Francisco comenta o seu encontro com os refugiados, fala sobre migração e das famílias que vieram com ele no avião
El Papa Viaja A Lesbos @L'Osservatore Romano |
Em sua viagem de volta para a ilha grega de Lesbos o Papa Francisco
respondeu no avião, durante uns 25 minutos, às perguntas dos jornalistas
que o acompanharam, especialmente sobre os 12 refugiados que o Santo
Padre levou no avião para a Itália.
Imigrantes e integração
O Papa esclareceu que “estas três famílias tinham os documentos
válidos e poderia fazer isso. Havia duas famílias cristãs que não tinham
documentos válidos… Não é um privilégio, todos são filhos de Deus”. E
sobre o fato de que os terroristas sejam filhos ou netos de imigrantes
muçulmanos disse: “Não tem havido uma política de integração”.
O Papa disse entender que alguns povos tenham um pouco de medo dos
imigrantes. “E um dos aspectos é justamente como integrar essas pessoas.
Sempre disse que fazer muros não é uma solução; no século passado vimos
a queda de um… Nada se resolve. Devemos fazer pontes, mas as pontes se
fazem de forma inteligente, com o diálogo, a integração”.
Os desenhos das crianças
O Papa mostrou alguns dos desenhos que as crianças lhe deram e
destacou que depois de ver o campo de refugiados “dava vontade de
chorar. O que essas crianças querem? Paz”. E mostrou: “Este é um desenho
no qual se vê uma criança se afogando. Isso é o que têm no coração;
hoje, realmente, tinha vontade de chorar”.
Refugiados ou migrantes
Alguns fogem da guerra e outros da fome, “ambos são efeito da
exploração”. O Pontífice destacou que é necessário “fazer obras boas
tanto para aqueles que fogem das guerras quanto para aqueles que fogem
da fome”.
Sobre os 12 refugiados que voltavam com ele no voo, o Santo Padre
disse: “Não repondo com uma frase minha. Perguntaram-lhe à Madre Teresa
de Calcutá: por que tanto esforço e tanto trabalho só para acompanhar as
pessoas a morrer? E ela: é uma gota de água no mar, mas depois dessa
gota o mar já não será o mesmo”.
Política económica de austeridade
Sobre o tema Francisco disse que quando fala de austeridade refere-se
a evitar o desperdício. “Ouvi na FAO que com a comida desperdiçada
seria possível resolver a fome no mundo, e nós, na nossa casa, quantos
desperdícios fazemos sem querer! É esta a cultura do descartável e do
desperdício. Uso a austeridade no sentido cristão”.
O candidato Sanders
O Papa disse que neste sábado 16, quando saia do seu quarto rumo ao
aeroporto, lá “estava o senador Sanders, que veio ao congresso sobre a
“Centessimus annus”. Esclareceu que a saudação foi “só um aperto de
mãos. Isso se chama educação, não política. Se alguém acredita que
cumprimentar é interferir na política, eu recomendo que procure um
psiquiatra”.
Amoris laetitia
Questionado sobre a exortação “Amoris laetitia” e se algo mudo para
que os casais separados e recasados pudessem receber os sacramentos, o
Papa respondeu: “Eu posso dizer que sim. Mas seria uma resposta muito
pequena. Recomendo-lhes que leiam a apresentação do documento que fez o
cardeal Schönborn, que é um grande teólogo e que trabalhou na
Congregação para a Doutrina da Fé”.
E sobre a razão pela qual a exortação colocar em uma nota e não no
texto o tema do acesso aos sacramentos dos divorciados novamente
casados, o Santo Padre disse:
Quando convoquei o primeiro Sínodo, a grande preocupação da maior
parte dos meios de comunicação era: poderão comungar os divorciados que
voltaram a casar? Como eu não sou santo, isso me deixou um pouco
irritado e triste. Porque esses meios de comunicação não se dão conta de
que não é esse o problema importante. A família está na crise, os
jovens já não querem se casar, há uma diminuição da natalidade na Europa
que é para chorar, a falta de trabalho, as crianças crescem sozinhas…
Estes são os grandes problemas. Não me lembro dessa nota, mas se está em
uma nota é porque se trata de uma citação da “Evangelii Gaudium”.
in
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