“Retribuir nos irmãos, com o pouco que nos é possível, o muito que recebemos Dele todos os dias”
(ZENIT – Cidade do Vaticano, 15 Mar. 2017).- Depois da semana
dedicada ao retiro quaresmal, em sua catequese o Pontífice retomou esta
quarta-feira o tema da esperança cristã, inspirando-se na carta do
Apóstolo Paulo aos Romanos (Rm 12, 9-13) que fala da alegria de amar.
O grande mandamento que Jesus deixou é amar a Deus e o próximo como a
nós mesmos. “Somos chamados ao amor, à caridade. Esta é a nossa vocação
mais alta, a nossa vocação por excelência”, recordou Francisco.
Todavia, na Carta aos Romanos que acabamos de escutar o Apóstolo nos adverte que há o risco de a nossa caridade ser hipócrita.
“A hipocrisia pode se insinuar de várias maneiras, inclusive no nosso
modo de amar”, alertou. E “devemos perguntar-nos: quando é que isto
ocorre? E como podemos estar seguros que o nosso amor seja sincero, que a
nossa caridade seja autêntica?”.
Isso se verifica quando somos movidos por interesses pessoais, e
sentirmos por conseguinte satisfeitos ou recompensados com a nossa obra
perante aos outros, promovendo assim a nossa visibilidade, por amor
interesseiro ou um ‘amor de novela’.
Por detrás de tudo isto, adverte o Papa, “reside uma falsa ideia, uma
ideia enganadora que consiste em pensar que se nós amamos é porque
somos bons; como se a caridade fosse uma criação do homem”.
A caridade não é uma criação humana. Pelo contrário, é antes de tudo
“uma graça; não consiste em mostrar aquilo que não somos, mas aquilo que
o Senhor nos dá e que nós de forma livre acolhemos”.
E “não se pode exprimir no encontro com os outros se antes não for
gerado no encontro com o rosto humilde e misericordioso de Jesus”.
“O Senhor -disse o Papa– abre diante de nós um caminho de libertação,
de salvação. É a possibilidade de viver e de vivermos também nós, o
grande mandamento do amor, de tornarmo-nos instrumentos da caridade de
Deus”. E “isto acontece quando deixamo-nos curar e renovar pelo coração
de Cristo”.
Paulo convida-nos a reconhecer que somos pecadores e que também a nossa maneira de amar está marcada pelo pecado.
E então se compreende que tudo o que podemos viver e fazer pelos
irmãos nada mais é do que a resposta àquilo que Deus fez e continua
fazendo por nós: o Senhor abre diante de nós uma via de libertação, de
salvação, e dá também a nós a possibilidade de viver o grande mandamento
do amor servindo aqueles que todos os dias encontramos no nosso
caminho, a começar pelos últimos e pelos mais necessitados, nos quais
Ele se reconhece por primeiro.
Somente assim voltaremos a apreciar as pequenas coisas, simples, de
todos os dias; e seremos capazes de amar os outros como Deus os ama,
isto é, procurando apenas o seu bem.
Deste modo nos sentiremos felizes por nos aproximarmos do pobre e do
humilde, contentes por nos debruçarmos sobre os irmãos caídos por terra,
a exemplo de Jesus.
“Aqui está o segredo para ‘sermos alegres na esperança’: porque temos
a certeza de que, em todas as circunstâncias, inclusive nas mais
adversas, e apesar das nossas faltas, o amor de Deus por nós não
esmorece”.
“E assim, certos de sua fidelidade inabalável, vivemos na alegre
esperança de retribuir nos irmãos, com o pouco que nos é possível, o
muito que recebemos Dele todos os dias.”
in
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