As cidades são locais onde as oportunidades no sentido de se alcançar a prosperidade e o bem-estar coexistem com as desigualdades entre os mais ricos e os mais pobres. Torna-se mais fácil nas cidades aumentar o rendimento, progredir na carreira, aumentar o nível de habilitações académicas ter um maior acesso aos diferentes serviços e estruturas, aos espaços culturais e de lazer, entre muitos outros pontos positivos. Mas será assim para todos?
Não é de todo verdade, ou seja, as desigualdades são enormes. Numa época em que a OCDE- (Organização para a Cooperação Económica e o Desenvolvimento) cujo lema é: “Melhores Políticas para melhores Vidas”, propõe uma nova abordagem para o crescimento que assegure que nenhuma parte da sociedade deve ser deixada para trás…acrescentando ainda que melhorar as condições de alojamento, garantir a educação, promover o emprego, criar uma boa rede de transportes, são os principais fatores a ter em conta quando se pretende promover a igualdade social nas cidades sendo que: “As cidades são inclusivas quando todos os grupos contribuem e beneficiam”.
É verdade esta caracterização prende-se com várias necessidades sentidas ao nível das nossas cidade e não só. Claro que me refiro, sobretudo, na perspetiva dos mais idosos e das famílias questionando as condições existentes nas cidades. Em 2030, prevê-se que dois terços da população global vivam nas cidades, sendo que estas áreas urbanas são essenciais para o desenvolvimento social, para a prosperidade económica e para a erradicação da pobreza. Os centros urbanos albergam a maioria da população de cada país, esperando-se mesmo que em 2050, cerca de 70% da humanidade viva em cidades.
As cidades e as comunidades são lugares nos quais vivemos, partilhamos, criamos, construímos e sonhamos juntos. Vamos torná-las mais sustentáveis, inclusivas e prósperas para todos. (Ban ki-moon ONU).
As cidades são inclusivas quando constituem uma resposta que contemple o desafio demográfico, promovendo a sustentabilidade das suas famílias, tendo igualmente uma resposta eficaz às necessidades específicas das crianças e dos idosos, promovendo igualmente as relações intergeracionais.
Inverter os processos de exclusão social e de pobreza, através da educação e da qualificação, da promoção do pleno emprego, do acesso à habitação, aos diferentes serviços e equipamentos, às acessibilidades (recordo as dificuldades com que se confrontam nas nossas cidades muitos idosos e deficientes que são obrigados a permanecer em casa por falta de condições de acessibilidade, as cadeiras de rodas que não conseguem circular, os elevadores ou as suas alternativas que são escassos, sendo que há muito a fazer nesta área no sentido de eliminar todas as barreiras arquitetónicas, entre elas, os nossos passeios com necessidade de adequação às novas realidades existentes), entre muitos outros aspetos relacionados com a promoção do bem-estar social, da proteção do meio ambiente.
O que deu origem à narrativa deste artigo, teve por base um convite recebido para participar numa sessão promovida pelo Departamento dos Assuntos Económicos e Socias para Políticas de Desenvolvimento, no dia 6/2/2017, na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, subordinada ao tema ”Cidades Inclusivas para Famílias Sustentáveis”, Uma resposta Adequada ao Desafio Demográfico.
Também se prende com o ter assistido a uma conferência que tinha por base a humildade. Referiu o conferencista: “Devemos aprofundar mais a humildade, que constitui a porta da caridade, que se encontra na base de todas as outras virtudes”, referiu ainda: “Deus é Amor. Os sinais do Amor de Deus no mundo e em cada um de nós. O Amor de Deus é inseparável ao amor aos outros”. Recordou as palavras de Jesus: “Dou-vos um mandamento novo. Que vos ameis uns aos outros como Eu vos Amei”. O conferencista questionou ainda se, passo a citar: “se nós transmitimos à nossa volta a bondade, a ternura do Amor de Deus, num crescendo concreto com obras”. São Josemaria no livro A Forja refere que “Devemos pedir a Deus a fé, a esperança, a caridade, com humildade…A humildade nasce do fruto do conhecimento de Deus e do conhecimento de si próprio”.
Estas considerações levam-me a pensar se vemos Jesus nos mais necessitados, se procuramos dar o nosso contributo. A meditação do amor de Jesus deve-nos ajudar a viver a caridade com todos.
“Enquanto país integrado na União Europeia cujo lema cujo lema consiste em “Unidade na Diversidade” por que se anseia com a diversidade própria de cada um, valorizando as tradições individuais; tomando consciência da sua história e das suas raízes libertando-se de tantas manipulações e fobias…É preciso ter sempre em mente a arquitetura própria da União Europeia assente sobre os princípios da solidariedade e da subsidiariedade, de tal modo que prevaleça a ajuda recíproca e que seja possível caminhar animados por mútua confiança.
Mas, então, como fazer para se devolver a esperança no futuro, de modo que, a partir das novas gerações, se reencontre a confiança para perseguir o grande ideal de uma Europa unida e em paz, criativa e empreendedora, respeitadora dos direitos e consciente dos próprios deveres?
Um dos famosos frescos de Rafael que se encontram no Vaticano representa a chamada Escola de Atenas. No centro estão Platão e Aristóteles. O primeiro com o dedo apontado para o alto, para o mundo das ideias, poderíamos dizer o céu, o segundo estende a mão para a frente, para o espetador, para a terra, a realidade concreta…o céu indica abertura ao transcendente…a terra representa a sua capacidade de enfrentar as situações e problemas”… (Discurso do Papa Francisco no Parlamento Europeu).
Maria Helena Paes |
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