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sábado, 6 de setembro de 2025

Papa a Herzog: “Única saída para a guerra é solução dos dois Estados”

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O Papa Leão XIV recebeu Isaac Herzog no Palácio Apostólico. Foto © Vatican Media

Diplomacia no Vaticano

 | 05/09/2025

Como não podia deixar de ser, Gaza esteve no centro do encontro entre Leão XIV e o Presidente de Israel, Isaac Herzog, que decorreu no Vaticano esta quinta-feira, 4 de setembro. Durante a audiência privada, o Papa manifestou que a prioridade neste momento é “garantir um futuro para o povo palestiniano, a paz e a estabilidade na região” e defendeu a posição da Santa Sé: “a solução de dois Estados como a única saída para a guerra em curso”.

A informação foi dada pela Sala de Imprensa da Santa Sé, cujo comunicado acrescenta que “foi manifestado o desejo de uma rápida retoma das negociações para que, com vontade e decisões corajosas, bem como com o apoio da comunidade internacional, se alcance a libertação de todos os reféns, se alcance com urgência um cessar-fogo permanente, se facilite a entrada segura de ajuda humanitária nas zonas mais afetadas e se garanta o pleno respeito pelo direito humanitário, bem como pelas legítimas aspirações de ambos os povos”.

Além disso, acrescenta o comunicado, “foram também abordadas algumas questões relativas às relações entre as autoridades estatais e a Igreja local, com particular atenção para a importância das comunidades cristãs e o seu empenho in loco e em todo o Médio Oriente, em favor do desenvolvimento humano e social, especialmente nos setores da educação, da promoção da coesão social e da estabilidade da região”.

Recorde-se que, em meados de julho, a Igreja da Sagrada Família, o único templo católico da Faixa de Gaza e que acolhe no seu complexo paroquial centenas de cristãos e muçulmanos, foi atingida por um bombardeamento do exército israelita, que o justificou como tendo sido “um engano” [ver 7MARGENS].

Já esta quarta-feira, o pároco local, padre Gabriel Romanelli, partilhava nas redes sociais que um bombardeamento nas proximidades assustara a comunidade enquanto celebravam a missa, mas que todos estavam “bem”, pois só “chegaram estilhaços” ao complexo paroquial. Na publicação, é possível assistir ao vídeo que registou esse momento.

“Teremos o maior prazer em recebê-lo na Terra Santa”


O comunicado do gabinete da presidência israelita referente ao encontro com o Papa (e sem seguida com o cardeal secretário de estado, Pietro Parolin) confirma que a situação das comunidades cristãs em Israel, na Cisjordânia e em Gaza foi um dos temas de conversa, mas dá a entender que a mesma não é preocupante. “Falei sobre as comunidades maravilhosas que existem em Israel, sobre o dever e a necessidade de preservá-las e protegê-las, e reiterei o claro compromisso de Israel com a liberdade de religião e culto e com o desenvolvimento e a proteção das comunidades cristãs na Terra Santa”, pode ler-se no texto, citado pelo Religión Digital.

Herzog considera que “o facto de o Papa Leão XIV, que acaba de iniciar seu mandato, ter recebido o presidente do Estado de Israel no Vaticano é uma declaração muito importante”. Na opinião do Presidente, esse gesto “reflete a grande importância do relacionamento entre a Santa Sé e o Estado de Israel” e “os delicados problemas e desafios” que o povo judeu enfrenta hoje.

A nota adianta ainda que Herzog convidou o Papa a visitar Israel “como fizeram os seus antecessores”. “Teremos o maior prazer em recebê-lo na Terra Santa”, assegura o líder israelita.

Durante o encontro, terão ainda sido discutidos os esforços para recuperar os 48 reféns mantidos em Gaza pelo Hamas e Herzog pediu ao Papa que se encontrasse com suas famílias.

 

Que o Papa “possa ter sucesso quando outros falharam”

O embaixador da Palestina na Santa Sé, Issa Kassissieh, acredita que este encontro poderá contribuir para o avanço dos esforços de paz.

“É nossa esperança, num momento em que os líderes mundiais falharam drasticamente em impedir a guerra em Gaza, traindo assim os valores humanos básicos e a dignidade, que o Santo Padre, o exemplo de São Pedro na Terra, possa ter sucesso quando outros falharam”, disse em declarações ao jornal Crux, poucas horas antes de o encontro se realizar.

“Sem dúvida, as vozes desesperadas das crianças de Gaza e da paróquia da Sagrada Família são ouvidas por Sua Santidade”, acrescentou.

O diplomata expressou ainda a esperança de que o Papa Leão visite Gaza “para presidir a uma oração pela paz na paróquia da Sagrada Família em Gaza com o presidente Mahmoud Abbas”, e concluiu: “Abençoados sejam os pacificadores”.



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