Sou professora numa escola pública e há uma semanas atrás estava eu a dar um apoio educativo a uma aluna com Necessidades Educativas Especiais quando no fim deste mesmo apoio esta discente toda orgulhosa me mostra o seu trabalho em PowerPoint sobre Educação Sexual, tal deve ter sido a cara que eu fiz de espanto e de horrorizada que a aluna tristemente me questionou: “A professora não gosta? Não está bonito?” Eu respondi: “Não, está muito bonito, o que eu não concordo é com o que escreveste”. De facto, todo a mensagem era um forte apelo ao uso do preservativo, isto é, está – se a incitar que crianças de onze anos usem o seu corpo sem problemas só é preciso usarem o preservativo. A necessidade da educação sexual é algo inquestionável ainda, recentemente na última Exortação Apostólica ”Amoris laetitia”, o Papa Francisco confirma o valor imenso desta educação que cuida de um “são pudor”, resguardando a interioridade da pessoa evitando que esta seja transformada num objecto. Ora, nos programas actuais das escolas públicas esse resguardar da intimidade está completamente ausente. Todo o discurso gira em torno da prevenção e não coloca o acto sexual como a manifestação externa de uma pré aceitação do outro como o seu companheiro para toda a vida, de já não serem dois mas um só, estando abertos à geração de novas vidas, e isto só é possível a partir do matrimónio. Assim, muitos jovens podem estar a ser confrontados com dois discursos antagónicos: o do prazer a qualquer custo dado pelas escolas e o do respeito pela sua pessoa como um todo e, como consequência, pelo recato do seu corpo, dado pelos pais. E isto porque os pais não puderam optar pelo tipo de educação sexual que os seus filhos deveriam receber. A escola é um facilitador na educação dos jovens, deve ser vista como um complemento, isto é a escola forma os jovens nas matérias em que os pais não o podem fazer mas deve ser sempre vista como uma ajuda, uma companheira de caminhada neste processo educativo e não uma substituta. Por isso nunca pode estar em contradição com o querer dos pais. Que liberdade é esta em que os pais se confrontam com ensinamentos contrários às suas convicções? Por isso, apesar de ser docente do ensino público, não posso deixar de estar do lados de todos aqueles que pretendem um outro projecto educativo que não o das escolas públicas e, não é justo que pelo facto de não ter condições financeiras, os pais não possam escolher o projecto educativo que, no seu entender, mais se adeque à educação que eles pretendem dar aos seus filhos.
Os pais devem escolher o estabelecimento de ensino público ou privado, que pensem ser o mais ajustado para a educação que querem dar a seus filhos e se não têm poder económico para a escolha pretendida é dever do Estado garantir que essa escolha se realize, através do adequado financiamento. Para isso se paga impostos.
Se os pais não podem escolher o projecto educativo para os seus filhos eu pergunto: Liberdade, onde estás tu?
Maria Guimarães Moreira
Professora
Sem comentários:
Enviar um comentário