Foto: Lusa |
«Silêncio» foi apresentado pela primeira vez em Roma
Cidade do Vaticano, 30 nov 2016 (Ecclesia) - O Papa Francisco recebeu
hoje em audiência privada o realizador Martin Scorsese, que apresenta o
seu novo filme, ‘Silêncio’, centrado na história de jesuítas portugueses
no Japão do século XVII.
A sala de imprensa do Vaticano refere que o encontro contou ainda com a
presença da mulher de Scorsese e as suas duas filhas, bem como do
produtor do filme, acompanhados por monsenhor Dario Edoardo Viganò,
prefeito da Secretaria para a Comunicação (Santa Sé).
A audiência durou cerca de 15 minutos, tendo o Papa referido os
presentes que leu o livro ‘Silêncio’, do autor japonês Shusaku Endo, que
inspira o filme, falando ainda da "semente" que os jesuítas deixaram no
Japão e dos mártires cristãos neste país.
Scorsese ofereceu ao Papa dois quadros ligados ao tema dos "cristãos escondidos", um dos quais representando Nossa Senhora.
O filme 'Silêncio' foi apresentado esta terça-feira, pela primeira vez.
no Instituto Pontifício Oriental, em Roma, organismo ligado à Companhia
de Jesus.
"O 'Silêncio', filme de Martin Scorsese que conta a história dos
jesuítas portugueses no Japão, será hoje apresentado à Companhia de
Jesus, em Roma. O realizador estará presente nesta sessão para mostrar,
em primeira mão a um grupo de 400 jesuítas, aquele que se espera ser um
dos filmes mais importantes da sua carreira", refere uma nota divulgada
pelos Jesuítas em Portugal, através da sua página na rede social
Facebook.
O filme baseia-se no livro de Shusaku Endo, evocando a perseguição de
milhares de cristãos no território nipónico, com interpretações de Liam
Neeson, Adam Driver, e Andrew Garfield.
Scorsese centra o seu trabalho no percurso de duas personagens,
identificadas como jesuítas portugueses, Sebastião Rodrigues e Francisco
Garupe, que partem à procura de outro sacerdote da Companhia de Jesus,
Cristóvão Ferreira (1580-1650), este uma figura histórica, que teria
renunciado à fé cristã após ser torturado.
A apostasia concretizava-se pisando a imagem do próprio Cristo,
representado num ‘fumie’ - um retrato em bronze enquadrado numa pequena
moldura de madeira.
O realizador consultou a equipa dos Arquivos Jesuítas Romanos (Archivum
Romanum Societatis Iesu – ARSI) e outros especialistas jesuítas, para
preparar o argumento.
O Japão foi evangelizado pelo jesuíta São Francisco Xavier, entre 1549 e
1552, a pedido da Coroa Portuguesa, mas poucas décadas depois
comunidade católica vivia uma dura perseguição: os primeiros mártires,
encabeçados por São Paulo Miki (crucificados em Nagasáqui em 1597),
entre os quais o português São Gonçalo Garcia, foram canonizados em 1862
por Pio IX.
Outros 205 católicos foram beatificados em 1867, entre eles João
Baptista Machado, Ambrósio Fernandes, Francisco Pacheco, Diogo de
Carvalho e Miguel de Carvalho (todos da Companhia de Jesus), Vicente de
Carvalho (religioso agostinho), e Domingos Jorge (leigo, cuja esposa
japonesa e filho também foram martirizados).
O Papa Francisco tem repetido elogios às comunidades nipónicas, que
receberam e conservaram a sua fé “mesmo no meio de séculos de
perseguição”, falando num país de “cristãos escondidos”.
Os católicos que sobreviveram à perseguição tiveram de ocultar-se
durante 250 anos, até a chegada de missionários europeus no século XIX.
OC
in
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