Coordenador da Capelania Nacional Ucraniana agradece gesto solidário e recorda «famílias que perderam tudo»
Lisboa, 20 abr 2016 (Ecclesia) – A Igreja Católica em Portugal
associa-se este domingo a uma coleta internacional a favor das vítimas
da guerra na Ucrânia, convocada pelo Papa Francisco e que vai envolver
todas as dioceses do mundo.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o coordenador da Capelania Nacional
dos Imigrantes Ucranianos de Rito Bizantino destaca um gesto que mostra
que os católicos portugueses e a Igreja em geral “não esquecem os seus
irmãos”.
“O apoio material faz muita falta, mas tenho a certeza que este gesto
fará também com que o povo ucraniano não se sinta só no meio desta
guerra, e saiba que na Europa ainda existem pessoas, cristãos
verdadeiros, que não estão fechados ao sofrimento e às necessidades dos
outros”, realça o padre Ivan Hudz.
O conflito na Ucrânia arrasta-se desde novembro de 2014, em particular
no leste do país, colocando em confronto grupos separatistas pró-russos e
as forças de Kiev pelo controlo de território.
Desde a queda de Viktor Ianukovitch, que tinha decidido renunciar a um
acordo comercial com a União Europeia, a população da península da
Crimeia optou pela secessão com a Ucrânia e outras regiões têm
manifestado a mesma pretensão.
O conflito já terá causado mais de 8 mil mortos e 16 mil feridos e,
segundo a Cáritas Internationalis, provocou pelo menos um milhão de
desalojados e deixou um número ainda maior de pessoas sem acesso a uma
alimentação condigna, 300 mil das quais necessitam de ajuda imediata.
O Papa renovou hoje no Vaticano no seu apelo à generosidade dos católicos na coleta especial em favor da população da Ucrânia.
“A população da Ucrânia sofre há muito tempo com as consequências de um
conflito armado, esquecido por muitos. Como sabeis, convidei a Igreja
na Europa a apoiar a iniciativa que lancei para ir ao encontro desta
tragédia humana”, disse Francisco, durante a audiência pública semanal
que decorreu na Praça de São Pedro.
A Conferência Episcopal Portuguesa já anunciou a sua adesão à
iniciativa, pedindo o contributo das comunidades cristãs do país e da
sociedade em geral para ajudar “as graves e urgentes necessidades” da
população ucraniana.
“Ultimamente vemos que os media não falam mais da guerra mas ela
continua, as desgraças acontecem todas as semanas, há famílias que
perderam tudo”, realça o padre Ivan Hudz, que acompanha uma comunidade
de cerca de 60 mil ucranianos emigrantes em Portugal.
Apesar de longe, estas pessoas não esquecem as suas raízes e os familiares que deixaram no seu país.
Todos os meses, enviam apoios para a Ucrânia, “carrinhas com comida,
com roupa”, apoiando também “soldados” hospitalizados “que precisam de
próteses”, entre outras necessidades.
“Aqui não se olha para ortodoxos ou católicos, olha-se primeiro para a
pessoa. Claro que temos sempre dificuldades com as questões
burocráticas, com o passar das fronteiras, é difícil entrar”, realça o
sacerdote, que destaca a importância de assegurar depois que as verbas
que vão ser recolhidas “cheguem mesmo a quem mais precisa”.
JCP
in
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