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terça-feira, 31 de julho de 2018

Somos uns Felizardos!

Ontem fiz a minha habitual ida de autocarro e, de repente, apercebo-me que um casal de turistas observa com minúcia a beleza arquitetónica de uma determinada moradia (o autocarro encontrava-se parado). Ao vê-los comecei a fazer o mesmo. Eu sabia que a avenida em causa tem casa lindíssimas, mas nunca via, apenas olhava e fiquei a pensar como somos capazes de admirar algo que vemos pela primeira vez e maravilharmos e, simultaneamente, habituarmo-nos ao belo como sendo algo que nos é devido.

Na realidade, podíamos estar a fugir de um atentado, como ocorre no Afeganistão ou na Síria, ou ainda, ir de madrugada para uma fila à porta de um supermercado para tentarmos arranjar um litro de leite e chegar ao fim de várias horas e não o conseguirmos porque, entretanto, esgotou à semelhança do que acontece na Venezuela, sermos presos ou mortos pelas convicções que temos, etc… Mas não, estávamos tranquilamente a ser conduzidos por um motorista sem qualquer incómodo por uma avenida repleta de arvoredo e bastante solarenga. Na verdade, nada fizemos para estarmos nesta belíssima situação!

É impressionante como temos uma grande facilidade em nos queixarmos: porque está sol, porque chove, porque os carros não andam, enfim, um cem número de “desgraças”, reflexo de não sermos pessoas agradecidas. S. Francisco de Assis foi um mestre nessa área de ver toda a criatura vinda das mãos de Deus e, por isso, viveu em constante agradecimento.

Mas, o maior dom que recebemos a par da vida é o facto de podermos, se assim o desejarmos, intimar de uma forma única com o nosso Deus através da Eucaristia, em particular da Comunhão Sacramental. Santa Teresa de Jesus dizia que não percebia porque se afirmava que os contemporâneos de Jesus eram uns felizardos por terem convivido com Ele, pois todos os dias nós o recebemos e intimamos de um modo único. Infelizmente muitas vezes comungamos distraídos como se fosse algo muito natural um Deus dar-Se como alimento! Mais ainda, é com muita pena que observamos muitos fiéis a saírem apressadamente no final da Missa, sem permanecerem uns minutos agradecer este extraordinário dom que acabam de receber! Jovens e menos jovens ficam horas à espera a fim de arranjarem um bilhete para determinados concertos musicais e depois outras tantas horas para adquirirem um lugar de primazia e usufruírem da melhor forma a presença do seu ídolo.

Nós regateamos 10 minutos para estarmos com o nosso ídolo, o nosso Caminho, a nossa Vida! Neste tempo, que para muitos é de férias procuremos ser mais agradecidos com tudo o que nos oferece cada dia, sobretudo esta união com Deus, que nos faz, como lembra S. Paulo ser templos do Espírito Santo.

Maria Guimarães




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