O “Maio de 1968” fez 50 anos
e a Encíclica Humanae Vitae cumpre a mesma idade,
a 25 de Julho. Ambos polémicos, aparentemente antagónicos, todavia estão
relacionados, pois na verdade o mundo ocidental e não só, sofreu fortes
alterações comportamentais, familiares e antropológicas, como tem de suportar
todos os seus efeitos colaterais.
A revolução sexual então
implementada, prometia o “paraíso na terra”, nomeadamente recorrendo aos
“milagrosos anticoncepcionais” que segundo os seus defensores, evitariam o
recurso ao aborto. Hoje sabemos que não foi assim, antes pelo contrário, esta
prática foi legalizada, fomentada e implementada em muitos continentes como
medida de prevenção de natalidade, de tal forma que hoje vivemos um inverno
demográfico, com escassos nascimentos, num lento suicídio sociológico.
De acordo com muitos
especialistas, também a contracepção artificial acelerou os casos de divórcio,
na Europa estima-se que em cada 30 segundos se dá uma ruptura conjugal.
Ao contrário do que se
defendia, esta medida preventiva da gravidez, só libertou o homem de
responsabilidades, pois à mulher cabe-lhe tomar o que for necessário e proceder
ao que for preciso como forma de afirmar a “sua liberdade”, não reconhecendo
que está cada vez mais vitimizada pelas nefastas consequências, nas quais se
podem incluir a violência sexual e doméstica e a pornografia que afecta
mulheres, crianças e também homens.
Nas mãos dos governos, esta estratégia abortiva tornou-se
altamente perigosa, no chamado terceiro mundo tem havido uma pressão muito
forte dos produtores destes produtos anticonceptivos, para controlar a
população, aliados a lobiies poderosos que pressionam os Estados para promover
estas medidas de educação e controlo sexual, tal como agora o fazem na Europa e
na América Latina, para implementar no ensino e na saúde a “Ideologia do Género”*.
Cinquenta anos depois de tantas liberdades, de sexo
seguro resta muito pouco, aliás as doenças sexualmente transitiveis proliferam
entre jovens, em cada dia mais de um milhão de pessoas em todo o mundo contraem
infecções por transmissão sexual, afectando
a sua estabilidade psicológica, afectiva e reprodutiva, com excessos de gastos
na saúde publica.
Cinquenta anos depois temos de reconhecer como
foi profética a Encíclica Humanae Vitae,
do Papa Paulo VI, as suas preocupações infelizmente concretizaram-se. Não
obstante ser muito criticada e mal aceite por alguns círculos, em virtude de
refrear todas as iniciativas da nova onda de modernidade, um facto é que hoje é
muito palpável a hecatombe que estes movimentos modernos provocaram, no âmbito
da promiscuidade moral, sexual e mental.
Pode parecer muito forte esta afirmação, reacionária,
conservadora ou homofóbica, como hoje é vulgar chamar, mas basta olharmos em redor
e ver o que os canais de televisão e muitas revistas nos vendem a todo o
momento, para percebermos que temos andado um pouco alheados de toda esta trama
política, sexual e comercial.
Talvez
o grande ataque destas pressões seja dirigido simplesmente à Igreja Católica,
alvo a abater ou a combater, na medida em que é ainda uma força a favor da
família, do matrimónio, da educação, da moral, dos valores, por isso todos os
Papas se têm pronunciado acerca destas tendências anticristãs, quer seja na
educação, nas religiões alternativas – New Age, etc,.
Há cinquenta anos, Paulo VI encheu-se de coragem e
publicou a sua advertência à humanidade. Hoje ouso recordar que Ele era Pedro,
sabia os perigos que o mundo estava a correr, mas também sabia que tinha uma missão
a cumprir". Tu
és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno
nunca prevalecerão contra ela" (Mateus 16,18).
*A
Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento das Nações Unidas
(CIPD) foi realizada no Cairo, Egito, de 5 a 13 de setembro de 1994. A Conferência Mundial sobre a Mulher:
Igualdade, Desenvolvimento e Paz foi um encontro organizado pelas Nações Unidas entre 4 de setembro
e 15 de
setembro de 1995
em Pequim,
China.
Suzana
Maria de Jesus
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