Ontem fiz a minha habitual ida de autocarro e, de repente,
apercebo-me que um casal de turistas observa com minúcia a beleza arquitetónica
de uma determinada moradia (o autocarro encontrava-se parado). Ao vê-los
comecei a fazer o mesmo. Eu sabia que a avenida em causa tem casa lindíssimas,
mas nunca via, apenas olhava e fiquei a pensar como somos capazes de admirar
algo que vemos pela primeira vez e maravilharmos e, simultaneamente,
habituarmo-nos ao belo como sendo algo que nos é devido.
Na realidade, podíamos estar a fugir de um atentado, como
ocorre no Afeganistão ou na Síria, ou ainda, ir de madrugada para uma fila à
porta de um supermercado para tentarmos arranjar um litro de leite e chegar ao
fim de várias horas e não o conseguirmos porque, entretanto, esgotou à
semelhança do que acontece na Venezuela, sermos presos ou mortos pelas
convicções que temos, etc… Mas não, estávamos tranquilamente a ser conduzidos
por um motorista sem qualquer incómodo por uma avenida repleta de arvoredo e
bastante solarenga. Na verdade, nada fizemos para estarmos nesta belíssima
situação!
É impressionante como temos uma grande facilidade em nos queixarmos:
porque está sol, porque chove, porque os carros não andam, enfim, um cem número
de “desgraças”, reflexo de não sermos pessoas agradecidas. S. Francisco de
Assis foi um mestre nessa área de ver toda a criatura vinda das mãos de Deus e,
por isso, viveu em constante agradecimento.
Mas, o maior dom que recebemos a par da vida é o facto de
podermos, se assim o desejarmos, intimar de uma forma única com o nosso Deus
através da Eucaristia, em particular da Comunhão Sacramental. Santa Teresa de
Jesus dizia que não percebia porque se afirmava que os contemporâneos de Jesus
eram uns felizardos por terem convivido com Ele, pois todos os dias nós o
recebemos e intimamos de um modo único. Infelizmente muitas vezes comungamos
distraídos como se fosse algo muito natural um Deus dar-Se como alimento! Mais
ainda, é com muita pena que observamos muitos fiéis a saírem apressadamente no
final da Missa, sem permanecerem uns minutos agradecer este extraordinário dom
que acabam de receber! Jovens e menos jovens ficam horas à espera a fim de
arranjarem um bilhete para determinados concertos musicais e depois outras
tantas horas para adquirirem um lugar de primazia e usufruírem da melhor forma
a presença do seu ídolo.
Nós regateamos 10 minutos para estarmos com o nosso ídolo, o
nosso Caminho, a nossa Vida! Neste tempo, que para muitos é de férias
procuremos ser mais agradecidos com tudo o que nos oferece cada dia, sobretudo
esta união com Deus, que nos faz, como lembra S. Paulo ser templos do Espírito
Santo.
Maria Guimarães
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