Mais uma reflexão de Quaresma, um pequeno exame de consciência todos os
dias: ‘Senhor, que teve tantos sonhos para mim, eu sei que me afastei,
mas me diga onde, como voltar’
Sta Marta (Fto Osservatore © Romano) |
(ZENIT – Cidade do Vaticano, 30 Mar. 2017) – A “desilusão de Deus”
perante a infidelidade dos crentes, que cedem à tentação de criar novos
ídolos, este foi o centro da homilia da missa celebrada nesta
quinta-feira pelo Papa, na capela da Casa Santa Marta.
O povo é o “sonho de Deus. Sonhava porque amava”. Aquele povo, porém,
trai os sonhos do Pai e Deus “começa a se sentir desiludido” e pede a
Moisés para que desça da montanha onde subiu para receber a Lei. O povo
“não teve a paciência de esperar Deus” e fizeram-lhe um bezerro de ouro.
Um deus “para se divertir” e se esqueceram do “Deus que os salvou”.
“Esquecer Deus que nos criou, que nos fez crescer, que nos acompanhou
na vida: esta é a desilusão de Deus. E muitas vezes no Evangelho, nas
Parábolas, Jesus fala daquele homem que faz um vinha e depois faliu,
porque os operários a queriam para si. No coração do homem, há sempre
esta inquietação! Não está satisfeito com Deus, com o amor fiel. O
coração do homem está sempre orientado para a infidelidade. Esta é a
tentação.”
Deus, por meio de um profeta repreende este povo: “E há a desilusão
de Deus: a infidelidade do povo… E também nós somos povo de Deus e
conhecemos bem como é o nosso coração e todos os dias devemos retomar o
caminho para não escorregar lentamente em direção aos ídolos, às
fantasias, à mundanidade, à infidelidade. Creio que hoje nos fará bem
pensar no Senhor desiludido: ‘Diga-me, Senhor, está desiludido comigo?’.
Com certeza sim, por algum motivo. Mas pensar e fazer esta pergunta”.
Deus tem “um coração terno, um coração de pai”. Por isso, devemos nos
perguntar se “Deus chora por mim?”, se “está desiludido comigo?”, se
“me afastei do Senhor?”.
“Quantos ídolos tenho dos quais não sou capaz de me desfazer, que me
escravizam? Esta idolatria que temos dentro de nós… E Deus chora por
mim. Pensemos hoje nesta desilusão de Deus que nos fez por amor e nós
vamos em busca de amor, de bem-estar, de conforto em outro lugar e não
em Seu amor. Nós nos afastamos deste Deus que nos criou. E esta é uma
reflexão de Quaresma. Isso nos fará bem. E isso, fazê-lo todos os dias;
um pequeno exame de consciência: ‘Senhor, que teve tantos sonhos para
mim, eu sei que me afastei, mas me diga onde, como voltar…’. E a
surpresa será que Ele sempre nos espera, como o pai do filho pródigo,
que o viu chegar de longe porque o aguardava”.
in
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