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sexta-feira, 20 de julho de 2018

A Inveja…


Conforme a definição clássica, que consta no parágrafo 2538 do Catecismo da Igreja Católica, a inveja é a tristeza sentida diante do bem do outro. Perante isto, notamos que a marca da inveja é a tristeza, mas não aquela causada por algo mau que tenha acontecido (uma doença, a morte de alguém querido etc), mas por algo bom, ou seja, o bem ou o dom do outro.

Notamos então que o invejoso é infeliz!

Conforme São Tomás de Aquino, a inveja tem como característica o facto de que o bem alheio é considerado um mal próprio. A tristeza advém do facto de que ao olharmos o bem do outro que não temos, nos sentimos menores ou inferiores a ele, e o julgamos feliz em razão desse bem. Com isso, o coração que alimenta a inveja vai - se tornando triste, inconformado com o que não tem, o que leva à revolta ou a um estado constante e doentio de competição com o outro, a ponto de chegar a odiar e até a desejar mal. A inveja é como uma árvore que tem raízes e frutos. A raiz da inveja é a vanglória, que por sua vez, conforme São Tomás de Aquino, tem a sua raiz no orgulho. A vanglória é o desejo de se destacar em função do brilho e não do bem em si mesmo. Por outro lado, os frutos da inveja são: a maledicência, que consiste em falar mal e difamar, injustamente…

Conforme Francisco Faus coloca em seu livro “A Inveja”, o invejoso é como um beija-flor que entra em uma sala com cinco portas de vidro, mas sem saber distinguir quais estão abertas, ele insiste em sair exatamente pela que está fechada, a porta da inveja, até que de tanto bater no vidro, cai semi-morto no chão, sem perceber que há outras quatro portas abertas, que conduzem à verdadeira liberdade e felicidade.

A primeira porta é chamada a PORTA DA GRATIDÃO, que nos ensina que na vida, ao invés de motivo para inveja, temos muitos motivos para a gratidão.

São Paulo, ensina-nos em sua carta aos Efésios: “Rendei graças sem cessar e por todas as coisas a Deus Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (2). Sem dúvida, esse é um ensinamento, e diria até, uma ordem de São Paulo, que nos leva para a liberdade de filhos de Deus, de filhos que confiam no amor do Pai, pois, como dizia São Josemaria Escrivá, o fundador do Opus Dei “De Deus não me pode vir mal algum”, e “Que estejam tristes, os que não se sabem filhos de Deus, os que não se sabem amados por Deus”.

A segunda porta é a FIDELIDADE À NOSSA VIDA, que significa que temos que valorizar e tirar o máximo proveito do que temos, e não nos lamentarmos pelo que não temos. Juntamente com a gratidão, sendo fiéis à nossa vida, saberemos aproveitar e fazer frutificar os talentos que recebemos de Deus; ao invés, ficaremos a olhar para o que os outros têm, o que não nos levará a lugar algum, além da tristeza e frustração.

A terceira porta é o AMOR GENEROSO, pois a Caridade, assim como a inveja, tem como objetivo o bem do próximo, porém em sentido oposto, pois a caridade alegra – se com o bem do outro, enquanto a inveja se entristece. Sendo assim, como caminham em sentidos opostos, a caridade é um antídoto da inveja, pois aquele que ama alegra-se com a riqueza, o sucesso e a grandeza do amado, de tal modo que a inveja não tem lugar onde está o amor.

A quarta porta:  AS BEM-AVENTURANÇAS. Jesus Cristo sabia  da sede de felicidade que há no coração de cada homem, de cada mulher, por isso Ele inicia a Sua pregação com o famoso Sermão da Montanha (3), em que Ele nos dá o caminho para a felicidade, segundo o projeto de Deus, que está baseado no amor verdadeiro, que é oposto ao que o mundo hoje nos propõe, que está baseado no orgulho, que, como já vimos, é a raiz da inveja.

Em suma, se tivermos a coragem de optar pelo caminho traçado por Jesus Cristo nas Bem-Aventuranças, iremos vencendo a inveja  e, consequentemente,  toda a tristeza que ela traz consigo, e a felicidade anunciada realizar-se-á nas  nossas vidas.

O que cabe a cada um de nós é a cultura da sinceridade, da bondade e honestidade, de modo a reconhecermos e banirmos a mais pequena sombra de inveja que espreita em nossos corações, para, a partir daí, confiantes na misericórdia de Deus, buscar e procurar as portas que Ele mesmo nos abriu, para que sejamos o que Ele quer que sejamos: - Felizes!

Maria Helena Marques
Prof.ª Ensino Secundário



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