Como habitualmente, iniciei hoje o meu passeio à beira-rio. De vez em quando, vinha uma pequena rajada de vento. De repente, fui surpreendida por uma rajada de vento mais forte, que levou o meu boné preferido, que sempre me tem acompanhado. Parei para ver onde tinha caído. Se fosse na água, não havia nada a fazer, mas não, tinha ficado caído sobre umas pedras, mesmo perto da água. Fiz uma avaliação da situação. O meu bom senso disse-me para dizer adeus ao boné, mas a minha vontade disse-me para o ir buscar. Subi o muro, descendo depois do outro lado, sobre as pedras aí colocadas, em declive até ao rio. O pior é que as pedras começaram a deslizar. Eu não tinha onde me agarrar. Lá vai um mergulho no Tejo, pensei. Sentia que o meu anjo da guarda, com o seu bom senso, me desaconselhava a tentar apanhar o boné. Estava um pouco cansada, com algumas tonturas, já tina caminhado mais de uma hora. Era um risco, avaliando bem a situação, o mais certo seria escorregar. Ainda afastei algumas pedras mais soltas, mas o perigo persistia. Pedi, entretanto, a ajuda do anjo da guarda, tendo o milagre acontecido. Um casal que passava, vendo a minha situação de apuro, aproximou-se. Eram cidadãos de origem alemã. Vendo o meu estado periclitante, o cidadão alemão prontificou-se para me ajudar, saltando rapidamente recolhendo o boné. Gentilmente a sua mulher, ofereceu-se para me ajudar também a sair, tendo-me oferecido a sua mão, para me puxar e apoiar. Já em segurança, muito reconhecida por todo o apoio, agradeci-lhes reconhecidamente.
Mas também agradeci outra ajuda. A do meu anjo da guarda. Lembro-me que ainda pequena a minha avó me tinha ensinado uma oração extremamente simples que ainda hoje tenho o hábito de rezar logo pela manhã quando me levanto: “Anjo da Guarda, minha doce companhia, guardai a minha alma, de noite e de dia”. Fiquei a meditar na importância dos Anjos da Guarda, cuja devoção foi cultivada desde os começos do cristianismo. Por ironia do destino, ao final desse dia (Sábado) fui à missa que era vespertina. Não queria acreditar nesta coincidência. Era a missa celebrativa da Memória dos Anjos da Guarda. A vida tem destas coisas! Posto isto, resolvi que tinha necessidade de aprofundar um pouco mais os meus conhecimentos sobre os Anjos da Guarda. A sua festa, com caráter universal para toda a Igreja, foi instituída pelo Papa Clemente X no século XVI. Os Anjos da Guarda são mensageiros de Deus, encarregados de velar por cada um de nós, protegendo-nos, no nosso caminho na terra e compartilhando com os cristãos a preocupação apostólica de aproximar as almas de Deus. São as criaturas mais perfeitas da Criação, penetram com a sua inteligência onde nós não podemos, e contemplam Deus face a face, como criaturas já glorificadas. O próprio significado da palavra anjo (enviado) exprime a sua função de mensageiro de Deus junto dos homens. Recordo as palavras do Senhor a Moisés: “Eu enviarei o meu anjo adiante de ti para que te guarde pelo caminho e te faça chegar ao lugar que te preparei”.
No livro “Falar com Deus”, da autoria de Francisco Fernandez-Carvajal o autor narra, “Que segurança nos deve inspirar a presença dos Anjos da Guarda na nossa vida!”
Eles consolam-nos, iluminam e lutam a nosso favor… Os santos Anjos intervêm todos os dias de formas e modos muito diferentes na nossa vida corrente. Que providência tão singular e cheia de bondade e quanta solicitude Deus tem para connosco, seus filhos, por meio desses santos protetores!
O nosso trato com o Anjo da Guarda deve ter um caráter amistoso, que ao mesmo tempo reconheça a sua superioridade em natureza e em graça. Ainda que a sua presença seja menos sensível que a de um amigo na terra, tem uma eficácia muito maior. Os seus conselhos e sugestões vêm de Deus e penetram mais profundamente do que a voz humana.
E, ao mesmo tempo, a sua capacidade de nos ouvir e nos compreender é muito superior à do amigo mais fiel; não apenas porque a sua permanência ao nosso lado é contínua, mas porque capta mais fundo as nossas intenções e pedidos. O Anjo da Guarda pode influir na nossa imaginação diretamente-sem palavra alguma-, suscitando imagens, recordações, impressões, que nos indicam o caminho a seguir. Nunca nos sentiremos sozinhos, se nos acostumamos a tratar intimamente esse amigo fiel e generoso. Além disso, ele une a sua oração à nossa ao apresentá-la a Deus. É necessário, no entanto, que lhe contemos mentalmente as coisas, porque não lhe é possível penetrar no nosso entendimento como Deus o faz. Temos absoluta certeza de que nos ouvem sempre”. Já é suficiente.
Maria Helena Paes |
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