Órgão consultivo, que não tem poderes de governo, se reunirá pela primeira vez nesta semana
Roma, 30 de Setembro de 2013
O papa Francisco instituiu um conselho de cardeais que tem
natureza consultiva e duas finalidades concretas: ajudar no governo de
toda a Igreja e estudar um projecto de revisão do funcionamento da cúria
romana. O texto manuscrito do decreto foi assinado em 28 de Setembro e
publicado hoje. O conselho de cardeais não é um órgão de governo, mas
apenas consultivo. O anúncio da criação do grupo foi feito no dia 13 de Abril, quando também foram divulgados os nomes dos cardeais que o
formariam.
A cúria romana é a estrutura por meio da qual o santo padre governa
a Igreja, comparável até certo ponto com os ministérios dos governos de
outros países. Os “ministérios”, no Vaticano, se chamam dicastérios.
Alguns mudam de nome, como o de Assuntos Exteriores, que na Igreja é
chamado de departamento de Relações com os Estados. Há “ministérios”
específicos para o trabalho pastoral, como o da Doutrina da Fé, o do
Clero, o dos Processos de Canonização, o da Justiça e Paz, etc.
Os oito cardeais nomeados pelo santo padre se reúnem em sua primeira
sessão nesta semana, até a próxima quinta-feira, 3 de Outubro. Eles
ficarão hospedados na Casa Santa Marta e o idioma de trabalho será o
italiano. “O papa deverá fazer uma breve introdução e logo em seguida
escutará o conselho, que tem muito a contribuir, porque o material é
volumoso. Não está previsto por enquanto nenhum encontro da comissão com
pessoas externas”, explica o pe. Federico Lombardi, porta-voz do
Vaticano. Exceptuam-se a quarta-feira de manhã, dia da audiência geral, e
a quinta-feira, em que acontece uma audiência do congresso Pacem in
Terris.
Os oito cardeais que compõem o conselho são o italiano Giuseppe
Bertello, o chileno Francisco Javier Errazuriz Ossa, o indiano Oswald
Graças, o alemão Reinhard Marx, o congolês Laurent Monsengwo Pasinya, o
estadunidense Sean Patrick O'Malley, o australiano George Pell e o
hondurenho Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, que será o coordenador do
grupo, auxiliado por dom Marcello Semeraro, bispo de Albano.
O porta-voz especificou que eles constituem um “novo instrumento que
enriquece o governo da Igreja”. Todos são arcebispos de grandes
dioceses, menos o de Albano.
O conselho “foi criado pelo papa, que é livre para ampliar ou
modificar a equipe. Ele os consulta de maneira colectiva, mas também
individualmente. Os cardeais darão os seus conselhos e o santo padre
tomará as decisões que considerar oportunas”, esclareceu Lombardi. “O
papa realiza também outras formas de consultas: reuniões com os chefes
dos dicastérios da cúria, com as comissões e com pessoas que ele
considera proveitoso consultar”.
“Além disso, o papa também falou de outra reforma importante: o
método de trabalho do sínodo”. Neste sentido, “as palavras-chave para
pensar neste método de governo são sinodalidade e caminhar juntos como
Igreja [...] O papa procura discernir a vontade de Deus também através
da consulta”.
Interrogado sobre a preparação dos trabalhos, o representante do
Vaticano explicou que “o trabalho começou com o recebimento atencioso de
sugestões e propostas, feitas pelos oito membros do conselho de
cardeais, cada um de acordo com as suas áreas de competência. Também
estão contribuindo os chefes dos dicastérios, o colégio cardinalício e a
Secretaria de Estado”.
“São cerca de oitenta os documentos que já chegaram até o secretário
antes da reunião, e uma parte desse material está sendo estudada pelos
membros do conselho cardinalício”. Além disso, acrescenta Lombardi, “o
secretário preparou uma síntese. No sábado foi feita uma reunião
informal entre os membros que já tinham chegado e hoje haverá outra,
para que exista um intercâmbio de informação antes de começar”.
O porta-voz encerrou a conferência de imprensa informando que “este é um primeiro
encontro, é uma realidade que vai continuar. Não devemos esperar desses
três dias conclusões ou publicações de documentos e decisões, já que é a
primeira vez que eles se encontram deste modo para discutir temas de
grande complexidade e amplidão, com uma documentação muito vasta.
Sejamos realistas”, sugeriu.
in
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