Santa Sé divulgou carta enviada por Francisco aos bispos de todo o mundo
Cidade do Vaticano, 02 jan 2017 (Ecclesia) - O Papa enviou uma carta
aos bispos católicos de todo o mundo, divulgada hoje pelo Vaticano, na
qual convida estes responsáveis a lutar pelos direitos das crianças e
reforça a “tolerância zero” para casos de abusos sexuais.
“Revistamo-nos da coragem necessária para promover todos os meios
necessários e proteger em tudo a vida das nossas crianças, para que tais
crimes nunca mais se repitam. Assumamos, clara e lealmente, a
determinação ‘tolerância zero’ neste campo”, apela Francisco, numa
missiva assinada a 28 de dezembro, dia em que a Igreja celebra a festa
dos Santos Inocentes.
A carta evoca o sofrimento dos menores que foram abusados sexualmente
por sacerdotes, falando num pecado que “cobre de vergonha” a Igreja
Católica.
“Deploramos isso profundamente e pedimos perdão. Solidarizamo-nos com a
dor das vítimas e, por nossa vez, choramos o pecado: o pecado que
aconteceu, o pecado de omissão de assistência, o pecado de esconder e
negar, o pecado de abuso de poder”, escreve o Papa.
Francisco pede o “empenho total” de todos os responsáveis católicos para que tais “atrocidades” não voltem a acontecer.
O texto recorda os sofrimentos de milhões de crianças vítimas da fome, da guerra, das migrações forçadas e do tráfico humano.
“Uma inocência dilacerada sob o peso do trabalho ilegal e escravo, sob o
peso da prostituição e da exploração”, denuncia o Papa.
A carta evoca milhares de crianças que caíram nas mãos de “máfias, de
mercadores de morte”, bem como os milhões de menores que tiveram de
interromper a sua instrução.
Francisco sublinha que em 2015, 68% das pessoas objeto de tráfico
sexual no mundo eram crianças e que metade das crianças que morrem com
menos de 5 anos são vítimas de desnutrição.
“Segundo o último relatório elaborado pela UNICEF, se a situação
mundial não mudar, em 2030 serão 167 milhões as crianças que viverão em
pobreza extrema, 69 milhões de crianças com menos de 5 anos morrerão
entre 2016 e 2030, e 60 milhões de crianças não frequentarão a
escolaridade básica”, alerta.
A carta conclui-se com um apelo a “proteger a vida, especialmente a dos
santos inocentes de hoje”, para que não lhes “roubem a alegria”.
“O Natal é um tempo que nos desafia a guardar a vida e ajudá-la a nascer e crescer; a renovar-nos como pastores corajosos”, diz o Papa aos bispos católicos.
OC
in
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