O reconhecimento de que a vida humana é sagrada, assenta em três dimensões sólidas, fundamentais: a razão da sua origem, da sua natureza e a razão do seu destino.
Por tudo isto, pensadores alheios à cultura judaico – cristã, como Aristóteles, (384 - 322 a. C.) e outros, escreveram: “ O embrião humano é algo divino, enquanto é um homem em potência”. E no século I, Séneca, um dos mais célebres escritores e intelectuais do Império Romano (4 a. C. a 65 d. C.), escreveu: “Homo sacra res homini, o homem é coisa sagrada para o homem”…
Intuíram que a vida humana encerra um valor incomensurável, divino, desde o seu começo até ao seu termo. Mas foi, sem dúvida, a revelação cristã que descobriu o fundamento claro e sólido de tal afirmação.
Intuíram que a vida humana encerra um valor incomensurável, divino, desde o seu começo até ao seu termo. Mas foi, sem dúvida, a revelação cristã que descobriu o fundamento claro e sólido de tal afirmação.
A vida humana é sagrada pela sua origem, conforme lemos no 1.º capítulo do Génesis que num estilo muito simples, narra acontecimentos históricos, como a criação do universo e do homem. A dimensão espiritual da pessoa é, necessariamente, obra exclusiva de Deus, a sua origem imediata. Assim, por esse facto, somos obrigados a reconhecer que cada vida humana é sagrada.
É sagrada também pela sua natureza! É esta a grande revelação sobre a natureza humana: “Deus criou o homem à sua imagem (…) homem e mulher os criou” (Gen. 1, 27). É sagrada também pelo seu fim e sentido divinos. Toda a vida humana é fruto do amor e do querer de Deus, que chama cada homem ou mulher à existência e à eterna comunhão gozosa com Ele (cfr. Mt 25, 21 – 23). Toda a pessoa foi ordenada para um fim sobrenatural, isto é, a participar dos bens divinos que superam a compreensão da mente humana.
João Paulo II disse: “Todos os seres humanos deveriam valorizar a individualidade de cada pessoa como criatura de Deus, chamada a ser irmão de Jesus Cristo em virtude da encarnação e redenção universal”. Mais adiante, o Papa Bento XVI durante a homilia na “Vigília pela vida nascente”, afirmava que o homem, inclusivamente antes de nascer, tem uma dignidade altíssima, tendo por isso direito a não ser tratado como um objeto Nesta vigília, o Papa quis reafirmar o “altíssimo valor” da vida humana, assim como advertir contra as “tendências culturais que tentam anestesiar as consciências por motivos injustificáveis”.
“É nesta linha que se coloca a solicitude da Igreja pela vida nascente, a mais frágil, a mais ameaçada pelo egoísmo dos adultos, e pela degradação e obscurecimento das consciências”.
Não se trata de uma quantidade de material biológico, mas de um novo ser vivo, dinâmico e maravilhosamente ordenado, um novo indivíduo da espécie humana. Por isso, acrescentou, a Igreja sempre reiterou o que o Concílio Vaticano II afirma: “A vida deve ser protegida desde a conceção até à morte natural com o máximo cuidado, uma vez que nada justifica não considerá-la com respeito, uma pessoa”.
Apresenta-se como sujeito único e singular, dotado de inteligência e vontade livre, além de estar composto de realidade material”. Somos, portanto, espírito, alma e corpo. Somos parte deste mundo, ligados às possibilidades e limites da condição material, mas ao mesmo tempo, estamos abertos a um horizonte infinito, capazes de dialogar com Deus e de acolhê-lo em nós.
Cada vida humana, qualquer que seja o estádio em que se encontra é, tanto pela sua origem, pela sua natureza, como pelo seu fim ou sentido, uma criatura criada à imagem e semelhança de Deus, muito especialmente sua. Atentar contra esta vida é atentar contra a propriedade de Deus, como um desafio, frente a frente…
“Em verdade vos digo, que quanto fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes”. ( Mt 25, 40).
“Em verdade vos digo, que quanto fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes”. ( Mt 25, 40).
Estas palavras de Jesus Cristo falam-nos do extremo a que chega a sua amorosa solidariedade com cada um de nós. Respeita infinitamente a nossa liberdade, mas quem a use contra a sua imagem – homem ou mulher –, queira-se ou não, usa-a contra Deus mesmo. E perante Ele, mais que perante tribunais e histórias humanas, haverá que responder…
Maria Helena Marques
Prof.ª Ensino Secundário
Prof.ª Ensino Secundário
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