Foto Arlindo Homem/AE, Festival Terras Sem Sombra, Odemira |
Padre Manuel Pato, pároco de Odemira, considerou o concerto de
música portuguesa de invocação mariana um «átrio» de evangelização
Odemira, 06 mar 2017 (Ecclesia) – O pároco de Odemira considerou o
concerto de música de inspiração mariana dinamizado pelo Festival
‘Terras sem Sombra’ na igreja matriz de São Salvador “um momento de
anúncio” e de evangelização.
“Pela música passa a palavra. Na palavra passa o mistério que a música
sacra, sobretudo a que aqui foi transmitida faz viver e notou-se essa
abertura a muita, muita gente que não digo que não tenha fé mas no fundo
não a vive e não a pratica”, disse o padre Manuel Pato à Agência
ECCLESIA.
Na igreja matriz de São Salvador, após o concerto de música portuguesa
de invocação mariana dos séculos XVI, XVII e XVIII, o sacerdote explicou
que tinha acabado de se assistir a um momento de “anúncio” no tempo da
Quaresma e no âmbito do centenário das Aparições de Fátima.
“Especialmente chegando aquelas gentes, aqueles povos, que
habitualmente não entram dentro desse mistério sobre a Palavra mas que
se abre a partir da música para esse dinamismo também de evangelização”,
desenvolveu o sacerdote.
O Festival «Terras sem Sombra» é dinamizado pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja.
A organização promoveu um concerto com o recém-fundado ensemble
‘Polyphonos’ que revisitou música portuguesa de inspiração mariana dos
séculos XVI-XVIII, alguma produzida por autores nascidos no
Baixo-Alentejo.
O diretor artístico do concerto explicou que o espetáculo de inspiração
mariana surgiu no contexto do Centenário das Aparições em Fátima mas
escolheu ainda músicas para assinalar os 300 anos da elevação da Diocese
de Lisboa a Patriarcado.
Segundo José Bruto da Costa privilegiaram “apenas e só peças que fossem
orações a nossa senhora” e destacou o ‘Sancta Maria’, antífona do
Magnificat de Estêvão de Brito.
“Não é muito musicado e evoca a parte cimeira da sociedade mas ainda
assim é um texto muito democrático para a época clamando pelas preces de
Nossa Senhora às diversas pessoas na sociedade”, disse à Agência
ECCLESIA.
O barítono e musicólogo realçou também o ‘Stabat Mater’, de João
Rodrigues Esteves, um texto que fala da “dor de Maria perante a dor do
filho crucificado” e é “bem-disposto, animado”.
“Foi um desafio que foi abraçado com muito entusiasmo e pela reação do público gostaram”, acrescentou José Bruto da Costa.
A soprano Raquel Alão explicou que o ensemble nasceu de um convite da
organização do festival e quis levar a Odemira os amigos com quem faz
“música há muito tempo”.
“Fiquei profundamente satisfeita com o concerto, com a forma como
decorreu, com o trabalho que fizemos”, analisou Raquel Alão à Agência
ECCLESIA.
Segundo o diretor artístico do Festival ‘Terras sem Sombra’, Juan Ángel
Vela del Campo, o concerto de polifonia deste sábado, 4 de março, foi
“muito importante” porque para além de ser de “música portuguesa” foi
“bem interpretada”, dos cantores aos instrumentistas, por “um grupo
jovem”.
Para o pároco de Odemira os concertos na igreja, sobretudo no Alentejo,
proporcionam também a abertura “à sensibilidade para os monumentos”.
“É um património que é de todos, está à guarda da Igreja que preserva
mas todos têm uma responsabilidade na sua intervenção e conversação”,
referiu o padre Manuel Pato.
A 13.ª edição do festival ‘Terras sem Sombra’
intitulada ‘Do espiritual na arte – Identidades e práticas musicais na
Europa dos séculos XVI-XX’ esteve este sábado e domingo, dias 4 e 5, em
Odemira, vai passar ainda por mais seis municípios terminando pelas
18h30 de 1 de julho, no Centro de Artes de Sines.
CB
in
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