“Jamais homem algum falou assim; – diziam os Cardeais a respeito de
Catarina – não é uma mulher que fala; é o Espírito Santo que fala pela
sua boca”
Catarina de Sena nasceu em 1347, na aldeia de Fontebranda
(Sena-Itália). Era filha de Giácomo Benincasa e de Mona Lapa. Este
casal teve 25 filhos.
Mas antes de aprofundarmos um pouco na vida de Santa Catarina de Sena, vamos entender o contexto histórico em que viveu.
No século XIV, de 1300 até 1400, a Igreja passou por momentos muito
difíceis, especialmente para o berço do cristianismo, a Europa. Este
foi o século da pior epidemia que a Europa experimentou. (Naquele então
a Peste Negra matou cerca de um terço da população que habitava o
continente).
Por volta de 1309 o papado foi transferido para a cidade de Avignon,
na França, porque Roma se encontrava em grandes conflitos. Várias
famílias da nobreza romana disputavam o poder entre si, e acabavam por
conseguirem nomear bispos, cardeais na intenção de obter o poder em Roma
por meio da Igreja. Além disso, a Itália estava sendo invadida ao sul
pelos muçulmanos e ao norte pelos normandos. Ficando assim, o estado
pontifício ameaçado de muitas formas e lados.
Foi aí que o papado foi transferido para Avignon. Porém, essa
transferência não foi boa, porque ali os papas ficaram por cerca de 70
anos subjugados aos reis franceses. Um deles, o rei Filipe IV, chegou
até prender o papa Bonifácio VIII.
Foi neste século também, que tivemos o “Grande Cisma do Ocidente”,
onde se teve papas e antipapas e até três papas ao mesmo tempo.
Se olharmos para a história da Igreja, veremos momentos negros, luzes
e sombras… Mas podemos ter a certeza de que as luzes são muito
maiores. Cristo quis assim, Cristo quis que a história da Igreja, que a
salvação humana fosse através de todas as circunstâncias humanas.
Veremos Deus levantando grandes homens e mulheres, verdadeiros santos a
iluminar a Igreja no meio de todas as tormentas; os pecados dos seus
filhos, as heresias, as perseguições… Mas sempre veremos a Igreja
renascendo como que na primavera.
E foi especialmente pelo trabalho de duas grandes Santas, Santa
Brígida da Suécia e Santa Catarina de Sena, esta última cuja festa
celebramos hoje, que vemos a Igreja se levantando no século XIV.
Santa Catarina foi até o papa Gregório XI e exortou o Sumo Pontífice a
sair do exílio em Avignon e voltar para Roma, a fim de devolver a
unidade ao povo católico. Com autoridade e respeito, disse ao papa que
chegava a sentir o odor fétido do inferno em sua corte. E assim fez o
papa Gregório XI.
Catarina, desde muito pequenina ouvia o chamado de Deus. Ela que
passou sua infância em silêncio, penitência e oração. Não se preocupava
com as coisas com que normalmente despendiam seus familiares. Ainda com
sete anos, ansiando entregar-se exclusivamente a Deus, sem nenhuma
ligação com o mundo aborrecedor dos homens, Catarina suplicou à Virgem
Maria que a conservasse casta, a fim de tornar-se esposa de Jesus.
“Amo-O com toda minha alma – dizia a Nossa Senhora – e prometo a Ele e a
Ti jamais aceitar outro esposo”.
Para fugir de seus pais, que queriam vê-la casada, Catarina cortou
sua longa cabeleira, sem lhes dizer uma palavra. Pois esta estava
decidida a ser esposa unicamente de Cristo.
Enquanto pensava na vida religiosa das grandes Ordens, São Domingos
apareceu-lhe em sonho e prometeu-lhe, que, mais tarde ela iria ser
recebida na sua grande família espiritual.
Aos 16 anos, depois de muitas instâncias, Catarina foi admitida,
então, na Ordem Terceira de São Domingos. E não demorou muito para que
sua vida de virtudes atraísse as pessoas à sua volta. Em torno dela,
disse o Papa Bento XVI, “foi-se constituindo uma verdadeira família
espiritual”. Ela, que amava a todos, com um coração verdadeiramente
maternal.
E foi nesta entranha maternal que Catarina, naquele tempo, em que a
terrível peste corporal assolava por toda a parte e uma outra peste
espiritual, não menos deplorável, provocavam uma enorme decadência no
seio da Igreja, ajudou em muito, socorrendo o povo italiano, que sofria
com essa peste mortífera e com igual amor socorreu a Igreja que, com
dois Papas, sofria cisão, até que Catarina, santamente, movimentou os
céus e a terra, conseguindo banir toda confusão.
Uma Santa que sequer sabia ler e escrever… Mas o Senhor a dotava de
graças extraordinárias que ia permitindo-lhe cumprir perfeitamente a sua
missão na Igreja e no mundo.
Assim lhe dissera Jesus: “Minha filha bem-amada, dei-te uma vida
nova. A minha graça transbordando, para o teu corpo, comunicar-lhe-á um
modo de existência extraordinário e obrarás prodígios maravilhosos… A
tua linguagem será outra, o teu espírito esclarecido. Viajarás; viverás
entre a multidão; alguns enviar-vos-ei a ti, outros enviar-te-ei a eles.
Levarás o meu nome aos nobres e aos clérigos e aos Pontífices.
Governarás o povo cristão a fim de que a tua fraqueza confunda os
orgulhosos. Por ti salvarei muitas almas. Não temas nada, eu estou
contigo”.
E de fato, ela não temeu! Santa Catarina ditava as suas numerosas e
variadas cartas, simultaneamente a dois ou três secretários. Ditava sem
interrupção e sobre assuntos diferentes e a pessoas também diferentes:
ao Papa, a Cardeais, a eclesiásticos e a leigos de ambos os sexos.
Porém, a obra mais extraordinária, foi o intitulado “O Diálogo”,
inteiramente ditado em êxtase e contém o que o eterno Pai se dignou
comunicar-lhe nesses momentos de êxtase.
Por fim, esta grande Santa da Igreja, dotada de dons místicos e que
chegou a receber os estigmas dolorosos da Paixão, morreu em Roma, em
1380, a 29 de Abril.
Em 1979 o papa Paulo VI, proclamou-a Doutora da Igreja, que iluminou e ilumina com sua vida santa e sua doutrina toda a Igreja.
Esta é Santa Catarina de Sena, que ela rogue por nós!
in
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