A Lituânia é o país mais católico, Letónia o mais luterano e Estónia o mais pagão e, íamos verificar, que seria o mais comercial com a capital apinhada de turistas, dos ferries, e cruzeiros; e é o mais fortificado pelas altas muralhas e torres colossais, ainda levantadas, construídas pelos Cavaleiros da Espada e os Teutónicos. A Lituânia manteve sempre mais relações com a Polónia e até fusões com ela. Todos os três foram países católicos desde o séc. XII até à divisão luterana cismática do século XVI. Os três estiveram sempre sujeitos à cobiça Russa dos Czares e dominados pelo comunismo soviético depois da II Grande Guerra até 1991. E agora?
A leitura cristã de Vilnius foi facilitada pelo guia e pelo opúsculo “Vilnius Churches. A Guide”, de 56 pp., sobre 36 igrejas, paroquiais, conventuais, luteranas, ortodoxas... Notei que a de Santa Cruz a partir de 1635 foi também um dos hospital-conventos dos Irmãos de S. João de Deus (Bonifratres). O grupo de peregrinos visitou, orou e celebrou a missa nalgumas das capitais. O guia convidou a conhecer com mais atenção a de S. Pedro e S. Paulo, construída, em 1668, pelo governador maior da Lituânia, Miguel Casimiro, pio e devoto que quis no seu epitáfio o nome de “pecador”. Têm muitas figuras de gesso em baixo-relevo de artistas italianos com expressões da astúcia do demónio disfarças e escondidas que exigem muita atenção para serem desvendadas: Nelas se mistura o mitológico, o demoníaco, o filosófico e o sentido bíblico sob o olhar de Deus representado na cúpula. Deixo para outra nota a colina dos soldados mortos de Napoleão e a colina das Cruzes.
A visita à universidade deu a conhecer o colégio dos Jesuítas que tinham em Vilnius ainda o noviciado e mais duas igrejas. A igreja luterana é de 1555, reconstruída no século XVII, e no tempo soviético feita lugar de desporto e interior quase inteiramente danificado. Em 1991 foi devolvida e renovada. Na rua da Porta Aurora contemplou-se a Madona de Vilnius, a “Mãe de Misericórdia, à vossa proteção recorremos” e, na mesma rua, visitámos o convento das Carmelitas onde a imagem da Divina Misericórdia revelada a Santa Faustina Kovolska foi exposta durante algum tempo. O grupo orou por momentos diante de Jesus Eucarístico exposto. Recorde-se que Faustina viveu vários anos em Vilnius e aí começou o seu “Diário” por indicação do Pe. Sopocko:1929 e 1930 e tal. Em 1933, a pedido deste sacerdote, o pintor Eugenio Kasimirowski pintou a imagem de Jesus Misericordioso como a Irmã Faustina lhe ia indicando.
Em Riga, a maior das três capitais, impressionou logo a visita aos quatro pavilhões colossais do mercado, ao lado da estação central e do porto onde se via uma fragata. Espanta vê-los recheados de tudo e faz pensar no que nos dizia o guia, são países que se bastam com a sua produção. Também dá nas vistas o parque de carros novos topo de gama. A catedral luterana dedicada à Virgem Maria é a maior dos três países com um claustro-escola imenso e uma cúpula altíssima; e a catedral de S. Tiago, ao lado, passou aos católicos em 1923. Apesar ser o país mais luterano há igrejas ortodoxas gregas, russas e católicas. A guia fez questão de nos mostrar o bairro de dezenas de fachadas de prédios em “arte nova”: assimétricas, com abundância de caprichos curiosos.
Nesse dia a missa do grupo foi na igreja de S. Maria Madalena em que o Pe. Jorge pediu ao Pe. Aires para presidir e fazer uma reflexão em que evocou a ação de graças pelos dons recebidos ao longo da sua vida no mês de agosto: nascimento, primeiras comunhão e peregrinação a Fátima (1937), ordenação, entrada nos Irmãos de S. João de Deus, nascimento. Mal pensava que nesse dia 23, já deitado, no hotel, ia receber o telefonema de D. Nuno, a comunicar que o D. Teodoro de Faria tinha falecido. Prometi que no dia seguinte em Tallin ia celebrar por Ele.
Pe. Aires Gameiro

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