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sábado, 16 de abril de 2022

Faltam as lágrimas, faltam as palavras. Ainda bem que existe a fé e que estamos na Semana Santa

Enviado do Papa à Ucrânia

 | 15 Abr 2022

Cardeal Konrad Krajewski reza ao lado de uma fossa comum em Borodjanka, Ucrania Foto Vatican Media

O cardeal Konrad Krajewski reza junto a uma vala comum em Borodjanka, Ucrânia. Foto © Vatican Media.

O cardeal Konrad Krajewski, enviado pessoal do Papa à Ucrânia, celebrou esta sexta-feira, 15, uma Via-Sacra em Borodianka, cidade próxima da capital, pilhada e destruída pelos soldados russos, rezando junto a uma vala comum onde terão sido “sepultadas sem nome ou apelido” pelo menos 80 pessoas.

“Faltam as lágrimas, faltam as palavras. Ainda bem que existe a fé e que estamos na Semana Santa, Sexta-feira Santa, quando nos podemos unir com a pessoa de Jesus e subir com Ele à Cruz, porque depois da Sexta-feira Santa… eu sei, eu sei: haverá o Domingo de Ressurreição”, afirmou o esmoleiro pontifício, citado pela Ecclesia.

Pouco depois, o Papa rezava pela paz no mundo, apelando à reconciliação entre adversários, no final da Via-Sacra a que presidiu no Coliseu de Roma.

“Fazei que os adversários se deem as mãos, para que saboreiem o perdão recíproco; desarmai a mão levantada do irmão contra o irmão, para que, onde há ódio, floresça a concórdia”, disse na oração conclusiva, acompanhada no local por 10 mil pessoas e por milhões de pessoas, em todo o mundo, através de transmissões televisivas e online.

“Fazei que não nos comportemos como inimigos da cruz de Cristo, para participar na glória da sua ressurreição”, acrescentou, na tradicional celebração noturna de Sexta-feira Santa, que regressou ao seu cenário habitual, após dois anos de limitações impostas pela pandemia.

A celebração acabaria por ficar marcada pela polémica, por causa da guerra no Leste da Europa: na XIII estação, que evoca a morte de Jesus, a meditação inicialmente preparada em conjunto por duas famílias, da Rússia e da Ucrânia, acabou por não ser lida.

“Perante a morte, o silêncio é mais eloquente do que as palavras. Façamos, por isso, um silêncio orante, e que cada um, no seu coração, reze pela paz no mundo”, disse o leitor que conduzia as reflexões, num convite aos participantes.

De acordo com o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, esta era uma “mudança prevista” e serviu para “limitar o texto ao mínimo”, com o objetivo de que as pessoas pudessem “entregar-se ao silêncio e à oração”.


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