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quinta-feira, 11 de setembro de 2025

“Não pode haver paz verdadeira sem justiça climática”, alertam organizações católicas

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Desde o início de agosto, as cheias causaram o deslocamento de milhares de pessoas no Iemen. Foto © Acnur/YDF

Nas vésperas da COP30

 | 10/09/2025

Os representantes de organizações católicas internacionais uniram-se para reiterar “uma verdade simples, porém urgente: não pode haver paz verdadeira sem justiça climática, e não pode haver justiça climática sem paz”. Por isso, numa declaração conjunta, e às vésperas da realização da COP30 na Amazónia, apelam a ações imediatas de cuidado com a Casa Comum.

Intitulada “Peregrinos da Esperança por um Mundo Justo e Pacífico”, a declaração assinada pela Pax Christi International, pela Caritas Internationalis e pela CIDSE (Cooperação internacional para o desenvolvimento e a solidariedade) enfatiza que a crise ecológica, a fragmentação da ordem global e a pobreza extrema persistente não são problemas individuais, mas estão interligados por uma rede de ameaças globais comuns. “Estamos diante de uma convergência de sofrimento em massa agora e riscos de danos futuros, perpetuados por um sistema político e económico que corre o risco de se desfazer completamente”, defendem as organizações. Até porque as alterações climáticas descontroladas já estão a a atuar como um “multiplicador de ameaças”, intensificando conflitos ao impulsionar a competição por recursos e forçar as pessoas a deixarem as suas casas.

Referindo-se à encíclica Laudato si’, escrita há dez anos pelo Papa Francisco, a declaração alerta que, se não forem tomadas medidas imediatas para interromper essa espiral descendente, o planeta poderá enfrentar “a sua hora mais sombria”.

O documento recorda ainda que, durante anos, a prioridade foi colocada no lucro em detrimento das pessoas, o que levou à concessão de poder àqueles que beneficiam da destruição e da divisão, constatam as organizações católicas. E essas “indústrias impulsionadas pela necessidade de aumentar as suas margens de lucro tiveram uma influência desproporcional na política”, prosperando com base na “instabilidade, desigualdade, extração implacável e clientelismo oligárquico — deixando para trás terras devastadas, comunidades destruídas e um mundo ferido”.

E agora? Qual o caminho a seguir? A declaração argumenta que os princípios da Doutrina Social da Igreja são diretrizes que “oferecem não apenas clareza moral, mas também orientação prática para a construção de um mundo pacífico e sustentável”. “Traduzir estes valores em ação significa reimaginar os nossos sistemas globais, reformar as instituições financeiras internacionais, eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis e dar prioridade a soluções lideradas pela comunidade em estratégias climáticas e de construção da paz”, defendem as organizações católicas.

E concluem: “Hoje, levantamos a voz para nos unirmos ao Papa Leão, a outros líderes religiosos e a pessoas de boa vontade, pedindo para interromper a marcha em direção à guerra, inverter o rumo, renovar a nossa paixão pela paz e voltar a acreditar que um mundo pacífico é possível; um mundo verde é possível; um mundo melhor é possível”.




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