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sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Em gesto diplomático, Papa cria nova diocese na China e nomeia o seu primeiro bispo

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Ordenação do novo bispo de Zhangjiakou, Joseph Wang Zhengui, a 10 de setembro de 2025. Foto © Asia News

No âmbito do acordo provisório

 | 11/09/2025

Leão XIV decidiu suprimir duas dioceses que haviam sido estabelecidas pelo Papa Pio XII – Xiwanzi e Xuanhua – e criar em sua substituição a diocese de Zhangjiakou, fazendo-a coincidir com a que fora criada pela Associação Católica Patriótica Chinesa em 1980, na altura sem o reconhecimento do Vaticano. O novo bispo desta diocese também já foi nomeado pelo Papa, que aprovou a sua “candidatura no âmbito do acordo provisório” entre a Santa Sé e Pequim, e a ordenação aconteceu nesta quarta-feira, 10 de setembro.

A decisão foi apresentada pelo Vaticano como respondendo ao “desejo de promover o cuidado pastoral do rebanho do Senhor e de atender mais eficazmente ao seu bem-estar espiritual” e está a ser encarada pelos média católicos como um gesto diplomático “de longo alcance” em relação à situação da Igreja Católica na China, sendo que o Vaticano adaptou as demarcações eclesiásticas às das autoridades chinesas.

O novo bispo, Joseph Wang Zhengui, nasceu em 19 de novembro de 1962 e de 1984 a 1988 frequentou o Seminário Provincial de Hebei. Nos dois anos seguintes, fez formação pastoral na paróquia de Qujiazhuang. Em maio de 1990, foi ordenado padre pela diocese de Xianxian, sendo designado para a mesma paróquia, onde foi nomeado pároco em 1991. Posteriormente, serviu na diocese de Xuanhua. Era candidato a bispo pela Associação Católica Patriótica Chinesa desde 1996.

A nova diocese de Zhangjiakou abrange uma população total de 4 milhões de habitantes, dos quais cerca de 85 mil são católicos, servidos por 89 sacerdotes, informa o Vaticano. Será uma diocese sufragânea da arquidiocese de Pequim.

O anúncio da Santa Sé não fez referência ao atual bispo clandestino da suprimida diocese de Xuanhua, assinala a Catholic News Agency. O bispo Augustine Cui Tai, de 75 anos, foi detido quatro vezes desde a assinatura do acordo provisório China-Vaticano, em 2018, e não voltou a ser visto desde que foi levado sob custódia policial em abril de 2021, de acordo com um relatório de 2024 do Instituto Hudson. A diocese havia repetidamente solicitado a sua libertação, mas sem sucesso. Segundo a Asia News, o clero católico em Hebei foi informado de que está prevista uma cerimónia da “reforma” de Cui para esta sexta-feira, 12 de setembro.

Recorde-se que as relações diplomáticas entre a China e a Santa Sé terminaram em 1951, após a expulsão de todos os missionários estrangeiros, muitos dos quais se refugiaram em Hong Kong, Macau e Taiwan.

Em 1952, o Papa Pio XII recusou a criação de uma Igreja chinesa, separada da Santa Sé, a Associação Patriótica Chinesa, e, em seguida, reconheceu formalmente a independência de Taiwan, onde o núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) se estabeleceu após a expulsão da China.

A APC seria criada em 1957 para evitar “interferências estrangeiras”, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado, deixando assim na clandestinidade os fiéis que reconhecem a autoridade direta do Papa.

A 22 de setembro de 2018, a Santa Sé e a República Popular da China assinaram um acordo provisório sobre a nomeação de bispos, que vem sendo renovado a cada dois anos, desde então.




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