao Céu está igualmente no Credo de Niceia de 325, tal como fé no Espírito Santo cuja festa é precedida da primeira novena de oração a pedido de Jesus aos apóstolos e discípulos feita com Maria no Cenáculo. Antes da sua subida ao Céu, Jesus prometeu diversas vezes que ia enviar aos apóstolos o Espírito Santo que dá a vida e que não se afastassem de Jerusalém até receberem dele a força do alto. Será que alguns cristãos ainda dirão como em Coríntio a Paulo: “nem sequer ouvimos falar do Espírito Santo (At. 19, 1-8)!

Estas reflexões levam-me para festas e eventos participadas estes dias com envolvimento dos pais, familiares, padrinhos, catequistas, irmandades e amigos no caminho de fé das crianças e da comunidade cristã. Não são apenas rituais sociais esvaziados de substância e fé. Favorecem o bem Maior das crianças a juntar-se a outros bens nos 100 anos do Dia Mundial da Criança (1 de Junho) que a ONU acertadamente criou em atenção a minorar os seus problemas. Será que o bem integral das crianças de hoje é cumprido? Sim, mas pouco. Muito bem se vai fazendo, mas nem sempre os direitos de viver e a dignidade humana das crianças são respeitados. Milhões de crianças morrem apesar de tantos alardes de falso progresso, de revoluções e guerras de libertação e liberdade. O sofrimento das crianças de Gaza faz chorar, os milhões de abortos de morte a impedir a vida entristecem, os milhares de abusos e tráficos envergonham. Numa das festas acima, uma cena comovente na igreja: o bebezinho António, de um mês ao colo da mãe, abençoado, sorriu! Dá pena que em vez de amarem crianças filhos de Deus alguns promovam “modelos de vida ilusórios, onde não há espaço para a fé” (Leão XIV, 2.06.).

Será que a loucura do fabrico e uso de bebés reborn entram nesta categoria de ilusões? E se rezassem o Credo de Niceia com fé na ressurreição?

Pe. Aires Gameiro

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